“Dos 7 milhões que constituem a população total do Brasil, estima-se que 3 milhões são escravos negros, 2 milhões e meio são índios e negros livres, e o resíduo, um milhão e meio, são brancos.
O estado social da população não é marcado pela distinção de cor, tão imperativa em outro país na produção de classes. No Brasil só existe distinção entre liberdade e servidão. Os negros tem acesso a tudo, e estão em posse de muitos cargos de honra e confiança, e engajados em todos os departamentos de negócios.
A raça branca e a negra se encontram em termos de igualdade no intercurso social, e casam-se entre si sem escrúpulos. O escritor do (jornal) North American Review conheceu “a esposa de um almirante, cuja pele era a mais escura entre as filhas da África” e menciona “o desalento de um agente diplomático americano, com a entrada de um coronel negro na corte, a quem ele foi apresentado.
Nós temos a mesma notícia do fato que, não faz muito tempo, o embaixador brasileiro na Inglaterra (Visconde de Jequitinhonha) era um mulato, e no presente momento, uma ampla maioria dos membros do exército, tal como os oficiais, são descendentes de africanos.”
Artigo "The Brazilians" escrito pelo líder Abolicionista afro americano Frederick Douglass em 1855
No artigo, Douglass projetava um cenário que caracterizava o Império como local mais favorável para a população negra do que em sua própria terra natal. Sua intenção era pressionar o governo americano a acelerar o processo de Abolição da Escravidão e melhorar as condições de vida da população afro americana, que para ele estava em situação pior do que uma nação considerada "atrasada" na perspectiva anglo protestante.
Fonte: O Brasil por Frederick Douglass: impressões sobre escravidão e relações raciais no Império