quinta-feira, 23 de julho de 2020

O DUQUE DE MONTEZUMA

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O Título nobiliárquico de Moctezuma foi criado por El-Rey Don Filipe IV, em 13 de setembro de 1627, como "Condado de Moctezuma" para Don Pedro Tesiphon de Moctezuma, bisneto do Imperador Mexicano Moctezuma II Xocoyotzin. 

El-Rey Don Carlos II acrescentou o nome "Tultengo" em referência à cidade de mesmo nome em Hidalgo. Sua Majestade Don Carlos III elevou título a "Grande de Espanha" e a rainha Dona Isabel II, em 1865, eleva-o a Ducado com o título de 'Ducado de Moctezuma' e em 1992 é adicionado novamente o nome 'Tultengo'.

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Atualmente, quem detém o título é o Sr. Juan José Marcilla de Teruel-Moctezuma e Valcárcel, VI Duque de Moctezuma de Tultengo.

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DE DIA, MECÂNICO, DE NOITE, REI

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Esta é a história do rei, que de dia é mecânico e de monarca noturno. Sua Majestade a Ngoryifia (rei) Céphas Bansah, etnia Ewé, em Gana. O rei Céphas Bansah, cujo nome original é Togbe Ngoryifia Céphas Kosi Bansah, é o chefe ou rei da etnia Ewé, em Gbi, Hohoe, Gana.

Ele nasceu em Gana em 1948, onde passou sua infância e parte de sua juventude. Em 1970, ele foi para a Alemanha para um programa de intercâmbio, onde estudou mecânica. Apesar de ser o segundo filho, em 1987, quando seu avô e ex-rei morreram, Céphas foi escolhido como sucessor, porque seu pai e irmão mais velho eram surdos, algo que é considerado impuro e os impedia de reinar.

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Em 1992, ele foi coroado o novo rei, no entanto, Céphas decide ficar na Alemanha, onde abriu sua própria oficina e era mestre em mecânica. A partir daí, todos os dias ele realiza audiências com seu pessoal via Skype, além de visitar várias vezes seus súditos, que são pouco mais de 300 mil.

Da Alemanha, conseguiu promover organizações e sua própria Fundação para levar água potável para o seu povo, além de melhorar a eletricidade e os hospitais comunitários. Ele construiu várias pontes e escolas e promove o artesanato e o conhecimento mecânico entre seu povo. Ele também tem sua própria loja de lembranças, onde ele mesmo faz as camisas. Infelizmente, em 2014, eles invadiram sua casa, onde, entre várias coisas, roubaram 4 de suas coroas de ouro.  

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Ele é casado com um alemão, com quem tem dois filhos, o príncipe mais velho e mais velho, estuda na faculdade e desempenha papéis de príncipe.

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NEGROS NO BRASIL IMPERIAL

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“Dos 7 milhões que constituem a população total do Brasil, estima-se que 3 milhões são escravos negros, 2 milhões e meio são índios e negros livres, e o resíduo, um milhão e meio, são brancos. 

O estado social da população não é marcado pela distinção de cor, tão imperativa em outro país na produção de classes. No Brasil só existe distinção entre liberdade e servidão. Os negros tem acesso a tudo, e estão em posse de muitos cargos de honra e confiança, e engajados em todos os departamentos de negócios. 

A raça branca e a negra se encontram em termos de igualdade no intercurso social, e casam-se entre si sem escrúpulos. O escritor do (jornal) North American Review conheceu “a esposa de um almirante, cuja pele era a mais escura entre as filhas da África” e menciona “o desalento de um agente diplomático americano, com a entrada de um coronel negro na corte, a quem ele foi apresentado. 

Nós temos a mesma notícia do fato que, não faz muito tempo, o embaixador brasileiro na Inglaterra (Visconde de Jequitinhonha) era um mulato, e no presente momento, uma ampla maioria dos membros do exército, tal como os oficiais, são descendentes de africanos.” 

Artigo "The Brazilians" escrito pelo líder Abolicionista afro americano Frederick Douglass em 1855

No artigo, Douglass projetava um cenário que caracterizava o Império como local mais favorável para a população negra do que em sua própria terra natal. Sua intenção era pressionar o governo americano a acelerar o processo de Abolição da Escravidão e melhorar as condições de vida da população afro americana, que para ele estava em situação pior do que uma nação considerada "atrasada" na perspectiva anglo protestante. 

