sábado, 16 de junho de 2018

IMUNDÍCIE MONARQUISTA

Image may contain: 1 person

"Lênin nunca se apressava quando se tratava de tomar uma decisão, ele era uma máquina de pensar, fria e cínica, com uma mente sofisticada e flexível. Ele adorava colocar seus inimigos uns contra os outros. Enquanto os Romanov fossem úteis a algum propósito político, seriam mantidos vivos.

[...] ele chegou a esperar que fosse possível usá-los para barganhar com os alemães, quem sabe até reduzindo a dívida [...] contraída no Tratado de Brest-Litovsk. Mas com o soviete dos Urais e outros linhas duras continuando a bombardeá-lo com telegramas que exigiam a execução do tsar, ele sabia que o tempo estava contra ele.

"Aniquilação": uma palavra tão desprovida de emoção e sem sentido. Primeiro, foi usada para se referir à aniquilação das instituições tsaristas, da propriedade privada, da ortodoxia e dos demais costumes e hábitos antigos.

Depois se tornou um eufemismo empregado quando se referiam a reprimir seus oponentes. Agora, seu significado estava ampliado para cobrir uma "limpeza social" (clérigos, aristocratas, burocratas e etc, tinham de ser extirpados).

[Mas] Lênin queria ter certeza que seu nome não seria manchado pelo assassinato deles. O que é evidente é que o enigmático Sverdlov, o homem que realmente comandava a máquina do partido, foi quem moveu-se para selar o destino da família em conversas com os bolcheviques dos Urais.

Mas isso não exclui o fato de que para Lênin, a dinastia Romanov "era uma imundície monarquista", e que para a revolução e a "limpeza social", [...], "centenas de cabeças Romanov tinham de ser cortadas."

No fim, foi o argumento de que os tchecos estavam avançando que fez este ato de oportunismo político ser sancionado.

Não era uma questão de impedir que os Romanov caíssem nas mãos inimigas, mas uma resposta à pressão dos já decadentes alemães: se o tsar caísse nas mãos dos contra-revolucionários, e se tornasse motivo de manifestações anti-alemãs na Rússia, o tratado de paz, e com eles os sustentáculos do governo soviético, estariam arruinados.

E ainda havia uma complicação. Eles decidiram matar o tsar, mas a política estrangeira do país afirmava ser essencial manter a aniquilação do resto da família como segredo até então. Era uma questão de conveniência matá-los.

O quê os uralianos fariam depois com as mulheres e o menino naquela situação onde todos queriam colocar as mãos neles? E, seria muito ruim em termos políticos que o governo fosse visto como responsável pelas mortes de mulheres e crianças inocentes."

POST ORIGINAL: Romanov: A Última Dinastia da Rússia

Nenhum comentário:

Postar um comentário