Alegoria ao nascimento de Dom Pedro II
Seu pai era o imperador D. Pedro I do Brasil, filho do rei D. João VI de Portugal, e assim o menino era membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança portuguesa. Sua mãe era a arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria, filha do imperador Francisco I da Áustria e irmã mais nova da arquiduquesa Maria Luísa, Duquesa de Parma e segunda esposa de Napoleão Bonaparte. Através de sua mãe Pedro era primo direto dos imperadores Francisco José I da Áustria e Maximiliano do México. Dentre seus ancestrais mais distantes destacam-se os reis Carlos I da Espanha e Luís XIV da França.
No dia de seu nascimento Pedro foi apresentado a membros do governo reunidos no Paço de São Cristóvão pelo veador da imperatriz o brigadeiro-general Francisco de Lima e Silva. Tinha apenas 47 cm de altura e foi considerado uma criança frágil e enferma. Ele herdou a epilepsia de seus parentes espanhóis da Casa de Bourbon, apesar dela desaparecer por completo durante sua adolescência. Pedro foi batizado alguns dias depois em 9 de dezembro. Sua madrinha foi sua irmã mais velha D. Maria da Glória enquanto o padrinho foi seu próprio pai.
Era considerado um estrangeiro pela lei portuguesa por ter nascido depois do reconhecimento da independência do Brasil. Porém sua irmã Maria da Glória, tendo nascido antes da independência, pôde ascender ao trono português em 28 de maio de 1826 como Maria II depois da abdicação de Pedro I (que também foi o rei Pedro IV de Portugal). Ele se tornou o herdeiro da coroa brasileira e Príncipe Imperial como o único filho legítimo de Pedro I, sendo reconhecido como tal em 6 de agosto de 1826.
Pedro I convidou D. Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho (posterior Condessa de Belmonte) para assumir a posição de aia de seu filho. Mariana de Verna era uma viúva portuguesa considerada uma mulher culta, honrada e gentil. Pedro II a chamava de "Dadama" pois não conseguia pronunciar corretamente quando criança a palavra "dama". Entretanto, ele continuou a chamá-la dessa maneira até já adulto por afeição e por considerá-la uma mãe postiça. Como era comum dentre a realeza dessa época, ele não foi amamentado por sua mãe. Em vez disso, a imigrante suíça Marie Catherine Equey (do Morro do Queimado, atual Nova Friburgo) foi escolhida como sua ama de leite.
Maria Leopoldina morreu em 11 de dezembro de 1826 quando Pedro II tinha um ano de idade, poucos dias depois de ter abortado um bebê menino. Pedro cresceria e não teria nenhuma memória da mãe, sabendo apenas aquilo que as pessoas comentavam sobre ela. De seu pai "não retinha uma imagem clara".
Pedro I se casou novamente dois anos e meio depois com a princesa Amélia de Leuchtenberg. Pedro passou pouco tempo com a madrasta, que acabaria por deixar o país dois anos depois. Mesmo assim eles tiveram uma relação bem próxima e mantiveram-se em contato por cartas até a morte dela em 1878. Tão forte foi a influência de Amélia no príncipe que ele até sua morte a considerou como sua mãe e quando adulto "a mulher ideal, a quem ele sempre buscou, era morena, vivaz e inteligente, e notadamente mais velha do que ele". Pedro I abdicou da coroa em 7 de abril de 1831 depois de um longo conflito contra liberais federalistas. Ele e a esposa imediatamente partiram para Portugal a fim de reconquistar a coroa de Maria II, que havia sido usurpada por D. Miguel. Deixado para trás junto com as irmãs mais velhas, o Príncipe Imperial assim se tornou o imperador Pedro II.
FONTES:
- Barman, Roderick J. (1999). Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891 (Stanford: Stanford University Press);
- Besouchet, Lídia (1993). Pedro II e o Século XIX 2ª ed. (Rio de Janeiro: Nova Fronteira);
- Bueno, Eduardo (2003). Brasil: Uma História (São Paulo: Ática);
- Carvalho, José Murilo de (2007). D. Pedro II: ser ou não ser (São Paulo: Companhia das Letras);
- Lira, Heitor (1977). História de Dom Pedro II (1825–1891): Ascensão (1825–1870) 1 (Belo Horizonte: Itatiaia);
- Olivieri, Antonio Carlos (1999). Dom Pedro II, Imperador do Brasi (São Paulo: Callis);
- Schwarcz, Lilia Moritz (1998). As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos 2ª ed. (São Paulo: Companhia das Letras).
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