terça-feira, 15 de novembro de 2016

Príncipe brasileiro visita Brusque para início das comemorações do bicentenário da Independência

Dom Bertrand participa de uma série de eventos na cidade durante esta terça-feira

Monarquia 15/11/2016 | 08h01

Augusto Ittner
augusto.ittner@santa.com.br
Houve festa, é claro, mas longe, bem longe, do que seria a chegada de um monarca ao Vale do Itajaí se estivéssemos no Século 19. Esqueça a corte imperial, porque foi ao lado de alguns secretários e integrantes do movimento monárquico brasileiro que desembarcou em Navegantes ontem o príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança. Sim, príncipe. Por mais que você não esteja acostumado com essa expressão, o senhor de 75 anos de idade nascido na França, durante o exílio após a Proclamação da República — comemorada hoje — leva esse título.

O dia se contrastou com uma grande ironia. A vinda de Dom Bertrand a Brusque — motivada pelo início das comemorações do bicentenário da Independência — ocorreu justamente na véspera da data que ele chama de primeiro golpe no Brasil. O feriado que fez com que muitas pessoas tivessem hoje um merecido dia de descanso é, para o príncipe, uma data de luto. Data essa que remete ao fim do Império e início de uma jornada de 56 anos entre a expulsão de Dom Pedro II e o retorno da Família Imperial ao solo brasileiro.

De direito, mas não de fato, Dom Bertrand é o segundo na linha de sucessão ao trono no Brasil — mais uma expressão com a qual você não está acostumado, certo? Bisneto de princesa Isabel, ele seria, após a morte do irmão, Dom Luís, o nosso imperador caso ainda estivéssemos em uma monarquia parlamentarista. Mas esqueça as pompas tradicionais de qualquer coisa que remeta à realeza. Com o sorriso de lado, a voz lenta e o olhar firme, a maior preocupação do príncipe é fazer com que as pessoas levem a sério aquilo que ele defende.

— A monarquia segue todo o preceito básico da democracia, com o poder Executivo, representado pelo primeiro-ministro, o Legislativo, com Câmara e Senado, e o Judiciário totalmente independente. A diferença está no quarto poder, que é o Moderador, exercido pelo imperador com o objetivo de garantir a harmonia entre os outros três. Como em uma sinfonia — destaca Dom Bertrand com orgulho nos olhos ao falar sobre aquilo que ele passou a vida inteira defendendo.

Morando de
   aluguel

Bertrand é gente como a gente. Não tem uma vida de luxo, como muitos podem imaginar, e mora de aluguel em uma casa no bairro Pacaembu em São Paulo. Lá, como ele mesmo brinca, aprendeu a torcer contra o Corinthians pelas brigas que presenciava da porta de casa. Quando criança era torcedor do Fluminense, mas preferiu deixar passar a paixão pelo tricolor das Laranjeiras. Esporte? Tiro esportivo:

— Sou bom de mira, hein!

Esquecida por décadas e décadas, a Família Imperial brasileira voltou à cena em 1993, no plebiscito — feito 104 anos após Marechal Deodoro da Fonseca proclamar a República. Com o jingle “vote no rei” que pode ser alguns lembrem até hoje, integrantes do movimento pró-monarquia tentavam convencer o eleitor de que aquele era o melhor regime possível. Não deu certo, é verdade, mas 6,8 milhões (13,4% dos votos válidos) de pessoas apertavam o botão de start de uma mobilização discreta, mas que se estende até hoje: a de restaurar o Império do Brasil.

— Apesar do flerte do povo do Vale do Itajaí com o separatismo (Sul é Meu País), o movimento monarquista está crescendo. Com a internet o cidadão tem a oportunidade de pesquisar mais sobre a monarquia e avaliar o assunto sem pressões ideológicas ou preconceitos. Por isso o movimento cresce — analisa o blumenauense Vitor Rebelo Brehsan, membro fundador do Círculo Monárquico Brasileiro.

Quanto à possibilidade do Brasil deixar de ser uma república presidencialista para voltar a ser uma monarquia parlamentarista, Dom Bertrand é objetivo e, ao mesmo tempo, otimista.

– Tenho uma certeza íntima de que a monarquia voltará. A República é uma utopia e foi um desastre para o Brasil – finalizou.

LINK ORIGINAL: JORNAL DE SC - https://goo.gl/pMwkya

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