sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

O HOSPÍCIO DOM PEDRO II

Até o início do século XIX, os “alienados mentais” não recebiam qualquer tipo de tratamento. Se fossem calmos ficavam vagando pelas ruas, se fossem agressivos ficavam presos e acorrentados em cadeias. Somente nos meados do século XIX é que as Santas Casas de Misericórdia passaram a receber e cuidar de doentes psiquiátricos.

Em 1841, o provedor da Santa Casa da Misericórdia do RJ, José Clemente Pereira iniciou uma campanha para a criação de um hospício. Em 24/08/1841 foi lido o decreto imperial autorizando a criação da instituição. O Imperador Dom Pedro II contribuiu com parte da verba necessária e a população com o restante.

O edifico, construído entre 1842 e 1852, é um dos expoentes da arquitetura neoclássica do Brasil. O projeto é resultado da colaboração entre alguns dos maiores arquitetos da época: José Domingos Monteiro, Joaquim Cândido Guilhobel e José Maria Jacinto Rebelo.

Os primeiros pacientes do Hospício Pedro II vieram transferidos das enfermarias da Santa Casa de Misericórdia do RJ. Os médicos da época passaram a tentar reabilitar os pacientes. No hospício, eles participavam de terapia ocupacional em oficinas de manufatura de calçados, artesanato com palha e alfaiataria.

No entanto, na época não havia tratamentos biológicos, e a forma encontrada para controlar os pacientes mais agitados era trancá-los em quartos e amarrá-los em camisas de força. No final do século XIX, havia oficinas que possibilitavam o aprendizado de habilidades em fundição de ferro, encanamento, engenharia elétrica, carpintaria, marcenaria...

Com a instauração da República o hospício foi rebatizado como Hospício Nacional de Alienados.

Em 1893, dentro do hospício, foi criado o Pavilhão de Observação, que era um local destinado a assitência dos pacientes e estudos de psicopatologia. Este pavilhão era destinado a atividades acadêmicas e eram administradas aulas de psiquiatria para os alunos da faculdade de medicina.

Em 1938, o Instituto de Psicopatologia e Assistência a Psicopatas foi transferido para a Universidade do Brasil, e hoje em dia é o Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

O Pavilhão de Neurossífilis, local destinado ao atendimento de pacientes com essa patologia dentro do Hospício Nacional dos Alienados, tornou-se o Instituto de Neurossífilis em 1927, através de decreto oficial. Atualmente esse instituto é um hospital psiquiátrico municipal denominado Instituto Philippe Pinel.

Nas décadas de 30 e 40 o então Hospital da Praia Vermelha estava superlotado e decadente, e os pacientes foram transferidos para a Colônia Juliano Moreira e o Hospital do Engenho de Dentro. Em 1944 concluiu-se a transferência e o hospital foi desativado e entregue à Universidade do Brasil. Atualmente esse local é o campus da UFRJ.

O Hospital do Engenho de Dentro passou a se chamar Hospital Pedro II, novamente rebatizado como Centro Psiquiátrico Pedro II e hoje em dia tem o nome de Instituto Municipal Nise da Silveira, em homenagem a psiquiatra Nise da Silveira.

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