O Major Sólon entrega a Dom Pedro II a ordem de banimento da família imperial no início da madrugada do dia 17/11.
Litografia segundo desenho de Facchinetti. Em quadro histórico da Revolução brasileira de Urias da Silveira, 1890.
Na carta estava escrito:
"Senhor
Os sentimentos democráticos da nação, há muito tempo preparados mas disputados agora pela mais nobre reação do caráter nacional contra o sistema de violência, de corrupção, de subversão de todas as leis exercido num grau incomparável pelo Ministério de 7 de junho, a política sistemática de atentados do governo imperial, nestes últimos tempos, contra o exército e armada, política odiosa à nação e profundamente repelida por ela, o esbulho dos direitos dessas duas classes, que, em todas as épocas, tem sido, entre nós, a defesa da ordem, da constituição, da liberdade e da honra da pátria, a intenção manifestada nos atos dos vossos ministros e confessada na sua imprensa, de dissolvê-las e aniquilá-las substituindo-as por elementos de compressão oficial, que foram sempre entre nó objeto de horror para a democracia liberal, - determinou., os .acontecimentos dê ontem: cujas circunstâncias conheceis. e cujo caráter decisivo certamente podeis avaliar.
Em face desta situação, pesa-nos dizer-mo-lo, e não o fazemos senão em cumprimento do mais custoso dos deveres, a presença da família imperial, no pais, ante a nova situação que lhe criou a revolução irrevogável do dia 15, seria absurda impossível e provocadora de desgostos, que a salvação pública nos impõe a necessidade de evitar.
Obedecendo, pois, às exigências urgentes do voto nacional, com todo o respeito devido à dignidade das funções públicas que acabais de exercer, somos forçados a notificar-vos que o Governo Provisório espera do vosso patriotismo o sacrifício de deixardes o território brasileiro, com a vossa família, no mais breve termo possível.
Para esse fim se vos estabelece o prazo máximo de vinte e quatro horas, que contamos não tentareis exceder. O transporte vosso e dos vossos para um porto da Europa correrá por conta do Estado, proporcionando-vos para isso o Governo Provisório um navio com a guarnição militar precisa, efetuando-se o embarque com a mais absoluta segurança da vossa pessoa e de toda a vossa família, cuja comodidade e saúde serão zeladas com o maior desvelo na travessia, continuando-se a contar-vos a dotação que a lei vos assegura, até que sobre esse ponto se pronuncie a próxima Assembleia Constituinte.
Estão dadas todas as ordens a fim de que se cumpra esta deliberação. O país conta que sabereis imitar na submissão aos seus desejos o exemplo do primeiro imperador em 7 de abril de 1831.
Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório
Doc 9107 do Arquivo do Museu Imperial.
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