De início, o alvo fora apenas seu governo, mas logo os protestos tomaram uma dimensão política maior, jamais vista nas últimas décadas, atingindo o próprio regime, até então poupado pelas massas, que puderam identificar nele o verdadeiro problema: um número cada vez maior de pessoas passou a reivindicar a queda do “Líder Supremo do País”, o Aiatolá Ali Khamenei, e até da própria República. Desde a Revolução de 1979, o Irã, anteriormente uma Monarquia Constitucional secular, é uma República teocrática islâmica, sob o regime dos Aiatolás.
A imprensa iraniana e internacional registrou, ao redor do País, inúmeros brados em favor da restauração da Monarquia. Gritos como "Queremos o retorno do Xá!", "Príncipe Reza, queremos que o senhor volte para o Irã!", "Reza Xá, que Deus o abençoe!" puderam ser ouvidos mesmo nos redutos mais ortodoxos do País. E mesmo com a forte repressão, surgiram nas redes sociais fotos de manifestantes corajosos portando cartazes com a foto do Príncipe Herdeiro e Chefe da Casa Imperial, Reza Pahlavi, bem como vídeos com um grande número de iranianos rogando pelo retorno da Monarquia e da Família Imperial, expondo suas identidades – sob o risco de serem punidos com mais severidade ainda, por não estarem ali protestando apenas contra o governo, mas também contra o regime – para requisitar Sua Alteza Imperial o Príncipe Herdeiro como seu líder.
Os protestos repercutiram também no exterior, ao redor do mundo, e centenas de iranianos residentes na França, por exemplo, foram às ruas de Paris protestar contra a “ditadura dos mulás”, destacando-se as bandeiras do Irã Imperial entre os manifestantes. Nos Estados Unidos, que abriga a maior comunidade iraniana no exterior, o mesmo fenômeno foi registrado.
É certo que a Monarquia Iraniana também cometeu suas arbitrariedades, e não de forma muito distinta do regime islâmico, pois a corrupção e a repressão aos dissidentes políticos são comumente citadas como causas da insatisfação popular que levou à queda da Monarquia, embora a razão maior seja de ordem cultural e religiosa, residindo no problema da chamada “ocidentalização”, fortemente condenada pelo clero xiita, que dirigiu as massas para a Revolução. Pró-Ocidente, o Irã de antes da Revolução viveu um momento de grande modernização, tanto em aspectos econômicos quanto culturais. Pouco antes de tornar-se uma República teocrática islâmica, era um País em que as mulheres, por exemplo, possuíam amplos direitos, não estavam submetidas ao uso obrigatório do véu e – exemplo de como suas elites eram vanguardistas – mesmo antes das americanas, alcançaram o direito de ingressar nas universidades. Fotos da época ilustram o Irã de antes e nos levam ao espanto: como é que o País se tornou o que é hoje?
Os erros do passado são encarados de frente pelos monarquistas, que os lamentam, e pela Família Imperial, que proclama os valores da liberdade e o respeito aos direitos humanos, defendidos nos comunicados divulgados aos iranianos.
Em favor de seu povo e contra o regime da República islâmica, por meio de seus canais oficiais, o Príncipe Herdeiro dirigiu-se dessa forma aos iranianos e à opinião pública internacional: "Os iranianos, como seres humanos, têm direito à liberdade de expressão e associação. O atual regime e suas forças de segurança devem respeitar esses direitos. Eu estou com meus compatriotas, como sempre estive. Estou com vocês agora e estarei sempre. Conclamo os veículos de mídia e autoridades estrangeiras a pressionarem esse regime. Apoiem o povo iraniano [...], escutem seus clamores por liberdade e justiça". Sua Alteza Imperial tem sido continuamente convidado a falar a veículos de mídia sobre o clima político no Irã, e tem articulado com autoridades estrangeiras e órgãos internacionais em favor da liberdade dos iranianos.
Sua mãe, a Imperatriz Farah Pahlavi, que reside em Paris, também pronunciou-se a respeito dos eventos. No primeiro dia dos protestos, manifestando consternação referente à repressão dirigida pelas autoridades iranianas, questionou, mostrando compaixão para com os manifestantes: “Será possível que esse povo sofrido, que apenas deseja viver melhor em um País rico como o Irã, merece ser tratado assim, de modo tão cruel, por esses que comandam a Nação?”. No último dia do ano de 2017, Sua Majestade Imperial emitiu um comunicado formal, demonstrando esperança na força de vontade dos iranianos: “Estou convencida de que o povo do Irã, como a mítica Fênix, ressurgirá das cinzas, vencendo todas as dificuldades que enfrenta. Sei que a luz prevalecerá sobre a escuridão”, declarou.
Insensíveis, os governantes culpam outros países pelos problemas que criaram, mostrando nenhuma disposição para realizar as reformas que a opinião pública demanda, relegando aos iranianos o mais absoluto desprezo – como autoridades republicanas com frequência e quase sem consequências para o sistema político (até que tudo chegue à ruína) costumam lidar com uma população insatisfeita – e ainda a mais dura repressão.
Assim, os protestos que correram o País entre dezembro e janeiro, ao menos por hora, cessaram, deixando um saldo de mais de 5 mil presos e cerca de 25 mortes. Foram os maiores desde 2009, quando um grande número de iranianos compareceu às ruas contestando o resultado das eleições.
Mas, ainda que água tenha sido lançada, a chama não se apagou, e nem deverá se apagar. Viva nos corações de muitos iranianos desde a Revolução de 1979, e nascendo em corações de muitos jovens, a chama monárquica, aliada à insatisfação dos iranianos, mais do que nunca tem chance de se propagar por todo o Irã. Que não leve muito tempo é nossa e também a esperança mais sincera dos monarquistas iranianos, que almejam um futuro de liberdade e progresso para seu País.
Foto: uma manifestante segurando um cartaz com a foto de Sua Alteza Imperial o Príncipe Herdeiro do Irã, Reza Pahlavi. Note que, para não sofrer retaliações, ela esconde sua identidade por detrás do cartaz; no Irã, é expressamente proibido, e crime passível de prisão, defender a restauração da Monarquia.
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