quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Batalha de Juncal


A Batalha Naval de Juncal foi ocorreu durante a Guerra da Cisplatina, envolveu a Armada Imperial, liderada pelo Almirante Sena Pereira e a Marinha Argentina, liderada pelo Almirante William Brown, envolveu 17 navios BR's contra 15 navios hermanos perto da Ilha Juncal, no Rio Uruguai.

PLANO BRASILEIRO

Almirante Sena Pereira

O Almirante Rodrigo Pinto Guedes foi nomeado comandante das forças navais do Sul que eram conhecidas como Esquadra do Sul. Guedes planejou destruir a marinha argentina e sufocar a economia inimiga impondo um forte bloqueio, para isso a marinha imperial criou 3 divisões:

1ª Divisão: "Bloqueio" comandada por John Charles Pritz. Tinha a missão de bloquear o tráfego e o principal porto de Buenos Aires assim como os outros portos secundários;

2ª Divisão: "Oriental" ou "Mariath" comandada por Frederico Mariath deveria proteger a costa uruguaia da foz do Rio Uruguai para o Rio da Prata assim como também deveria se unir com a terceira divisão;

3ª Divisão: liderada pelo Almirante Sena Pereira deveria permanecer no rio Uruguai a fim de dividir as forças argentinas e explorar suas falhas entre as províncias de Buenos Aires e Entre Ríos, assim poderia cortar o abastecimento argentino permitindo um futuro ataque BR.

PLANO ARGENTINO

Ficheiro:Guillermo Brown, por Henry Herve.jpg
Almirante William Brown

O Almirante William Brown decidiu entrar na foz do Uruguai para destruir a 3ª Divisão em 16/12/1826. Em 28 de dezembro, a frota argentina encontrou a 3ª Divisão iniciando a perseguição, no dia seguinte as frotas se encontraram em Yaguarí, onde enviou um emissário para tentar a rendição BR, mas Sena Pereira se recusou à se render, prendendo o oficial, a falta de vento e o estreito dificultando as manobras fez com que os argentinos retiraram-se para esperar os brasileiros, também enviou uma pequena força que conseguiu cortar o abastecimento da frota brasileira que navegou até Concepción del Uruguay onde se abasteceram, enquanto isso Brown retornou à Buenos Aires onde conseguiu trabalhadores enviando-os para a Ilha de Martín García que deveria impedir que a 2ª Divisão se unisse à Terceira.

Para isso, Brown ordenou a fortificação da ilha, o próprio participou como pedreiro no Forte Santa Bárbara. No dia 05/02/1827, os trabalhos estavam terminados e o forte foi rebatizado como "Constitución".

Com uma vasta rede de inteligência, Brown já sabia dos planos brasileiros. Às 22h de 6 de fevereiro, Brown se posicionou com sua frota na foz do Rio Paraná Guazú esperando o resto da frota chegar.

A BATALHA

Ficheiro:Bertioga.png
Bergantim brasileiro Bertioga

No dia 07/02/1827, a frota argentina estava ancorada na Ilha Juncal, quando a frota BR foi avistada descendo o rio, Brown ordenou o levante das âncoras e o posicionamento dos navios em linha de batalha.

No dia 8, o clima estava quente e úmido com ventos fracos e desorganizados. Sena Pereira ancorou os seus navios e enviou um brulote (embarcação carregada de explosivos destinada a destruir naviosinimigos) aos argentinos que o afundaram com sua artilharia, Brown contra-atacou com 6 navios de guerra que abriram fogo de longo alcance, a artilharia argentina era superior à brasileira por seu longo alcance e sua precisão de tiro, o ataque durou uma hora.

Sena Pereira tentou manobrar seus navios, mas isso resultou num desastre, a escuna "Liberdade do Sul" encalhou, enquanto o bergantim "Dona Januária" desviou seu curso ficando na mira do bergantim "General Balcarce", da escuna "Sarandí" e de três canhoneiras.

Às 15h, o vento cessou e os ataques reduziram-se à longas distâncias. Quando os ventos recomeçaram, os navios reiniciaram a luta para manter suas posições. Quando cessou novamente, Sena Pereira tentou rumar para o Norte em buscar de melhores posições, mas a escuna "12 de Outubro" teve que ser resgatada e o navio-hospital "Fortuna" foi levado pelo vento até os argentinos que o capturaram, o oficial preso por Sena, estava no "Fortuna" e acabou libertado.

