Monarquistas usaram a simbólica data para chamar a atenção para seus ideais políticos
O grupo se concentrava, por volta das 14h, no Monumento à Independência, sobre a cripta de Dom Pedro I.
Parte dos simpatizantes carregava a versão tradicional da bandeira da monarquia, que traz símbolos como folha de café e fumo (duas culturas fortes dos tempos da família real), e o desenho da coroa, no formato mais suntuoso, marca do período pós-independência.
Rubens Silva, de 48 anos, passeava pelo parque com sua bicicleta a tiracolo vestido modestamente de rei. Com coroa de plástico, um anel em cada dedo e correntes douradas, Silva não tinha ideia que encontraria seus "súditos" por ali e passou acenando ao mesmo tempo em que era ignorado pelos manifestantes.
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Situações pitorescas à parte, o movimento era composto por pessoas maduras e que faziam qualquer um se arrepender de ter faltado nas aulas sobre a história do Brasil. Nomes, datas e momentos históricos faziam parte do enredo das pessoas presentes, inclusive de um garoto de 12, o estudante Armand Marques Neto, filho de um simpatizante do sistema monárquico e representante do CMB (Círculo Monárquico Brasileiro).
Com a franqueza da idade, mas a desenvoltura de um "pequeno gênio", como ele diz ser chamado pela professora, o estudante contou ao R7 o que acha sobre a monarquia.
— A monarquia é muito legal. Mas isso é coisa de adultos. São sistemas de governos e eu posso não entender muito o que é isso, mas, pelo pouco que eu vi, eu descobri que ela é muito importante. Entre todos os países, digamos, de primeiro mundo, a maioria deles é tudo de monarquia (sic). O engraçado é que muitas pessoas conseguem viver bem. De acordo com o sistema político, a sociedade consegue organizar a população da forma mais correta possível para que não tenha nenhum problema social.
Armand garante que com os amigos, o papo é outro, e assuntos como monarquia e até comunismo dão lugar às brincadeiras.
Nas redes sociais, os grupos monárquicos são frequentemente atacados. Há quem diga que pedir a volta da monarquia é uma loucura, mas, se analisar de perto os ideais desses simpatizantes, é possível notar que eles não diferem de outros grupos sociais e políticos.
José Guilherme Beccari, presidente do Pró Monarquia (movimento que divulga a existência da família imperial no Brasil), afirma que há muita desinformação em relação à monarquia, principalmente àquela que eles almejam, a monarquia parlamentar, que é diferente da monarquia absolutista.
— Queremos que a monarquia seja restaurada no Brasil. A família imperial é patrimônio do Brasil. Se isso for valorizado, é possível considerar essa restauração. Entendemos que o parlamentarismo só vai dar certo com a monarquia. O parlamentarismo presidencialista vai continuar causando problemas para a sociedade.
Há frentes que são mais maleáveis em relação a como chegar até a tão sonhada monarquia novamente. O comendador Galdino Cocchiaro, da Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística, acredita que uma possível mudança para um sistema parlamentarista, mesmo que não monárquico, é um caminho que não pode ser descartado.
— A movimentação monarquista é crescente e queremos o parlamentarismo monárquico, porém aceitaremos o parlamentarismo que vier, porque já é metade do caminho.
De acordo com os simpatizantes da monarquia, a movimentação política pelo qual o País vem passando desde 2013 trouxe mais adeptos da monarquia.
Beccari diz que nas manifestações pelo Brasil é comum hoje em dia ver a bandeira monárquica hasteada.
As redes sociais e os aplicativos de trocas de mensagem têm sido os grandes catalizadores de novos seguidores e canais de propagação dos ideais monárquicos. Entretanto, os atos e eventos feitos pelas frentes pró-monarquia também têm sido de grande valia para angariar mais "súditos".
O casal Victor Eduardo Carvajal Pedreros, de 28 anos, e Letícia Chagas Takahashi, de 20 anos, observava o grupo que entoava o Hino da Independência, juntamente com outra parte de simpatizantes que chegava do desfile no Sambódromo com uma bandeira enorme da monarquia.
Para Pedreros, o momento sensível político brasileiro abre margem para as pessoas se interessarem por outros formas de conduzir a sociedade.
— O fato de ver viva essa parte da cultura do Brasil chamou nossa intenção. A forma como o País está caminhando deixa tudo aberto ao debate. Quem sabe se um dia voltarem a fazer um plebiscito a monarquia leve a melhor. O momento atual está muito confuso e temos que ver todas as possibilidades.
LINK ORIGINAL: R7
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