A casa que Taunay levantou, na área do atual estacionamento da Cascatinha, era inicialmente uma tosca cabana de pau-a-pique, que depois evoluiu para uma vivenda mais luxuosa.
Na Cascatinha, onde viveu com a mulher Adrienne Aimée ce os filhos Auguste Marie, Hippolite, Felix Emile e Adrianne, o artista francês iniciou uma plantação de café.
Quando, em 1821, Taunay decidiu voltar para a França com a esposa e a filha Adrianne, deixou a fazenda sob a responsabilidade de Auguste Marie. Três anos depois, com o falecimento de Auguste, o Sítio da Cascatinha passaria para as mãos de Felix Emile.
A ligação deste com a Floresta foi por toda a vida muito forte, tanto fisicamente, porque ali viveu e trabalhou, quanto familiar e afetivamente, tendo desposado a irmã do Barão d'Escragnolle, segundo administrador da tijuca.
Em 1860, Felix Emile foi contratado para abrir novo trecho inicial da estrada ligando o Alto da Boa Vista à Floresta da Tijuca.
Assim, o traçado que hoje liga a Praça Afonso Vizeu à Cascatinha ainda é o que foi executado por Taunay.
O trajeto antigo continua existindo. Parte dele ainda pode ser percorrido, saindo dos fundos do estacionamento da Cascatinha e indo dar na atual estrada, já bem próximo ao portão de entrada do Parque.
Felix Emile, um dos fundadores da Academia de Belas Artes, da qual foi o primeiro Diretor além de professor de Dom Pedro II, administrou a propriedade da família até 1868, ano no qual a Cascatinha foi finalmente desapropriada pela Fazenda Imperial.
Hoje nada mais existe do que foi um dia a propriedade dos Taunay, tendo sido a sede da fazenda da Cascatinha demolida no princípio do século XX.
No tempo em que Nicolas Antoine escolheu viver na Cascatinha havia, perto das Furnas de Agassiz no Rio Cachoeira que na época era bem mais caudaloso, uma grande queda d'água, conhecida por Cascata Grande. Daí o diminutivo para a Cascatinha que, à primeira vista, parece tão grandiosa.
Desde cedo a Cascatinha do Taunay despertou interesse nos viajantes em particular e nos artistas em geral, tendo sido pintada, desenhada, fotografada e cantada em prosa e verso sob quase todos os prismas possíveis.
Entre seus imortalizadores estão Rugendas, Arago, de La Touanne, Taunay e Marc Ferrez. Em 1872, no seu livro Sonhos d'ouro, José de Alencar fez, em forma de romance, uma ode ao lugar:
"Ha cascatas muito mais ricas e abundantes do que essa, não só na grande massa das águas como na vastidão e aspereza dos penhascos. Têm, sem dúvida, aspecto mais soberbo e majestoso, inspiram n'alma pensamentos mais graves e sublimes. A Cascatinha da Tijuca, porem, prima pela graça; não é esplêndida, é mimosa; em vez de pompa selvagem respira uma certa gentileza de moça elegante; bem se vê que não é filha do deserto; está a duas horas da Corte, recebe freqüentemente diplomatas, estrangeiros ilustres e a melhor sociedade do Rio de janeiro".
Hoje, já não é possível ver a Cascatinha em meio a tanta poesia. O lugar que antes de Alencar já tinha sido descrito por Rugendas como "agradável residência onde moram dois de seus filhos (de Taunay) numa solidão e sossego dignos de inveja, gozando da abundância de maravilhas de que a natureza foi pródiga aí" , agora abunda é de turistas com seus micro-ônibus e câmaras fotográficas.
Fonte: Trilhas do Rio, Pedro Cunha e Meneses, 1996.
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