terça-feira, 30 de julho de 2019

A MONARQUIA COMO FATOR DE CONTINUIDADE E ESTABILIDADE

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Na última quarta-feira, dia 24 de junho, em audiência privada no Palácio Buckingham, residência oficial da Coroa no coração da capital, Londres, a Rainha Elizabeth II do Reino Unido recebeu o novo Líder do Partido Conservador, Boris Johnson, e o convidou a formar um novo governo em seu nome, o “Governo de Sua Majestade” – a oposição, do Partido Trabalhista, é a “Lealíssima Oposição de Sua Majestade”, pois todos os partidos fazem questão de se identificar com a Soberana na condução do bem comum.

Boris Johnson aceitou o convite régio e, ao beijar as mãos da Rainha, como manda
a tradição, tornou-se seu 14º Primeiro Ministro, o mais recente em uma lista de nomes que se inicia, no ano de 1952, com o grande Sir Winston Churchill, e inclui ainda a formidável Lady Thatcher, a célebre “Dama de Ferro”. Uma lista de nomes – alguns não tão ilustres – que, ao longo dos últimos 67 anos, serviram a uma Soberana que, hoje aos 93 anos de idade, permanece pairando graciosamente acima dos interesses partidários e das querelas políticas.

O novo Primeiro Ministro tem agora a tarefa de levar a cabo a bem-acertada decisão tomada pelo povo britânico em referendo de 2016, conhecido como Brexit, de deixar a monolítica União Europeia, cujo projeto de poder é marcadamente socialista, pois não respeita as individualidades e tradições nacionais, nem tampouco a autodeterminação dos povos, e que parece caminhar para um “Estado artificial”, uma “República da Europa”, muito diferente do saudável modelo que outrora vigorou no Sacro Império Romano-Germânico, e que era todo baseado em valores monárquicos e cristãos.

Foi justamente aí que fracassou sua antecessora, Theresa May, e por isso ela teve de renunciar ao cargo de Líder do Partido Conservador e, portanto, de Primeira Ministra, entregando sua demissão à Rainha mais cedo na terça-feira. Foi um processo interno, sem necessidade de novas eleições populares, pois, desde o último pleito, em 2017 (o próximo deverá ser em 2022), os conservadores comandam a maioria dos assentos da Câmara dos Comuns, a câmara baixa, composta por representantes democraticamente eleitos, do Parlamento Britânico, que inclui ainda a Câmara dos Lordes, a câmara alta, composta pela nobreza e pelo alto clero anglicano.

“Mr. Johnson”, como é chamado pela imprensa de seu País, prometeu que o Reino Unido deixará a União Europeia no dia 31 de outubro próximo, “custe o que custar”. O eleitorado aguarda, já não tão paciente, mas certo de que, se ele também fracassar, virá o 15º Primeiro Ministro de Sua Majestade. Afinal, políticos vêm e vão, enquanto os governos são trocados ao sabor da opinião pública; mas a Coroa, assim com a Nação, é perene, servindo de espelho e exemplo das melhores virtudes de seu povo, velando sobre o bom funcionamento das instituições e garantindo que o Parlamento atue de acordo com as legítimas aspirações dos britânicos.

GOD SAVE THE QUEEN!

sexta-feira, 5 de julho de 2019

A MORTE DO CONDESTÁVEL DAS SAUDADES E DA ESPERANÇA

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Em seus últimos anos de vida, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil desde 1921, já com a saúde abalada e problemas respiratórios crescentes, permaneceu sempre ativo, firme e inabalável em seus princípios – princípios que herdara de seus pais e avós, e que estes haviam herdado de nossos Imperadores.

A saúde do herdeiro do Trono Brasileiro, já idoso, ia decaindo paulatinamente, pelo peso dos anos e dos muitos sofrimentos e preocupações, mas nada fazia supor que estivesse tão próximo o desenlace.

Em fins de junho de 1981, recuperava-se bem de uma crise de hepatite, quando, de repente, foi acometido por uma infecção pulmonar, sendo internado no Hospital Eufrásia Teixeira Leite, em Vassouras, cidade no Estado do Rio de Janeiro, onde a Família Imperial Brasileira vivia desde 1965. A forte constituição de Sua Alteza parecia estar reagindo bem, sob efeito de antibióticos, quando, de súbito, uma crise aguda de enfisema pulmonar o matou, a 5 de julho de 1981, aos 71 anos de idade.