Fonte: O Brasil por Frederick Douglass: impressões sobre escravidão e relações raciais no Império

Príncipes Africanos na Faculdade de Medicina da Bahia

Image may contain: 1 personPríncipe da Família Real de Lagos (possivelmente um dos filhos de Kosoko)

O Português Francisco José Godinho, (retratado no Salão Nobre do Museu da Misericórdia em Salvador) foi um dos maiores traficantes de escravos da Bahia entre 1822 e 1831. 

Com a proibição do comércio de escravos entre 1831 e 1850 teve de abandonar seus navios negreiros e passou a investir no mercado de seguros e no comércio, se tornando membro da Associação Comercial da Bahia e financiador do Hospital da Santa Casa de Salvador.

Apesar do fim da carreira de traficante, Francisco José Godinho ainda mantinha correspondência com seu velho amigo de negócios na África, o Obá (Rei) Kosoko de Lagos, da família real de Ologun Kutere da Nigeria.

Em 1844 Kosoko desejava levar seus três filhos Lourenço Ologun, Simplício Ologun e Camilo Ologun para estudarem Medicina na prestigiada Faculdade da Bahia, tendo Francisco José Godinho como protetor e financiador dos estudos dos príncipes. A Faculdade da bahia na época era conhecida por ser frequentada por membros da comunidade "Aguda" da Nigeria.

Francisco José Godinho aceitou a Missão e por sete anos ajudou os Príncipes na sua Estadia na Cidade de Salvador. Em 1851, os filhos do Rei Kosoko voltaram a sua Terra Natal em Lagos, formados médicos, batizados na Igreja Católica e casados como mulheres negras da Bahia. 

Os filhos de Kosoko porém não puderam herdar o trono de Lagos, pois Kosoko foi deposto por uma dinastia rival em 1850 devido a seu conflito com os ingleses. Esse episódio da História da Bahia retrata o forte vínculo que existia entre os traficantes de escravos do Brasil com a Aristocracia Africana. 

Fonte: Salvador: transformações e permanências (1549-1999) Por Pedro de Almeida Vasconcelos

O Império foi um dos primeiros países a usar anestesia cirúrgica

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Segundo informa Lycurgo Santos Filho, em sua História Geral da Medicina Brasileira, a primeira anestesia geral pelo éter foi praticada no Hospital Militar do Rio de Janeiro pelo médico Roberto Jorge Haddock Lobo, em 25 de maio de 1847. Um ano depois da primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral, em Boston, Estados Unidos.

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Uma semana depois, também foi utilizada por Domingos Marinho de Azevedo Americano em dois soldados, tendo sido anestesista o médico Leslie Castro, recém-chegado da Europa e que trazia consigo o anestésico e o aparelho de “eterização”.

Um dos soldados foi operado com sucesso, sem dor, de osteomielite fistulizada da mastoide; o outro era acoólatra e a anestesia não produziu insensibilidade. O éter foi logo substituído pelo clorofórmio que havia sido introduzido como anestésico na Inglaterra por James Simpson, em 1847.

A primeira anestesia geral com o clorofórmio foi empregada pelo prof. Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, em 18 de fevereiro de 1848, e noticiada pelo Jornal do Commercio em 22 do mesmo  mês, com base em anotações fornecidas pelo prof. Luís da Cunha Feijó, que assistira à operação, uma amputação da coxa em um rapaz de quinze anos, por “tumor branco do joelho”

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A partir de então o uso do clorofórmio se generalizou, suplantando o éter, até que novos agentes anestésicos foram descobertos e introduzidos na prática médica.

A Paixão da Rainha Vitória pelo neto de Dom Pedro II

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Durante a viagem da Família Imperial a Itália em 1888, o Príncipe Dom Pedro Augusto causou ótima impressão a Rainha Vitória, que estava hospedada na Vila Palmieri em Florença. Para a Rainha da Inglaterra o Príncipe Brasileiro era o retrato de seu inesquecível marido Alberto. 

