quarta-feira, 27 de junho de 2018

EX-CZAR FUZILADO EM EKATERINBURG!

No automatic alt text available.

"Desde o começo, o aniquilamento dos Romanov – a execução e o desaparecimento dos corpos – havia sido aprovado por Moscou. Até junho de 1918, as lideranças bolcheviques não sabiam bem o que fazer com a família imperial.

Já mantendo os prisioneiros em Ekaterinburg, o Soviete do Ural era veementemente a favor da execução. Leon Trotsky, o exacerbado comissário vermelho, queria um julgamento público do ex-czar em Moscou, com transmissão nacional de rádio, em que ele, Trotsky, seria o promotor. Lênin, sempre pragmático e cauteloso, preferiu manter a família como peões no jogo que sustentava com a Alemanha.

Em abril, a Rússia Soviética havia assinado o Tratado de Brest Litovsk com a Alemanha Imperial, negociando a paz em troca de um terço da Rússia Europeia e todo o ocidente da Ucrânia para ocupação alemã. Milhões de russos ficaram perplexos diante dessa decisão, que foi considerada uma traição.

Outra complicação, foi que a imperatriz Alexandra era alemã e prima-irmã do kaiser Wilhelm. Agora que a Rússia estava fora da guerra, o novo embaixador alemão em Moscou, conde Wilhelm Mirbach, deixou clara a preocupação de seu governo com relação à segurança de Alexandra e suas quatro filhas.

Lênin não tinha intenção de antagonizar os alemães, principalmente naquele momento. No começo de julho, a guerra civil e a intervenção estrangeira ameaçavam o domínio bolchevique na Rússia. Além dos alemães no oeste e no sul, fuzileiros navais norte-americanos e soldados britânicos haviam desembarcado no norte, em Murmansk. Na Ucrânia ocidental, os generais Alekseyev, Kornilov e Deniken haviam organizado um Exército Branco de voluntários.

Em meio a essa confusão, a ideia de um julgamento espetacular de Nicolau parecia sem sentido, irrelevante. Os próprios Romanov já pareciam meio supérfluos, quase um estorvo. Era melhor não arriscar para eles não caírem em mãos erradas.

Sverdlov relatou essa situação a seu amigo Filipp Goloschekin, membro do Soviete Regional do Ural. Assim, o último contou a seus companheiros do Soviete Regional do Ural que os Romanov não tinham mais utilidade para o governo e deixava a cargo do comitê decidir o momento e a maneira de dispor da família.

O Soviete do Ural votou imediatamente pela execução de todos. Comandante da Casa de Ipatiev, Yurovsky, recebeu ordens para fuzilar os prisioneiros e destruir todos os vestígios do que tinha acontecido.

O comunicado oficial redigido por Sverdlov e enviado para os jornais Pravda e Izvestia também omitiu o fato de que a esposa, as filhas e o filho de Nicolau haviam sido mortos junto com o czar. Em 20 de julho, apareceram jornais em Moscou e em São Petersburgo anunciando:

EX-CZAR FUZILADO EM EKATERINBURG! MORTE DE NICOLAU ROMANOV!

No mesmo dia, o Soviete do Ural pediu autorização para publicar: “O ex-czar e autocrata Nicolau Romanov foi fuzilado juntamente com sua família... Os corpos foram enterrados.” O Kremlin proibiu essa divulgação porque mencionava a execução da família.

Somente em 22 de julho, os editores de jornais de Ekaterinburg foram autorizados a publicar a versão manipulada por Moscou sobre o que acontecera na cidade."

Fonte: Os Romanov, o Fim da Dinastia, Robert K. Massie

Nenhum comentário:

Postar um comentário