Acompanhava-o, no momento derradeiro, a Princesa Consorte do Brasil, Dona Maria da Baviera de Orleans e Bragança, fiel e devotada companheira de 44 anos de vida conjugal, que, agora, passava a ser a Princesa Mãe do Brasil. Os filhos, que, ainda na véspera, haviam recebido informações tranquilizadoras, foram surpreendidos com a notícia da morte do pai. Alguns estavam na Europa, mas todos os doze logo se deslocaram para Vassouras, sendo os primeiros a chegar os Príncipes Dom Luiz e Dom Bertrand de Orleans e Bragança, agora Chefe da Casa Imperial e Príncipe Imperial do Brasil, respectivamente, vindos de São Paulo.

O velório do Príncipe Dom Pedro Henrique, com o caixão coberto pela Bandeira do Império, foi realizado na Câmara Municipal de Vassouras, onde o Prefeito Pedro Ivo da Costa havia decretado luto oficial de três dias. Dom Antônio de Castro Mayer, Bispo da Diocese de Campos, celebrou Missa de Réquiem, na Forma Extraordinária do Rito Romano, seguida de sepultamento no Jazigo da Família Imperial, no Cemitério da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição.

A notícia de que havia falecido o Chefe da Casa Imperial do Brasil comoveu profundamente o público. Quem se habitua a considerar nosso País como ele é normalmente focalizado pela grande mídia, não poderia imaginar quão conhecido, estimado e querido era Sua Alteza, em todas as partes do País, em todas as classes sociais de seu povo, entre pessoas de todos os quadrantes ideológicos, que conheciam muito bem aquela figura de Príncipe genuíno, pai de família e católico modelar, além de artista, aquarelista, de grande talento.

O número de telegramas e cartas que afluíram a Vassouras nos dias seguintes, desde as mais altas autoridades – incluindo o então Presidente da República, General João Baptista Figueiredo, que escreveu à Princesa Mãe, “Apresento meus sinceros sentimentos de pesar pelo falecimento de d. Pedro Henrique de Orleans e Bragança” – até pessoas humildes, foi enorme. Em vários Estados foram realizadas homenagens oficiais ou semi-oficiais, que bem demonstravam que, embora em regime republicano, o falecido Chefe da Casa Imperial estava longe de ser um simples particular. Também de todos os países da Europa, assim como de quase todas as nações das três Américas, chegaram centenas e centenas de mensagens de condolências.

Para não nos estendermos demasiadamente, citando todas essas manifestações, limitemo-nos a uma única nota fúnebre, publicada em vários órgãos da imprensa paulista:

“A Secretaria de Estado da Cultura, através da Comissão de História e Geografia, Academia Paulista de História, Academia Paulista de Letras, Academia Paulistana de História, Associação dos Cavaleiros de São Paulo, Associação dos Cavaleiros da Soberana Ordem Militar de Malta de São Paulo e Brasil Meridional, Casa do Poeta, Instituto Genealógico Brasileiro, Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Instituto Histórico e Geográfico Guarujá-Bertioga, Liga do Professorado Católico, Movimento de Arregimentação Feminina-MAF, Ordem dos Velhos Jornalistas, Ordem Nacional dos Bandeirantes, PEN Centre de São Paulo, Sociedade Amigos da Cidade, Sociedade Brasileira de Educação e Integração, Sociedade dos Veteranos de 32-MMDC e Sociedade Geográfica Brasileira, convidam para a Missa de Réquiem, que mandará oficiar por intenção da Alma de D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança na próxima segunda-feira, dia 13 de julho, às 19h30, na Igreja de São Francisco, no Largo de São Francisco.”

Depositados numa singela campa, os restos mortais do Príncipe Dom Pedro Henrique, cognominado o Esperado pelos monarquistas de seu tempo, aguardam a hora em que serão, como de direito, transferidos para condigna sepultura definitiva no Mausoléu Imperial da Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, junto aos seus maiores. Enquanto isso, sua memória também aguarda, como a de seu Magnânimo bisavô, o Imperador Dom Pedro II, a “justiça de Deus na voz da História”.

– Baseado em trecho do livro “Dom Pedro Henrique, o Condestável das Saudades e da Esperança”, do Professor Armando Alexandre dos Santos.

O título desta publicação, bem como do livro acima mencionado, refere-se à forma como o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, lembra de seu saudoso pai e antecessor dinástico.

Foto: Sua Alteza Imperial e Real o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil entre 1921 e 1981, em seus últimos anos de vida.