“Não desgrudava dele, parecia estar apaixonada, se enterneceu ao ver o jovem príncipe, achando que ele se parecia com seu adorado Albert”

O Príncipe também recebeu elogios do Rei Leopoldo II da Bélgica, que lhe disse que o considerava tão sábio quanto o avô Dom Pedro II. Sua crença de que os jovens europeus tinham que procurar horizontes vastos e virgens para investir suas energias tinha no príncipe moço o modelo ideal. As afinidades eram muitas. 

“Ele encantava o mundo, entretinha, era divertido, bonito e sabia manter uma conversação.”

O sucesso de Dom Pedro Augusto na Corte Europeia preocupava sua tia Princesa Isabel, que temia as ambições do Príncipe de se tornar Imperador do Brasil contrariando a sucessão do Trono. 

Fonte: A intriga: retrospecto de intrincados acontecimentos históricos. De Pedro Tasso de Saxe Coburgo e Bragança. O príncipe maldito: Traição e loucura na família imperial. De Mary Del Priore

A COROA DE NOSSA SENHORA E A PRINCESA ISABEL

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Coroa e Manto da Imagem de Nossa Senhora Aparecida doados Pela Princesa Isabel em 1868 e 1884. 

A Princesa era devota fervorosa de Nossa Senhora Aparecida e tinha o sonho de ser mãe de um menino que herdasse o trono do Império do Brasil, após sofrer varios abortos espontâneos devido a complicações na Gravidez, a princesa decidiu visitar a Antiga Capela de Nossa Senhora Aparecida em Guaratinguetá, São Paulo, onde pediu a Santa um filho saudável. 

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No dia 15 de outubro de 1875, após 13 horas de trabalho de parto nasceu o príncipe Dom Pedro de Alcântara. Por duas vezes, durante o Império, a princesa se fez romeira da santa e lhe ofereceu presentes. 

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Em dezembro de 1868, ofereceu-lhe um manto, com 21 estados brasileiros; em 6 de novembro de 1884, ofereceu-lhe uma coroa de ouro, cravejada de brilhantes , a mesma com que a Imagem foi coroada Rainha do Brasil de 1904 e que está na Nossa Senhora de Aparecida até hoje.

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RESERVATÓRIO PEDRO II

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Engenheiros no reservatório Dom Pedro II, Rio de Janeiro. Fotografia de Marc Ferrez, 1880. O objetivo do reservatório era garantir o fornecimento de água ao bairro de São Cristóvão e às áreas adjacentes. O reservatório está situado na Rua Marechal Jardim, 455. 

Fica próximo ao Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho. 

O reservatório foi tombado pelo INEPAC – Instituto do Patrimônio Histórico da cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1998. Ainda hoje, o reservatório é um dos principais distribuidores de água para as áreas centrais do Rio de Janeiro.

O Último Chefe de Polícia da Corte do Império

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O Paraibano Conselheiro José Basson de Miranda Osório, chefe de Polícia da Corte do RIo de Janeiro de 1884 a 1889, foi o maior combatente do Movimento Republicano na Capital do Império. 

Além de chefe de polícia Basson comandava uma vasta de rede de espiões e informantes que se infiltraram nos clubes republicanos militares e estudantis, com o objetivo de avisar as autoridades do governo da possibilidade de uma conspiração de teor golpista no Movimento Republicano.

Em 1889 Basson estava cada vez mais convencido por seus informantes de que um golpe militar republicano estava próximo, especialmente por ser o ano do Centenário da Revolução Francesa. Às vésperas do Dia 14 de Julho de 1889, centenário da Queda da Bastilha, sabendo das prometidas passeatas a favor do fim da Monarquia, Basson tentou convencer o Imperador Dom Pedro II a aprovar uso do artigo 90 do código penal para impedir qualquer manifestação Anti Monarquia. (O Artigo prevê a prisão de cinco anos a quem tentar destruir diretamente a independencia ou a integridade do Império). Dom Pedro II reprovou a ideia e respondeu. "Nao faça isso Senhor Basson, deixa os Rapazes, eles são incapazes de violências"

Mesmo com a reprovação do Imperador, Basson reuniu um grupo de policiais e capoeiras da Guarda Negra para intimidar a manifestação republicana. Ao verem o delegado e seus homens a maioria fugiu desordenadamente, mas alguns estudantes reagiram a intimidação disparando contra a polícia e os capoeiras, resultando em cerca de 11 feridos de ambos os lados.

