As paredes ostentavam fileiras de retratos de líderes bolcheviques e, se fossem nativos dos Urais, seus chapéus, casacos e medalhas ficavam expostos em vitrines. Cartazes e diagramas aclamavam as glórias do comunismo, mostrando que fora produzida uma quantidade muito maior de tratores, aviões, toneladas de aço e conjuntos de roupas de baixo nos tempos de Stalin do que nos do czar.
Um quarto no andar de cima foi dedicado aos Romanov, com excertos do diário de Nicolau, páginas do diário de Alexei e a primeira página de um jornal de Ekaterinburg com a manchete:
EXECUÇÃO DE NICOLAU, O ASSASSINO SANGUINÁRIO COROADO – FUZILADO SEM FORMALIDADES BURGUESAS, MAS CONFORME NOSSOS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS.
O porão não fazia parte do museu. Cheio de caixas velhas empilhadas até o teto, fora transformado em depósito.
Os visitantes da Casa de Ipatiev, forçosamente cidadãos soviéticos, viam os retratos, cartazes e diários, e saíam para se misturarem aos outros na Praça da Revanche do Povo. Não tinham simpatia pelos Romanov.
A família imperial era só uma parte da história, condenada, seus diários em vitrines de museu não eram mais relevantes. Mas o Partido e a KGB nunca esqueceram. Em 1977, o diretor da KGB Yuri Andropov convenceu o presidente Leonid Brezhnev de que a Casa de Ipatiev havia se tornado um local de peregrinação de monarquistas incógnitos.
Foi expedida uma ordem do Kremlin para o primeiro-secretário da Região de Sverdlovsk, um nativo siberiano chamado Boris Yeltsin, para destruir a casa no prazo de três dias. Na noite de 27 de julho de 1977, uma enorme bola de demolição pendurada num guindaste, acompanhado por escavadeiras, chegou à frente da casa. Pela manhã, o prédio estava reduzido a tijolos e pedras descarregados no lixão da cidade."
Os Romanov, o Fim da Dinastia
LINK ORIGINAL - Romanov: A Última Dinastia da Rússia
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