NOVA ENTREVISTA COM O PRÍNCIPE DOM RAFAEL
Segue a tradução da matéria:
Alguns dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos, nós nos encontramos com um dos rostos jovens da Casa Imperial do Brasil: o Príncipe Dom Rafael de Orleans e Bragança. Um atleta talentoso, este jovem nos recebeu junto aos seus pais, no Rio de Janeiro, onde ele pretende assistir às competições, que começam nesta sexta. É o retrato de um solteiro discreto e ambicioso.
Ele está diante do enorme edifício, inaugurado no último inverno. O Museu do Amanhã, dedicado ao futuro da humanidade, e o quarto na Linha de Sucessão ao Trono do Brasil, que agora encarna o futuro de sua Dinastia.
“Não sou obcecado por meus direitos ao Trono”, o Príncipe Dom Rafael de Orleans e Bragança nos conta, enquanto nos dirigimos ao bairro de Botafogo, onde ele nos recepciona, alguns momentos mais tarde, no apartamento dos seus pais. Casualmente nos servindo um suco de maracujá (fruits de la passion [“a fruta da paixão”, para os franceses]), em meio às aquarelas pintadas por seu pai, o Príncipe, ainda solteiro, conta sua história:
“Eu cresci em Petrópolis, onde vivi até o vestibular, quando vim para o Rio de Janeiro, fazer meus estudos universitários. Vivia com minha avó paterna, Dona Maria Elisabeth da Baviera. De 2005 a 2010, frequentei a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ao fim dos meus estudos, estagiei na AmBev, como engenheiro de produção. É uma companhia brasileira que se fundiu com um grupo belga, formando a AB InBev, a maior cervejaria do mundo, dona das famosas marcas Coronna, Leff e Budweiser.”
Desde então, o Príncipe vem trabalhando como national pricing manager [responsável pelos preços dos refrigerantes produzidos pela empresa], e vive a maior parte do ano na outra grande cidade do Brasil, o centro econômico do País: “Eu amo São Paulo. Costumo comparar a cidade com Nova York; há os melhores restaurantes e os hotéis mais sofisticados. Com os seus arranha-céus, é uma verdadeira selva urbana.”
Mas quem é esse jovem brilhante? Dom Rafael é filho de Dona Christine de Ligne, sobrinha do Grão-Duque Jean de Luxemburgo, e de Dom Antonio de Orleans e Bragança, o sétimo filho de Dona Maria Elisabeth da Baviera e de Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, herdeiro do Trono do Brasil de 1921 a 1981.
Um esclarecimento se faz necessário: até 1889 e o fim do Império, os Príncipes do ramo primogênito, conhecido como Ramo de Petrópolis, seriam os primeiros na Linha de Sucessão; mas, em 1908, eles perderam seus direitos dinásticos, quando Dom Pedro de Alcantara contraiu uma união desigual com a Condessa tcheca Elisabeth Dobrzensky de Dobrzenicz.
À época, os direitos passaram para o seu irmão mais novo, Dom Luiz de Orleans e Bragança, do chamado Ramo de Vassouras. Dom Rafael é seu bisneto e, atualmente, quarto na Linha de Sucessão, atrás de seu pai, Dom Antonio, e de seu tio, Dom Bertrand. Seu outro tio, Dom Luiz Gastão, Chefe da Casa Imperial, não tem descendência, e parece, portanto, que o jovem Príncipe será, um dia, o herdeiro do Trono.
“Na verdade, é uma estranha mistura entre um fardo e uma honra. Tenho muito orgulho de ser membro da Casa Imperial do Brasil. E confesso que, desde que eu era pequeno, meus pais me diziam: ‘Esteja preparado, Rafael, um dia, você poderá ser o Chefe da Casa Imperial!’ Mas deixo meu destino nas mãos de Deus.”
Entrementes, o jovem de trinta anos multiplica o número de suas viagens, que, no seu caso, parecem ser verdadeiras maratonas. “Gosto de descobrir novos lugares. Há três anos, viajei pela América Latina. Fui ao Peru, Bolívia e Chile. No ano seguinte, estive na Argentina e na Venezuela. Em fevereiro último, fui conhecer a Ásia. Visitei Cingapura, Birmânia e Camboja. Eu esperava terminar aquela maravilhosa jornada na Tailândia, mas, quando havia acabado de chegar, o escritório me chamou de volta ao trabalho. Tive que retornar ao Brasil bem depressa.”
E onde ele encontra comida japonesa, sua culinária favorita? “Aqui é perfeito, pois temos belos peixes, de modo que podemos fazer um ótimo sushi”, conta, rindo, Dom Rafael, que não fala japonês, mas é fluente em inglês e arrisca um pouco de alemão. Ele conversa em português com seu pai e em francês com sua mãe, que é belga. Seu espanhol é imperfeito, e ele considera que fala “portunhol”, uma mistura entre os dois principais idiomas da América do Sul!
Grande fã do esporte – golfe, tênis, squash e futebol –, Dom Rafael está ansioso para comparecer aos Jogos Olímpicos, pela primeira vez no Brasil, algo que lhe encanta: “Espero assistir, principalmente, às competições de remo, que serão realizadas na Lagoa, bem aqui do lado. Também quero ver o atletismo, a vela e o futebol. Tenho sorte de trabalhar em uma empresa patrocinadora do evento, de modo que eu posso conseguir um ingresso. Nós nos habituamos a ver a violência do nosso País nos telejornais. Acho que os Jogos Olímpicos trarão algo de reconfortante. Estou feliz porque os atletas e espectadores irão conhecer a beleza da cidade e a bondade do povo brasileiro.”
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