Apesar de sua imagem pública ferida pela imprensa, Basson continuou atuando como Chefe da Polícia e informando ao Gabinete de Ouro Preto de uma conspiração militar iminente, os esforços do Delegado e de seus informantes foram frustrados pelo fato que o Presidente dos Ministro, o Visconde de Ouro Preto preferia ouvir os conselhos de Floriano Peixoto e do chefe da guarda do exército da capital, José de Almeida Barreto, que tranquilizou o governo garantindo que qualquer tentativa de golpe contra a monarquia seria combatido duramente. (Barreto na verdade era um cripto republicano, e um dos conspiradores do 15 de Novembro).

Após a proclamação da República, frustrado pelo fato de que o último gabinete do Império ignorou seus relatórios de inteligência e conselhos, José Basson de Miranda Osório não ofereceu resistência a Deodoro da Fonseca e entregou o cargo de chefe da polícia a Francisco Vítor da Fonseca e Silva. após o fim da Monarquia José Basson de Miranda passou a exercer a profissão de advogado na Paraíba até sua morte em 1903 aos 67 anos de idade. 

Fonte: As trapaças da sorte: ensaios de história política e de história cultural/Segredos e Revelações da História do Brasil/ Os subversivos da República.

A MÃO DE PEDRO II

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Mão Moldada em bronze do Imperador Dom Pedro II de 1841. Uma tradição medieval da monarquia francesa retomada no século XIX por Napoleão Bonaparte, a Mão da Justiça foi também incorporada ao rito do Império do Brasil, tornando-se uma das insígnias da monarquia brasileira durante a coroação do soberano. 

A escultura original em gesso, que traz o sinete com as Armas do Império no dedo anular, foi moldada pelo escultor francês Marc Ferrez, no dia 7 de março de 1841, a partir da mão direita do próprio imperador menino. Segundo o ritual da coroação, depois de ungido é coberto pelo manto imperial Dom Pedro II voltaria ao Trono de onde ouviria missa, para em seguida receber do bispo celebrante a Espada, o Cetro, a Coroa, o Globo e a Mão da Justiça. 

Por ocasião da maioridade, foram feitas algumas esculturas em bronze-dourado, como está da coleção do IHGB, fundidas pela Casa da Moeda, atualmente muito raras.

O IMPERADOR DO BRASIL NA RÚSSIA

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Durante sua viagem as terras do Czar, Dom Pedro II visitou São Petersburgo, Capital do Império Rússio e foi recepcionado na Academia de Ciências da Universidade de São Petersburgo em 31 de agosto de 1876 pelo emérito orientalista Ilya Nikolayevich Berezin e pelo inventor da Tabela Periódica Dimitri Mendeleiev, o químico russo havia preparado algumas salas para recorrer durante a visita de Sua Majestade.

Ao examinar cada seção, Dom Pedro II falava como conhecedor, e pedia, ao mesmo tempo, novas informações sobre outros mestres russos que visitara antes na Europa. Afeiçoado à leitura, durante as explicações fornecidas, o Imperador descobria quase sempre, discordâncias, enganos e lacunas.

Assim, compreende-se a forte admiração despertada, entre os professores russos, ao emitir opiniões próprias, pedindo novos esclarecimentos sobre casos controversos. Segundo o escritor Argeu Guimarães, "sua maneira delicada, afável e comunicativa, impressionou os docentes da Universidade de São Petersburgo, os quais, após a partida do monarca, se reuniram para proclamá-lo membro de honra dessa instituição, um título de doutor honoris causa, e oferecer-lhe várias obras, tais como a História da Universidade de São Petersburgo de Grivoriev, a Enciclopédia Russa do professor Berezine, uma História Natural e outras publicações acadêmicas".

Um dos momentos marcantes da viagem de Dom Pedro II foi avistar as vastas planicies do império dos czares. As velhas cidades de cúpolas douradas, os campos cobertos de trigo, a variedade de raças e de costumes, o interior faustôso das igrejas ortodoxas com a sua liturgia imponente, tudo fopretexto para exclamações, para frases de admiração, para fortes e imorredoras emoções.

