Durante a Idade Média Clássica - entre o ano 1000 e 1200 - e durante a Idade Média Final (séculos XIII e XIV), os escoceses vestiam-se como quaisquer outros europeus dos climas frios do norte: ou uma túnica comprida em lã, no inverno, e no verão umas calças (hosen) que davam pelo joelho e se cingiam à cintura. Não há, pois, qualquer vestígio de saias e dos tartans coloridos e axadrezados que só no século XVIII passaram a identificar o "traje escocês". O traje popular português então predominante era a saia, peça única que se enfiava pela cabeça e cobria o tronco e os braços, descendo até meio da perna, ajustando na cintura com um cordão.
Se bem que Portugal nunca igualasse a produção lanígera da Flandres, de Castela e da Inglaterra, os panos de burel e outros tecidos de lã portugueses conheceram importante surto desde o século XIV, com pisões de norte a sul do país, indústria que envolvia muitos tecelões e tecedeiras. Havendo referências ao comércio de panos de lã portugueses destinados à Escócia desde o século XIV, a introdução da saia portuguesa naquela região setentrional poderia ter ocorrido por essa época, sendo então usado como peça de vestuário popular nessas terras altas e pobres.
A subsequente construção de uma identidade escocesa, acirrada pela lenta subordinação à Coroa inglesa, levou a que os escoceses optassem por um traje diferente do inglês. A opção pela saia, e depois pelo kilt com decoração geométrica, foi um acréscimo destinado a enobrecer a peça e permitir que povo e nobreza pudessem usar como símbolo de orgulho nacional e organização social de tipo "clãnico" que a todo o custo queriam preservar.
Por essa altura, em Portugal caíra em desuso no trajar quotidiano, preservado apenas como peça de roupa usado por militares, sobretudo cavaleiros, como no-lo demonstra o retrato de corpo inteiro de Dom Afonso VI de Portugal.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL - NOVA PORTUGALIDADE
Nenhum comentário:
Postar um comentário