quarta-feira, 27 de junho de 2018

TODAS AS VÍTIMAS ENTERRADAS JUNTAS

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"Uma vez que os ossos tivessem sido autenticados pelos cientistas, a decisão do governo russo seria quanto ao lugar para enterrá-los. Oficialmente, a decisão ficava ente duas cidades: Ekaterinburg, onde a família fora assassinada e os ossos encontrados, e São Petersburgo, onde por 300 anos os czares e imperatrizes Romanov foram enterrados.

Havia muitos fatores a considerar, inclusive questões de religião e de tradição, mas no fim a decisão recairia puramente no poder político.

O príncipe Nicolau Romanov, considerado chefe da família, até 2014, pelos opositores de Maria Vladmirovna [que defendia a separação dos corpos em covas importantes e menos importantes] insistiu apaixonadamente que os restos não fossem separados.

“Escrevi duas vezes ao patriarca. Falei com ministros do governo, e falei em público pela televisão russa: nós, Romanov, queremos que todos, todas as vítimas do massacre, sejam enterrados juntos, no mesmo lugar, na mesma catedral, e eu diria que no mesmo sepulcro.

 Querem enterrar o czar na Catedral Fortaleza de São Pedro e São Paulo? Ótimo! Então, enterrem o médico, a camareira e o cozinheiro lá também, no mausoléu do czar. Estiveram juntos por 73 anos. São os únicos que nunca traíram a família. Merecem ser honrados ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Se os russos de hoje não entendem isso, mesmo se alguns Romanov forem ao funeral, eu não irei.”

O presidente da Rússia, Boris Yeltsin, também nasceu nos Urais, mas passou para um estágio mais amplo, onde sua frágil presidência precisava de todo apoio possível. Politicamente, o apoio de Anatoly Sobchak, prefeito de Petersburgo, é essencial para Yeltsin, e Sobchak está decidido a enterrar os restos em São Petersburgo.

A cerimônia, contudo, foi adiada várias vezes, e prorrogada por anos, pois enquanto os cientistas discutiam, a comissão ponderava, os líderes da Igreja exigiam mais provas e os emigrados disparavam acusações, os restos terrestres do último imperador russo, sua família, três de suas filhas e quatro fiéis servidores jaziam em mesas de metal numa salinha no segundo andar do necrotério de Ekaterinburg.

Finalmente, em 17 de julho de 1998, no 80° aniversário da execução, as ossadas de Nicolau, Alexandra, três irmãs, e os demais empregados [algo sem precedentes, já que aquele era o mausoléu imperial] foram enterrados na Catedral de São Pedro e Paulo."

Fonte: Os Romanov, o Fim da Dinastia, Robert K. Massie

LINK ORIGINAL - Romanov: A Última Dinastia da Rússia

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