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Dom Pedro II na Universidade de São Petesburgo

São Peterburgo, Moscou, Kourah, Kiev ... Depois a marcha para o sul: Odessa, Sebastopol, Livadia. Em Odessa, que era, por assim dizer, um grande armazem de trigo, os viajantes foram vêr as montanhas de grãos acumulados. "Sua Majestade, conta Gobineau, quiz subir até o cimo em passos contados, e enterrava a perna até o joelho sem conseguir avançar. Tive então a honra de inventar subir correndo; caí por duas vezes, mas consegui afinal chegar ao alto!"

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Em Livadia, naquelas margens floridas do mar Negro, Dom Pedro II encontrou-se com o Imperador da Rússia, Alexandre II, Monarca de espírito justo e de larga inteligência, que desde 1855 tivera a coragem de abolir a escravatura em seus Estados, destruindo, assim, um dos mais enraizados privilégios das classes nobres do Imperio. 

O Brasil apesar de menor em território, teve seu processo de Abolição mais lento, 33 anos depois dos Russos. Os dois Monarcas que mudaram os destinos de suas nações não escapariam, apezar disso, do destino cruel, Alexandre II foi assassinado em um atentado em 1881, e Dom Pedro II morreu na penúria após ser exilado do próprio pais em 1891. 

Image may contain: 2 peopleJornal Russo anunciando a visita dos Monarcas do Brasil

Fonte: Dom Pedro II o Fastígio de Heitor Lyra./Dom Pedro II e a cultura, Arquivo Nacional

sábado, 11 de julho de 2020

UM PRÍNCIPE NO CAMPO DOS AFONSOS


SO Jefferson E. S. Machado*

Muitos são os que chamam a aviação de atividade nobre. No início era coisa de loucos, mas com o tempo e o glamour, dado por jornais e revistas do início do século XX, o imaginário cunhou a nobreza como características daqueles que são responsáveis em conduzir os aviões pelos céus do mundo. Digamos que isso foi algo literal durante a década de 40 na Escola de Aeronáutica da nascente Força Aérea Brasileira.

D. João de Orleans e Bragança tentou, assim como muitos de seus antepassados, manter a tradição da participação de membros da família imperial brasileira na Armada da Marinha do Brasil. Segundo o site do Colégio Brasileiro de Genealogia, pretendia ingressar na marinha de guerra do Brasil, mas o presidente Getúlio Vargas declarara que não desejava ver um príncipe herdeiro na Marinha. Reprovado nos testes de admissão sem razão alguma, conseguiu ingressar na aviação naval, graças ao auxílio do almirante Castro e Silva.

Com a criação do então Ministério da Aeronáutica, através do Decreto-Lei 2961 de 20 de janeiro de 1941, ficou determinado - no artigo oitavo - que todo o pessoal militar da Arma de Aeronáutica do Exército e do Corpo de Aviação Naval, inclusive as respectivas reservas, passariam a formar uma corporação única. A reboque foi criada a Escola de Aeronáutica pelo Decreto-Lei 3.142 de 25 de março do mesmo ano.

A partir dessas decisões, o jovem segundo tenente João de Orleans e Bragança foi transferido da Aviação Naval para a Força Aérea Brasileira, mais precisamente para a Escola de Aeronáutica - como auxiliar de instrutor de pilotagem - como consta no Boletim do Ministério da Aeronáutica de 1 de junho do mesmo ano.


Começa aí a vida do Príncipe no Campo dos Afonsos. São muitas as notícias nos jornais da época sobre sua vida. Participava de muitas festas, recepções e eventos beneficentes. Alguns periódicos que, talvez, não fossem muito favoráveis à monarquia acentuavam essa parte e procuravam não tocar muito em seu viés militar. Porém, como podemos constatar em algumas de suas cadernetas de voo – de posse do arquivo do MUSAL - ele foi um oficial aviador que participou intensamente das iniciativas da FAB na época.

