quinta-feira, 6 de abril de 2017

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A Guerra do Paraguai foi o conflito mais importante da América Latina. Nenhum outro chegou perto dos seus efeitos, sobretudo no Brasil imperial. Sendo o maior deles a consolidação do Exército brasileiro como instituição profissional e moderna.

É um tema repleto de mitos construídos ao longo dos anos. Esses mitos vêm de trabalhos acadêmicos produzidos nas décadas de 60 e 70, quando a academia esteve fortemente influenciada pela linha tradicional marxista de pensamento.

Essa interpretação diz que o Paraguai era uma potência econômica em amplo desenvolvimento industrial, independente em suas relações internacionais. Além de tudo, criou-se uma imagem de Solano López como um líder autoritário, mas sempre preocupado com os paraguaios.

Nada mais distante da real conjuntura paraguaia. A economia era agrícola e atrasada. Havia ainda regime de escravidão, apesar de ser em menor número. E Solano López era guiado pelo desejo de todo ditador: perpetuar-se no poder.

O mito mais conhecido desses trabalhos, com certeza, é a hipotética rixa entre Paraguai e Inglaterra. Por isso, durante muito tempo propagou-se a ideia no ensino de história de que a Inglaterra usou o Brasil, na época um império, e a Argentina como agentes para destruir o suposto modelo econômico paraguaio.

No entanto, trabalhos recentes, da década de 90 para cá, como os trabalhos do historiador Francisco Doratioto, revisam essa interpretação, com novas fontes nos dizendo que essa visão não tem lógica, pois os documentos dizem que, na verdade, era o Brasil que tinha atritos com a Inglaterra, ao ponto de cortar relações diplomáticas em maio de 1863 e só voltando a restabelecê-las em setembro de 1865.

É preciso, antes de tudo, abandonar o pensamento maniqueísta e buscar concentrar as análises nos processos de construção dos Estados nacionais da região do Prata a partir de antigos territórios e, principalmente, como se deram as suas relações diplomáticas no século XIX.

Só assim vamos conseguir afastar os mitos que envolvem esse complexo conflito.

Rafael José Nogueira, acadêmico do curso de história

LINK ORIGINAL: https://goo.gl/k3Ip9b

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