quarta-feira, 18 de março de 2020

José do Patrocínio e o fim de seu apoio ao Reinado da Princesa Isabel

Image may contain: 3 people, outdoor

Patrocínio saudou, após uma década de intensa militância, a 13 de maio de 1888, o advento da abolição. Logo após a assinatura da Lei Áurea, com os entornos do palácio tomados de celebração e uma chuva de flores caindo sobre todos, Patrocínio aproximou-se de Isabel, ficou de joelhos e beijou-lhe as mãos, sendo seguido nesse gesto por outros abolicionistas.

Por ironia do destino, o "A Cidade do Rio" e a própria figura de Patrocínio passaram a ser identificados pela opinião pública como defensores da monarquia em crise. Nessa fase, Patrocínio, rotulado como um "isabelista", foi apontado como um dos mentores da chamada Guarda Negra da Redentora, um grupo de ex-escravos que agia com violência contra os comícios republicanos.

Esse grupo iniciou um verdadeiro culto à princesa Isabel, o chamado isabelismo, e combateu diversos ativistas contrários a um eventual Terceiro Reinado. Se reuniram em torno do Partido Conservador por sua gratidão a Princesa Isabel e o gabinete João Alfredo. Os estatutos da Guarda Negra ordenavam que os negros só trabalhassem em fazendas cujos proprietários não fossem hostis a Isabel e apoiassem o terceiro reinado.

Patrocínio passou a liderar a barreira de proteção à Regente, aparando todas as ofensas e ameaças contra ela. Mesmo formado nos princípios republicanos, mas por gratidão à Monarquia, José do Patrocínio queria impedir a ascensão republicana. Porem, a ascensão do gabinete do Visconde de Ouro Preto, em setembro de 1889, do Partido Liberal e inimigo político de Patrocínio, o leva novamente a se aproximar dos antigos correligionários republicanos.

Para se justificar, declarou-se a favor do republicanismo, num período em que se encontrava isolado politicamente e alvo de críticas por todos os jornais cariocas pelas ações da Guarda Negra. Com a queda do gabinete abolicionista, Patrocínio tentou uma reaproximação com os republicanos, afastando-se dos monarquistas.

Percebeu que sua permanência na política e a continuidade como jornalista na imprensa dependia do apoio dos republicanos, liberais e do novo regime de governo, “já que o estado absoluto regido por reis, rainhas, príncipes e princesas estava falido e condenado à extinção”. Essa atitude de total traição repentina a causa monárquica, levou à reestruturação do jornal Cidade do Rio, que perdeu velhos colaboradores.

A crise no jornal leva à saída do redator chefe, Bandeira Júnior, em 12 de junho de 1889. Neste período, as maltas de capoeiras iam sendo dissolvidas pouco a pouco, por causa da repressão e do aumento das prisões, após os distúrbios de 14 de julho.

Em outubro de 1889, na redação do jornal, Patrocínio conspirava com as forças republicanas, que ainda o viam com desconfiança, por causa de sua participação na Guarda Negra. O jornal Cidade do Rio recebia informações sobre os principais acontecimentos que antecederam o golpe contra a Monarquia.

Em apoio aos golpistas, Patrocínio decidiu colocar o jornal Cidade do Rio à disposição do governo provisório e do Partido Republicano. Com este gesto, perdeu amigos e colaboradores monarquistas que apoiaram suas idéias de lealdade a Princesa Isabel e repúdio aos republicanos. Logo após a Proclamação, Patrocínio renunciou ao mandato de vereador, antes de sua cassação pelo Governo Provisório.

Mas nos primeiros três meses da Republica, se decepcionou com Deodoro da Fonseca e com os republicanos que ascenderam ao poder.

Em meio às desconfianças dos republicanos, suas ações na imprensa foram alvo de vigilância, além de ser oficialmente banido das hostes do Partido Republicano, assim como Silva Jardim.

Image may contain: 6 people

Fonte: MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo. A vida turbulenta de José do Patrocínio. Rio de Janeiro: Sábia, 1969.412 p.

BRAZIL IMPERIAL

Nenhum comentário:

Postar um comentário