O “Jornal do Brasil” e o periódico “O Jornal” vão noticiar e cobrir, de forma até entusiasmada, a missão que D. João fará aos Estados Unidos da América. Contudo, foi o “Diário Carioca” que informou, em primeira mão, que o Ministério da Aeronáutica concedeu autorização para a viagem. Segundo o matutino, o objetivo era o aperfeiçoamento em aviação sanitária. **

Segundo o JB de 25 de novembro de 1941 ele havia chegado em Miami e suas principais visitas aconteceriam em Annapolis, Pensacola e em West Point. Além disso, a publicação acentua a origem nobre do militar e narra a entrega de flâmulas em nome da Escola de Aeronáutica, nos dia 20 de janeiro e 03 de março de 1942.


Já as publicações de “O Jornal” de 04 de dezembro de 1941, 20 de janeiro e 14 de março de 1942 afirmavam que ele visitaria o Departamento de Marinha americano, estava em missão especial e que inspecionaria os centros de treinamento do Exército e da Marinha do país citado.

O próprio aviador narra sua viagem na “Revista Esquadrilha”.*** Ele escreve um texto relatando a entrega das flâmulas que os cadetes brasileiros enviaram aos companheiros das instituições que seriam visitadas.

Causaria estranheza a grande repercussão da missão na mídia da época e a ida de um militar que não fosse pelo menos um oficial intermediário, para uma missão de tal responsabilidade, se o envolvido não fosse um dos representantes da Casa Imperial brasileira. Nas fotos da Revista, podemos constatar que foi, inclusive, recebido pelo General diretor de uma das instituições.

Outra missão importante, publicada no “Correio da Manhã” através de um louvor do Ministro da Aeronáutica a todos os aviadores e mecânicos participantes, foi um grande translado de aeronaves do EUA para o Brasil ocorrido em 1942. Seu nome está na lista dos que realizaram o empreendimento. E a notícia foi dada sem muito alarde quanto à sua participação nos meios de comunicação.

Como instrutor, o Príncipe brasileiro foi primeiro lugar nas prova de tiro aos pratos nos Jogos de Caxambu de 1943, que eram realizados em homenagem ao Presidente Getúlio Vargas. Além das diversas missões acima, D. João voou também pelo Correio Aéreo Nacional.

         


Em 1944, o mesmo foi classificado no 4º Regimento de Aviação do Galeão. Talvez por sua experiência na Aviação Naval, ele passou novamente a pilotar Hidroaviões na missão de Patrulha no litoral brasileiro. Em sua caderneta, vemos que pilotou as aeronaves Catalina PBY-5 e Grummam G-44A Widgeon, ambas aeronaves em exposição no MUSAL.

Ficou afastado do Campo até Julho de 1945, quando foi matriculado em um curso de carreira na Escola de Aeronáutica. Quanto À sua saída do 4º Regimento, o boletim nº 108 traz um texto, reproduzido pelo “Correio da Manhã”, em que enaltece em tom de agradecimento e elogio a conduta do príncipe no patrulhamento da Costa Brasileira.



Não sabemos muito sobre seu dia-a-dia entre os militares nos Afonsos, mas ficou claro por essas linhas que assim como os milhares de homens e mulheres que ingressaram na Força Aérea Brasileira, também cumpriu o seu papel de combatente e brasileiro.

Aeronaves pilotadas por D. João de Orleans e Bragança que estão em exposição no Museu Aeroespacial.

BOEING STEARMAN A75L3 - Kaydet | Stearman Aircraft Company

Catalina - Consolidated Vultee 28 (PBY-5A/C-10A) | Boeing Aircraft of Canada

DH-89A - Dragon Rapide | De Havilland Aircraft Co.

FOCKE-WULF Fw 44J Stieglitz | Fabrica Militar de Aviones

FOCKE-WULF FW 58 B-2 Weihe | Fábrica do Galeão

GRUMMAN G-44A (J4F-2) “Widgeon” | Grumman Aircraft

*O autor é Suboficial da Força Aérea Brasileira e Doutor em História Comparada pelo Programa de Pós Graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

** De acordo com o § 6º do Decreto nº 361, de 3 de Outubro de 1935, “A aviação sanitaria comprehende o estudo historico desse novo meio de transporte de doentes e feridos, em tempo de paz e de guerra, o da estatistica comprovante de sua efficiencia crescente, o das indicações e contra-indicações clinicas para o transporte, e o das questões condizentes com o problema da neutralidade dos aviões sanitarios e seus pilotos, e as ligadas á escolha do typo de avião próprio.

