domingo, 4 de junho de 2017


Maria Luíza e Albino Augusto Generoso Estrela, filha de portugueses, foi uma Médica brasileira nascida no Rio de Janeiro, a primeira mulher do país a receber um diploma de medicina, em Nova Iorque (1881) e seu exemplo contribuiu para a abertura das faculdades às jovens do nosso país.

Teve educação elementar esmerada no internato do Colégio Brasileiro e, com apenas 13 anos de idade, viajou à Europa onde permaneceu no colégio Villa Real, Portugal, onde demonstrou ter inteligência superior. No mesmo ano retornou ao Brasil, sendo internada novamente no Colégio Brasileiro (1874). Distraía-se lendo revistas e jornais, lhe chamou a atenção a foto e a biografia de uma jovem que estudava medicina em New York, EUA. Mostrou a reportagem ao pai e demonstrou seu desejo de se formar em medicina. Como no Brasil as faculdades ainda não permitiam o ingresso de mulheres, ela insistiu para que seu pai lhe permitisse formar-se no exterior e clinicar no Brasil.

Assim, em 1875, partiu rumo a Nova Iorque. Lá tentou prestar exames na New York Medical College and Hospital for Women, situada na Lexington Avenue. O pedido foi negado, pois os estatutos exigiam idade mínima de 18 anos na Faculdade, e ela tinha apenas 16. Não desanimando, fez nova petição para expor oralmente seus motivos para se matricular e perante médicos, médicas e alunas da instituição, questionou sua não admissão, com isso os membros da Congregação marcaram os exames para o mês seguinte. Brilhante, inteligente e preparada com as matérias, não deixou dúvida aos examinadores e foi aprovada com distinção. Na semana seguinte, em 17 de outubro (1876), matriculou-se no New York Medical College and Hospital for Women.

Neste interin, infelizmente, a Companhia Bristol, representada por seu pai no Brasil, quebrou e ele não tinha mais condições de mantê-la em Nova Iorque. Porém ao tomar conhecimento da situação, o Imperador Dom Pedro II lhe ofertou uma bolsa, em 1877, para pagar sua faculdade e cobrir gastos gerais.

Somente no final daquela década (1879) o Governo Brasileiro abriu as instituições de ensino superior do país às mulheres, com a Reforma Leôncio de Carvalho, pelo Decreto nº 7.247, de 19 de abril. Nestas condições ela pode concluir o curso (1879), mas não tinha a idade exigida pelos estatutos da Faculdade para receber o diploma, ela teve que aguardar dois anos, para completar a maioridade e receber o grau de doutora em Medicina.

Em agosto do ano seguinte um duro golpe do destino a atingiu: a morte de seu pai, o amigo, incentivador e admirador de todas as horas. Durante a espera do diploma, ela não permaneceu inativa e frequentou cursos e estagiou em vários serviços médicos. A ela juntou-se uma segunda jovem e colega de Faculdade, Josefa Agueda Felisbella Mercedes de Oliveira. As duas fundaram um jornal em New York: "A mulher – Consagrado aos interesses e direitos da mulher brasileira" (1881). Recebeu o diploma de doutora em Medicina na Association Hall of New York (1881), localizado na Lexington Avenue, sendo ela oradora da turma e agraciada com uma medalha de ouro, pelo melhor desempenho durante o curso e por sua magnífica tese: Moléstias da Pele. Permaneceu mais 1 ano nos EUA, autorizada pelo Imperador.

Desembarcou no Rio de Janeiro e, em meio a muitas homenagens, foi recebida em audiência especial pelo Imperador do Brasil que a aconselhou a se dedicar ao atendimento de senhoras, e obteve seu comprometimento. Com o diploma validado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e passou a clinicar e servir de exemplo para outras jovens a se matricularem em cursos superiores. Dois anos depois de seu regresso (1884), conheceu um alagoano de 38 anos, Antonio Costa Moraes, laureado em Farmácia pela Universidade de Leipzig, casaram-se (1886) e tiveram cinco filhos: Samuel, Matilde, Bárbara, Luciano e Antonio.

O esposo montou a Farmácia Normal e uma das salas da farmácia ela mantinha um pequeno consultório, onde também formulava receitas, atendendo uma imensa clientela, especialmente mulheres e às crianças. Enviuvou (1908), o que obrigou-a a reduzir o atendimento médico para se dedicar mais aos filhos, porém nunca abandonou completamente os estudos e o contato com clientes e estudiosos. Aos 86 anos e ainda lúcida, morreu repentinamente, em sua casa, no Rio de Janeiro, deixando acima de tudo um lugar na história pela luta na defesa de ideais femininos.

Seis anos depois de sua formatura superior, Rita Lobato Velho Lopes tornou-se a primeira mulher brasileira a receber o grau de médica, no Brasil (1887). Estas pioneiras encontraram muitas dificuldades para se afirmar profissionalmente e várias delas estiveram sujeitas ao ridículo.

Resultado de imagem para Maria Augusta Generoso Estrela

Nenhum comentário:

Postar um comentário