Francisca, Pedro e Januária
A educação de Pedro começou quando ainda era herdeiro do trono, aprendendo aos cinco anos a escrever e falar em português. Seus primeiros professores foram Mariana de Verna e o frei Antônio de Arrábida. Ele já tinha vários professores quando se tornou imperador. Dentre eles estavam Félix Émile Taunay (pai de Alfredo d'Escragnolle Taunay, Visconde de Taunay) e Luís Alves de Lima e Silva (posterior Duque de Caxias e filho do regente Francisco de Lima e Silva), que respectivamente lhe ensinaram francês e esgrima, e com quem o monarca acabou desenvolvendo amizades e admirações duradouras. Pedro passava o dia inteiro estudando, com apenas duas horas reservadas para recreação. Ele costumava acordar às 6h30min, começava seus estudos às 7h e seguia até às 22h, indo então para a cama. As disciplinas eram diversas, incluindo línguas, história, filosofia, astronomia, física, geografia, música, caça, hipismo e esgrima.
Como monarca constitucional, sua educação foi acompanhada de perto pela Assembleia Geral, que exigia de Itanhaém relatórios sobre o progresso dos estudos do imperador. Pedro durante essa época foi mantido ignorante sobre os eventos que ocorriam fora do palácio, incluindo questões políticas. As notícias que acabavam chegando a ele e suas irmãs eram sobre as mortes de parentes. Eles foram informados em dezembro de 1834 sobre a morte de Pedro I. Alguns meses depois em junho de 1835 seu avô Francisco I, que havia mostrado grande interesse em seus netos, também faleceu. Essas perdas aproximaram o imperador e suas irmãs e fortaleceram seu sentimento de família, apesar da falta dos pais.
Pedro teve uma infância solitária e infeliz. Era considerado precoce, dócil e obediente, porém chorava frequentemente e muitas vezes nada parecia agradá-lo. Ele "não foi criado na luxúria e tudo era muito simples". Suas irmãs não podiam acompanhá-lo em muitas ocasiões e o imperador tinha permissão para encontrá-las só depois do almoço, porém durante apenas uma hora. Pedro tinha alguns amigos de mesma idade, mas apenas um permaneceu com ele até a idade adulta: Luís Pedreira do Couto Ferraz (depois Visconde de Bom Retiro). Era tratado com carinho por Mariana de Verna e Rafael, que costumava carregá-lo em seus ombros e permitia que o monarca se escondesse em seus aposentos para fugir dos estudos. Pedro estava cercado por criados durante a maior parte de seu tempo, e eles só podiam conversar com o menino se ele lhes dirigisse a palavra. O ambiente em que o imperador cresceu o transformou em uma pessoa tímida e carente, que via nos "livros outro mundo onde ele podia se isolar e se proteger". Por de trás da "pompa da monarquia, da aparência autossuficiente, deve ter vivido um homem infeliz".
FONTES:
- Barman, Roderick J. (1999). Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891 (Stanford: Stanford University Press);
- Besouchet, Lídia (1993). Pedro II e o Século XIX 2ª ed. (Rio de Janeiro: Nova Fronteira);
- Bueno, Eduardo (2003). Brasil: Uma História (São Paulo: Ática);
- Calmon, Pedro (1975). História de D. Pedro II (Rio de Janeiro: J. Olympio);
- Carvalho, José Murilo de (2007). D. Pedro II: ser ou não ser (São Paulo: Companhia das Letras).
Vida longa aos Orleans e Bragança
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