*** Tal publicação era realizada pela Sociedade de Cadetes da Escola de Aeronáutica e nossa biblioteca possui a coleção desse periódico. no exemplar de junho de 1942.

FONTE: MUSEU AEROESPACIAL

terça-feira, 30 de junho de 2020

A Decadência do Partido Republicano em 1889

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“A força dos republicanos civis, realmente, era de pouca valia, exceção feita dos seus pujantes arraiais de Sao Paulo (onde, desde 1882 jornais lhes propagavam as ideias, e á frente destas estavam Rangel Pestana, Campos Sales, Prudente de Morais, Bernardino de Campos, Glicerio, Amer co Brasiliense, Cerqueira Cesar. . .) e do Rio Grande do Sul (onde Julio de Castilhos comandava a sua jovem brigada de positivistas).

O nucleo republicano, isto é, o partido fundado em 3 de Dezembro de 1870 e refundido em 73, não prosperára sensivelmente naqueles dezoito anos. Varios signatarios do manifesto de 70 ou se tinham definitivamente silenciado como Cristiano Otoni, ou passado a servir á monarquia, como o conselheiro Lafaiete. Quintino Bocaiuva continuava a redigir "O Paiz"; afirmára sinceramente, ás vesperas da explosão revolucionaria, que, sem o exército, viriam o Terceiro, o Quarto e o Quinto Reinados. Era esperar que as academias fornecessem o seu grande contingente de estudantes republicanos; que aquela mocidade, que de S. Paulo e Recife irradiava para todas as províncias, comungando o ideal francês ou americano da Republica leiga, levasse a toda parte a sua fé; e da renovação social, que se operava, saísse o ambiente", propicio a mudança das instituições.

Esperava-se e que a morte do imperador Dom Pedro II fosse a solução natural. O povo não esperava a vinda da República. Só se pensava no Futuro Reinado da Imperatriz Isabel I. Nem mesmo o Partido Republicano esperava a proclamação da república. Que só soube das “boas novas” no próprio 15 de Novembro de 1889. Os militares de Deodoro da Fonseca foram os verdadeiros salvadores do Republicanismo Brasileiro em meio ao fervor isabelista.”

Fonte: História da Civilização Brasileira de Pedro Calmon

Via BRAZIL IMPERIAL

O Primeiro Comandante da Guarda Policial do Rio de Janeiro.

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O Brigadeiro João Nepomuceno Castrioto foi militar de carreira no Exército Imperial Brasileiro até o posto de capitão, quando servindo com Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, foi indicado para comandar a recém criada Guarda Policial da Província do Rio de Janeiro, atual Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

Foi companheiro de longa data de Caxias, tendo seu "batismo de fogo" ocorrido na Bahia em 1823, junto com aquele que seria o patrono do Exército. Em 3 de junho de 1835, o capitão Castrioto, que já se havia distinguido na Guerra da Independência e da Cisplatina, é nomeado Comandante Geral da Guarda Polícial, exercendo este cargo por mais de vinte e cinco anos, de 1835 até 1861.

Atuou, como comandante da polícia, no combate ao tráfico de escravos no litoral da província fluminense, predendo mais de 150 traficantes. Atuou também como comandante policial na pacificação das províncias de São Paulo e Minas Gerais quando das Revoltas Liberais contra o governo imperial em 1842.

Após reformar-se no posto de brigadeiro, em 1861, recolheu-se à Fazenda de Sant'Anna, cuja sede ficava no bairro de mesmo nome em Niterói, para cuja capela cogitou-se transferir a igreja da freguesia de São Lourenço. Faleceu em 1874 aos 69 anos de idade.

Via: BRAZIL IMPERIAL

quarta-feira, 18 de março de 2020

A ORIGEM DO BRIGADEIRO

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O brigadeiro é feito de leite condensado, chocolate em pó e manteiga, e enrolado em granulado. Ingredientes à parte, o doce tem uma origem incomum. Ficou popular na década de 1940, quando o racionamento tornou o leite condensado um substituto comum para sobremesas.

