sábado, 3 de fevereiro de 2018

Batalha de Monte Caseros

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A Batalha de Monte Caseros, também chamada de Batalha de Caseros ou dos Santos-Lugares, foi uma das batalhas da Guerra contra Oribe e Rosas (1851-1852) (e parte da guerra civil uruguaia, denominada "Guerra Grande"), travada a 03/02/1852. Nela defrontaram-se o Exército da Confederação Argentina e o da aliança da Província de Entre Ríos.

O "EXÉRCITO GRANDE"

Em 1851, o general e governador da província de Buenos Aires, Juan Manuel Rosas, declarou guerra ao Brasil. Em oposição a isto, firmaram um acordo em 21/11/1851 os governos de Entre Ríos, Corrientes, Uruguai e do Império. Por este tratado, o general Justo José de Urquiza se comprometia a atravessar o rio Paraná e combater Rosas. Para tanto constituiu-se o denominado Exército Grande, integrado por entrerrianos, correntinos, brasileiros, uruguaios e alguns habitantes de Buenos Aires.

As forças aliadas eram compostas por 20 mil argentinos, entre os quais destacavam-se personagens como o futuro presidente Bartolomé Mitre, liderado pelo governador de Entre Ríos, Urquiza, 1.700 uruguaios, sob o comando de Cesar Diaz, e 4.000 soldados de elite brasileiros, sob o comando do então Barão de Caxias, distribuídos em cerca de 16 mil cavalarianos, 9 mil soldados de infantaria e mil de artilharia, totalizando 25.700 a 26.000 homens, com 45 a 50 canhões.

E do lado argentino, Rosas possuía cerca de 15 mil cavalarianos, 10 mil soldados de infantaria e 10 mil artilheiros, num total de 35 mil homens no máximo, com 60 canhões.

A ESTRATÉGIA MILITAR BRASILEIRA

Caxias traçou o plano da campanha: as forças aliadas subiriam o rio Paraná até o melhor ponto para desembarque para marchar contra as forças de Rosas. Parte da esquadra brasileira ficaria na Colônia do Sacramento, em frente a Buenos Aires para o caso de uma necessidade de ameaçar a capital portenha, se Rosas opusesse resistência.

Dando cumprimento ao plano, a esquadra sob o comando de Grenfell forçou a passagem fortificada de Tonelero. O exército aliado desembarcou no porto de Diamante e foi ao encontro das forças de Rosas.

A DERROTA DE ROSAS

O exército aliado partiu em direção a capital argentina de Buenos Aires com o intuito de conquistá-la por terra, enquanto o Exército Imperial iria atacar pelo mar. No entanto, o exército aliado acampou a cerca de 9km de Buenos Aires a 01/02/1852 e dois dias depois encontrou o exército de Rosas.

Na madrugada do dia 3 de fevereiro, o comandante-em-chefe aliado José Justo Urquiza percorreu as fileiras aliadas e ao passar pelas tropas brasileiras, gritou: "Viva o Brasil! Viva o Imperador!" e os soldados responderam com "viva ao comandante e aos aliados".

Os comandantes aliados eram Manuel Marques de Souza, Pirán, Galán, Urquiza e os futuros presidentes argentinos, Bartolomé Mitre e Domingo Sarmiento (que anos antes havia combatido Rosas escrevendo textos contra o ditador) que se reuniram em conselho e decidiram iniciar a batalha.

O ditador Rosas escolheu o melhor terreno para o seu exército, dispondo-o no topo de um monte em Caseros, do outro lado de um ribeirinho chamado Arrojo Morón, e quase que imediatamente, entre 9 e 11 horas da manhã, a vanguarda de ambos os exércitos começou a atirar.

A formação do exército aliado era a seguinte: no flanco direito, estava reunida a cavalaria argentina sob o comando do General Anacleto Medina. No centro, sob o comando do brigadeiro Manuel Marques de Sousa, estava concentrado o grosso da infantaria, formada em sua maioria por brasileiros e argentinos, protegendo as peças de artilharia ao fundo.

À esquerda, mais divisões de cavalaria sob o comando do General Juan Pablo Lopez e de Urquiza, sendo auxiliadas pela infantaria uruguaia e por um regimento de cavalaria comandado pelo tenente-coronel Osório. O plano de combate era enviar as divisões de cavalaria situadas nos extremos do exército para atingirem os flancos do inimigo, que seriam atingidos em cheio ao meio pelo avanço da infantaria e pelos ataques da artilharia.

Por sua vez, a formação do exército argentino de Manuel Rosas estava definida da seguinte maneira: no topo do morro havia a Chácara de Caseros, composta por duas casas, onde o ditador estava alojado com o seu Estado-maior e também com 5 batalhões de infantaria. Na frente das casas, estava alojada parte da artilharia, que estava protegida por fossos. Do centro para a direita, estava o restante da artilharia, e do centro para a esquerda, a cavalaria junto com a infantaria.

Logo que o exército aliado ultrapassou o ribeirinho, começou a sofrer um pesado bombardeio. Para colaborar com o ataque ao flanco direito de Rosas, Urquiza partiu para um ataque pelo flanco com regimentos de cavalaria sob as ordens do Major-General Benjamim Visoro, esmagando o inimigo.

O lado esquerdo logo sofreu um pesado ataque por parte das peças de artilharia de Rosas. No centro, a infantaria brasileira, auxiliada pela uruguaia, com dificuldades por causa do terreno lamacento, consegue ultrapassar os fossos e conquistar as duas casas, após um embate violento de baionetas com as tropas de Rosas.

Minutos antes das forças aliadas alcançarem a chácara de Caseiros, don Juan Manuel Rosas escapou do campo de batalha e, disfarçado de marinheiro, pediu auxílio a Robert Gore, representante britânico em Buenos Aires, que o transportou para o Reino Unido, onde passou os últimos 20 de vida.

A batalha terminou às 15:00 horas, e o saldo de mortos do lado aliado fora em torno de 400 homens, enquanto no exército de Rosas fora em torno de 1.200. No entanto, pela duração e proporções da batalha, é mais provável que o número de mortos tenha sido mais alto.

Culminando a derrota infligida a Oribe no Uruguai, com o reconhecimento final do Governo da Defesa de Montevidéu como o legítimo, a batalha de Monte Caseros determinou a queda definitiva do Governo de Rosas e propiciou a criação da Confederação Argentina, presidida por Urquiza.

CURIOSIDADES

Nesta batalha o Exército Brasileiro empregou cerca de uma centena de atiradores de elite alemães, contratados. Estes homens, equipados com então modernos fuzis de agulha Dreyse, foram estrategicamente distribuídos entre as unidades de Infantaria, sob o comando do Capitão Francisco José Wildt da Guarda de São Leopoldo.

A sua missão foi a de caçar os artilheiros de Rosas no seu raio de alcance, facilitando essa surpresa tática o rompimento das posições de Artilharia inimiga, e a penetração do 2º Reg. de Cav, sob o comando do então Tenente-coronel Manuel Luís Osório, futuro Marques do Herval. Estes alemães passaram à história com o apelido de "brummer" (resmungões).

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