Os deputados e senadores brasileiros, quando da abdicação e partida de S.M. o Imperador Dom Pedro I, depositaram em Dom Pedro II, ainda com 5 anos de idade, suas esperanças: "já temos Pátria, temos um monarca, símbolo da união e integridade de nosso Império. Que, educado entre nós, receba no berço as primeiras lições da liberdade americana, aprenda a amar o Brasil que viu nascer".
"Dentre os preceitos que Itanhaém e Pedro Mariana procuraram incutir no jovem imperador estavam: que todos os seres humanos devem ser considerados como iguais, que ele deveria procurar ser imparcial e justo, que criados públicos e ministros de estado devem ser cuidadosamente vigiados, que ele não deveria ter favoritos e que sua preocupação sempre deveria ser para o bem-estar público. Ambos tinham como objetivo "criar um monarca humano, honesto, constitucional, pacifista, tolerante, sábio e justo. Ou seja, um governante perfeito, integralmente dedicado a suas obrigações, acima de quaisquer paixões políticas e interesses particulares". Itanhém mais tarde chamou Cândido José de Araújo Viana (posterior Marquês de Sapucaí) para ser um dos instrutores de Pedro II, com ele e o monarca também se dando bem."
Essa foi a base educacional de nosso "último" Imperador, de fato, e foi seguindo toda essa base que S.M. guiou nossa Pátria por 50 anos. Um pouco da "fácil vida" dos Príncipes e Princesas modernos, onde Suas Altezas precisam manter o equilíbrio, dignidade e educação para que o país continua contando com sua ajuda.
O menino Imperador, Dom Pedro II aos 14 anos
Desde cedo os brasileiros sabiam quem seria seu líder, sabiam como era educado e preparado... isso corre em nossa república?...
A educação de Pedro começou quando ainda era herdeiro do trono, aprendendo aos cinco anos a escrever e falar em português e boa parte de inglês, já partindo para o francês. Seus primeiros professores foram Mariana de Verna e o frei Antônio de Arrábida. Ele já tinha vários professores quando se tornou imperador. Dentre eles estavam Félix Émile Taunay (pai de Alfredo d'Escragnolle Taunay, Visconde de Taunay) e Luís Alves de Lima e Silva (posterior Duque de Caxias e filho do regente Francisco de Lima e Silva), que respectivamente lhe ensinaram francês e esgrima, e com quem o monarca acabou desenvolvendo amizades e admirações duradouras. Dom Pedro passava o dia inteiro estudando, com apenas duas horas reservadas para recreação. Sua Majestade costumava acordar às 6h30min, começava seus estudos às 7h e seguia até às 22h, indo então para a cama. As disciplinas eram diversas, incluindo línguas, história, filosofia, astronomia, física, geografia, música, hipismo, esgrima e artes militares.
As Princesas Dona Leopoldina (esq) e Dona Isabel (dir) do Brasil por volta dos 13 anos
Um grande cuidado foi tomado para impedir que Pedro seguisse o exemplo de seu pai nas questões de educação, caráter e personalidade, vide que as monarquias sempre zelam para que o próximo monarca seja sempre superior ao antigo, é uma evolução constante. Durante sua vida o imperador também aprenderia a escrever e falar em latim, francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, grego, árabe, hebraico, sânscrito, chinês, occitano e TUPI-GUARANI. Sua paixão pela leitura permitia que assimilasse qualquer informação, era inteligente e tinha facilidade em acumular conhecimento. A instrução ministrada a D. Pedro II, foi a enciclopédica que era, por tradição, dada aos
príncipes. Esta seguia os moldes da Antiguidade, onde o fidalgo perfeito,
qualquer que fosse sua posição na sociedade, deveria adquirir noções de tudo:
do conhecimento cientifico à equitação, música, dança, pintura e jogo. Sua
educação literária foi também ininterrupta.
Sua Majestade demonstrava tal avidez pelo conhecimento, devido às influências seguidas para que seguisse esse caminho, que empregava até mesmo suas minguadas horas de
lazer na tarefa de se instruir e aformosear o seu espírito no cultivo das
ciências e da arte dedicando-se, assim, dia e noite à sua instrução, como se
percebe nesta passagem do autor: “[...] muitas vezes se erguia do leito para
accender a lâmpada que o Bispo de Chrysopolis, seu preceptor, cautelosamente
apagara”.
A "Família Imperial perdida", o Conde D'eu, a Princesa Dona Isabel e os
Príncipes-Herdeiros Dom Pedro, Dom Luiz Maria e Dom Antonio
Bem preparado ainda adolescente, ocorreu no Brasil uma medida para que a maioridade do Príncipe fosse declarada. Efetuada tal medida, seu primeiro enfrentamento foi a respeito de um grande problema político, o da unidade nacional, pois o país estava mergulhado na desordem. Embora no momento da maioridade apenas duas províncias estivessem em clima de revolução, o germe da insurreição estava latente em todo o Brasil. A insatisfação era geral. Um país desunido, um grupo de políticos cansados das incertezas de um governo Regencial incapaz de cessar uma guerra civil. Esta foi a situação que o menino de quinze anos aceitou com a sua célebre frase “quero já”.