À noite, os capitães embarcaram na escuna "Oriental", a nau-capitânea da frota, onde Sena Pereira decidiu que os navios lutariam conforme a situação, quando necessário iriam ancorar ou manobrar.

Segundo Dia...

Ficheiro:GoletaSarandi-Biggen1.png
Escuna argentina Sarandí

No dia 9, as forças BR's estavam exaustas, os navios estavam ancorados, mas algumas canhoneiras saíram da formação por causa do vento. Sena Pereira tentou restaurar a ordem com um megafone, mas não adiantou, os argentinos avançaram, ele então içou as velas para receber o inimigo.

O navios "Dona Januária", o "Bertioga" e o "Oriental" avançaram, mas também quebraram a formação, o General Balcarce aproveitou para atacá-los. O mastro do "Dona Januária" foi quebrado e o navio ficou seriamente danificado, o capitão Pedro Antonio Carvalho ordenou que os seus canhões se concentrassem na artilharia inimiga e em seguida afundou o navio, partindo com a tripulação.

O "Bertioga" foi atacado pelo "Maldonado", seu mastro principal foi quebrado e não conseguiu manobrar, depois de meia hora, os tripulantes se renderam. Em seguida, o General Balcarce atacou o "Oriental" matando 37 marinheiros e ferindo vários outros, incluindo Sena Pereira, pouco tempo depois o General Balcarce abordou o "Oriental" e o capitão Francisco Seguí aceitou a espada de Sena Pereira como sinal de rendição.

Os últimos navios restantes tentaram fugir, mas a perseguição argentina capturou grande parte deles.

A Ilha Martín García...

Frederico Mariath que comandava a 2ª Divisão, não quis arriscar na travessia passando pela Ilha Martín García, temia que a artilharia argentina afundasse seus navios, mesmo assim houve um pequeno enfrentamento contra as baterias argentinas, quando os ventos aumentaram, o ataque brasileiro foi suspenso.

Mariath também considerou as águas rasas demais para a passagem assim como o tempo instável então ele e os outros brasileiros assistiram a destruição da frota brasileira. A 2ª Divisão partiu para Colônia do Sacramento no dia seguinte.

Em 12 de fevereiro, oito sobreviventes do "Oriental" informaram aos seus superiores da derrota. No dia 14, os únicos navios brasileiros sobreviventes chegaram eram o "Dona Paula", acompanhando a escuna "Vitória de Colônia" e uma canhoneira.

Consequências...

Ficheiro:Mariath-1839.png
Frederico Mariath

Com 12 navios capturados, 3 queimados e 2 fugidos, a Batalha de Juncal foi a maior derrota da frota brasileira e o maior triunfo da Armada Argentina. Em Buenos Aires, Brown foi recebido como herói saudado com foguetes e orquestras enquanto Sena Pereira ficou prisioneiro tendo sua bravura sido reconhecida por Brown.

Sena Pereira conseguiu fugir. E a vitória argentina se prosseguiu por terra em Ituzaingó (20 de fevereiro de 1827), El Carmen (28 de fevereiro de 1827), porém fracassaram na tentativa de tomar Montevidéu e Colonia, as principais cidades da Banda Oriental.

O Brasil conseguiu se vingar na Batalha de Monte Santiago quando a frota brasileira comandada por James Norton destruiu 2 navios da frota argentina, permitindo que Pinto Guedes permanecesse no cargo até o fim da guerra quando foi julgado por uma corte marcial sendo absolvido.

Em 1828, Brasil e Argentina, sob intervenção diplomática britânica, assinam o Tratado do Rio de Janeiro (1828), onde os dois países renunciaram as suas pretensões na Cisplatina e para isso foi criado o Uruguai que serviu como um Estado tampão.

O historiador militar britânico Brian Vale assim resumiu a questão:

"[...]a batalha do Juncal fez pouco para empurrar o Império na direção da paz. Agora em Monte Santiago, os dois preciosos brigs de guerra da Argentina foram destruídos e o creme da sua marinha absolutamente derrotados. A superioridade da marinha brasileira foi agora reafirmada de uma maneira que nem a audácia de Brown nem as fragatas adquiridas por Ramsay poderiam seriamente desafiar.

Para uma marinha que consistia de 69 navios de guerra e 22 outros de transportes, tripulada por 10.600 marinheiros, a perda de [...] seus menores vasos armados fez pouca diferença para alterar o equilíbrio de poder"

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