Conta Sua Alteza que, após terem assistido aos últimos momentos da Redentora, em 14 de novembro de 1921, e enquanto seu corpo ainda era velado no Castelo d’Eu, onde a Família Imperial passou seu exílio forçado na França, aconteceu de os netos, todos ainda crianças, reunirem-se em outro local da ampla residência e, num momento infantil muito compreensível, puseram-se a falar entre si e logo depois a brincar, esquecidos da morte da avó.
Mas o Príncipe Dom Pedro Henrique, o mais velho da geração, então com doze anos, muito sério e sisudo, chamou a atenção dos irmãos e primos mais novos, dizendo que não estava certo brincarem numa hora como aquela. No entanto, Bebelle (apelido familiar daquela que veio a ser a Condessa de Paris) respondeu que não havia razão para tristeza, pois todo mundo sabia que a Princesa Dona Isabel era uma santa. “E ademais – acrescentou, infantilmente –, a Irmã Fidelina [freira que acompanhava a Redentora] sonhou que Vovó está no Céu, toda feliz...”
Pode-se, a partir desse episódio, observar toda a seriedade e maturidade do Príncipe Dom Pedro Henrique. Naquele momento, Sua Alteza não era mais o Príncipe do Grão-Pará, título com o qual havia nascido; deixara essa condição quando faleceu seu pai, no ano anterior. Mas também já não era o Príncipe Imperial do Brasil. Com a morte da avó, aquele menino de doze anos passava a ser o Chefe da Casa Imperial e Imperador “de jure” do Brasil, o nosso Imperador Dom Pedro III.
Sua infância acabava ali. Começavam, muito cedo, as responsabilidades da vida adulta. A responsabilidade de estar sempre a postos para servir à Pátria, tão logo os brasileiros o chamassem para tal. A responsabilidade de manter uma vida ilibada e sem manchas, à altura dos princípios cristãos e dos melhores valores da Nação Brasileira. A responsabilidade de encarnar, representar e preservar todas as tradições da Monarquia Brasileira, da qual se tornava legatário. Desnecessário dizer que o Príncipe Dom Pedro Henrique soube cumprir, com maestria, com todas aquelas responsabilidades. Daquele momento até sua própria morte, sessenta anos depois.
- Baseado em trecho do livro “Dom Pedro Henrique – O Condestável das Saudades e da Esperança”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.
Foto: SS.AA.II.RR. a Princesa Dona Isabel de Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e seu neto, o Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança. Cerca de 1912.
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