Pedro II, estava convicto do papel histórico que viria a desempenhar, por isso entregou-se de corpo e alma ao aprendizado da arte de governar, assim como é missão de todos os Príncipes, estar na linha de frente em defesa de seu povo e da Pátria. Além de efetuar seus estudos procurou a companhia de
gente culta. Ainda jovem, criou o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, cedendo uma das salas do palácio para a instalação da sede do mesmo. O próprio monarca patrocinava, de seu bolso, alguns projetos e pesquisas de documentos, desenvolvidos pelo Instituto Histórico e Geográfico, que ele considerasse relevantes à história do Brasil.
Acompanhou de perto toda a produção literária e
científica que se produzia no Brasil, e seguiu de longe o progresso da ciência
no resto do mundo, inteirou-se das descobertas de Darwin e das experiências de
Pasteur (este último chegou a patrocinar com dinheiro do próprio salário).
Contratou eruditos para visitarem o Brasil e financiou estudos no exterior para
brasileiros. Patrocinou a edição de livros e foi o protetor das ciências e das
artes.
Dom Luiz Maria, o Príncipe Perfeito, e seu filho Dom Pedro Henrique
No campo da educação para os brasileiros, Dom Pedro II sempre se preocupou que a mesma fosse de primeiro nível, em seu diário consta "Só teremos um país verdadeiramente livre e politicamente ativo quando a boa educação for geral em nossa terra". O objetivo de todo bom soberano é que seu povo seja instruído, assim teremos um grande e desenvolvido país que será grande no universo das nações, diferentemente do que nossa república nos mostrou até hoje, ela nos oferece demagogos e populistas que preferem um povo ignorante para formar uma grande massa de manobra e se manterem no poder.
Aos anos que se seguiram após a maioridade, o governo brasileiro, ainda que sobrecarregado pelos encargos
financeiros causados pelos levantes – dos Farrapos no Rio Grande do Sul, a
Balaiada no Maranhão e, em 1842, pelos movimentos liberais de São Paulo e de
Minas Gerais – conseguiu cuidar de vários problemas ligados à educação pública
na Corte bem como dos estabelecimentos de ensino superior em todo o país por
intermédio do Ministério do Império. Em primeiro de janeiro de 1843 que D. Pedro II falou, sobre a educação no Brasil durante a Fala do Trono dirigida
à Assembléia Legislativa do Império “[...] Tenho que nesta sessão vos ocupareis
desveladamente destes graves assuntos; bem como da Instrução Pública e dos
meios de promover a introdução de braços livres, úteis ao país”, em outra situação disse “[...] o desenvolvimento da Educação e Instrução
Pública deve ser um dos principais objetos de vosso desvelo. A instrução
municipal exige uma reforma baseada nos ditames da experiência”.
Dom Pedro Henrique e seu filho Dom Luiz
No reinado de Dom Pedro II, o Brasil atravessou fases decisivas, consolidou a sua maravilhosa
unidade, firmou a sua política externa. Acertou o problema da escravidão,
submeteu a sociedade a uma mudança visível, benefício este que é próprio do
movimento da civilização. Percebeu a instabilidade das províncias e aumentou
suas riquezas. Inaugurou novas possibilidades para a lavoura com as ferrovias e
colocou o país em contato com a Europa através do telégrafo e da navegação a
vapor. Deu início à sua industrialização. Tinha uma das 4 maiores Armadas (marinha) do mundo. Diplomacia inquestionável. Uma só Constituição, uma das mais liberais da época. A moral do Brasil, em todo o mundo, era grande e honrosa, tudo graças às atitudes de S.M. o Imperador Dom Pedro II do Brasil.
Dom Antonio, irmão de Dom Luiz, e seu filho Dom Pedro Luís (infelizmente, já falecido)
FONTES:
- ENCICLOPÉDIA GRANDES PERSONAGENS: História do Brasil. 4. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978. v. II
- A EDUCAÇÃO DE D. PEDRO II, IMPERADOR DO BRASIL. Marli Maria Silva Quintanilha/UEM e Celina Midori Murasse/UEM
- Lira, Heitor. História de Dom Pedro II (1825–1891): Ascensão (1825–1870). Belo Horizonte: Itatiaia, 1977. vol. 1.
- Olivieri, Antonio Carlos. Dom Pedro II, Imperador do Brasi. São Paulo: Callis, 1999.
- Schwarcz, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
- Carvalho, José Murilo de. D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras,
- Calmon, Pedro. História de D. Pedro II. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975.
- Besouchet, Lídia. Pedro II e o Século XIX. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
- Barman, Roderick J.. Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891. Stanford: Stanford University Press, 1999
- FERNANDES, Aldo Demerval Rio Branco et al. História do Brasil Império. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1998.
- MAURO, Fredéric. O Brasil no tempo de Dom Pedro II: 1831-1889. São Paulo: Cia. das Letras,1991.