A história afirma que, por volta dessa época, mulheres vendiam a guloseima em comícios em defesa do candidato à presidência e do brigadeiro da Força Aérea, Eduardo Gomes, durante a primeira eleição nacional em que todas as mulheres puderam votar. A criadora seria Dona Heloisa Nabuco de Oliveira, doceira de mão cheia.

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Naquela época, foi formada a União Democrática Nacional (UDN), que se opunha ao regime populista de Getúlio Vargas, no final do Estado Novo. O primeiro candidato à presidência do novo partido foi Eduardo Gomes. Antes de sua candidatura, já era famoso no Brasil.

Conhecido como “o Brigadeiro”, ele participou de um movimento liderado por tenentes que defendiam reformas sociais. Em julho de 1922, um grupo liderou uma revolta no Forte de Copacabana, conhecido como O Levante dos 18 do Forte, no Rio de Janeiro. Quase todos foram mortos a tiros na praia, exceto Gomes e Antônio de Siqueira Campos.

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Logo, os que apoiavam Dutra, inventaram uma "fake news" sobre o Eduardo Gomes. Disseram que ele tinha levado um tiro nos testículos durante a revolta de 1922, e por isso, brigadeiro não levava ovos na receita.

PAPO DE GUIA

A RELÍQUIA CARIOCA COM OS CAPUCHINHOS

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Em 1865 no aniversário de 300 anos da fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, os frades capuchinhos do Morro do Castelo receberam do imperador Dom Pedro II a atribuição de serem os guardiões das três relíquias da cidade do Rio de Janeiro: a imagem de São Sebastião trazida por Estácio de Sá, a pedra fundamental da fundação da cidade e os restos mortais de Estácio de Sá.

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Atualmente todas as relíquias estão na igreja dos capuchinhos, na Rua Haddock Lobo, na Tijuca, Rio de Janeiro.

BRAZIL IMPERIAL

O Açude do Cedro

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O Açude do Cedro foi umas das primeiras grandes obras de combate à seca realizadas pelo Governo Brasileiro. A ordem de construção foi dada por D. Pedro II em decorrência do grande impacto social provocado pela seca do Ceará de 1877 - 1879.

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O Governo Imperial solicitou ao engenheiro Ernesto Antônio Lassance Cunha e ao engenheiro inglês Jules Jean Revy, estudos de meios para o combate aos efeitos das secas.

Ficou então decidida a construção de barragens nos leitos dos rios para barrar as águas pluviais. o próprio Ernesto Cunha visitou diversos locais no interior da província e indicou o Boqueirão do Cedro como local selecionado.

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No ano de 1882 o primeiro projeto foi feito pelo próprio Jules Revy que coordenou a realização de obras preliminares, como a construção de uma estrada de acesso e a instalação das máquinas. Às vésperas do início das obras, ocorre a proclamação da república e a conseqüente retirada de Revy, atrasando as obras em um ano.

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A primeira grande usina hidrelétrica da América do Sul

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A Usina Hidrelétrica de Marmelos, inaugurada em Juiz de Fora, Minas Gerais, em setembro de 1889, foi a primeira grande usina hidrelétrica da América do Sul. O empreendimento foi idealizado por Bernardo Mascarenhas, importante industrial de Juiz de Fora, fundador da Companhia Mineira de Eletricidade em 1888.

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A Usina de Marmelos foi projetada para atender não apenas as indústrias de tecidos do empresário, mas também para fornecer eletricidade à iluminação pública da cidade, antes alimentada a gás. A usina está localizada no Rio Paraibuna, às margens da Estrada União e Indústria, outro importante marco da engenharia no Brasil no século XIX.

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O pioneirismo valeu a Juiz de Fora o título de "Manchester Mineira". A Companhia Energética de Minas Gerais adquiriu a hidrelétrica em 1980. Em 1983, a Usina de Marmelos foi tombada pelo patrimônio municipal de Juiz de Fora e transformada em espaço cultural.

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Foi instalado na edificação da usina o Museu de Marmelos Zero, que desde 2000 é administrado pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

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