quarta-feira, 27 de junho de 2018

O FUTURO NO HORIZONTE

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"Em 1906, três quartos do povo russo extraíam do solo sua sobrevivência. Desde quando Alexandre II aboliu a servidão, a maioria dos camponeses russos vivia em aldeias comunais, fazendo planos comunais para as terras e trabalhavam em parcerias.

O sistema era ridiculamente ineficaz. Dentro de cada comuna, um único camponês podia cultivar até 50 faixas de terra compridas e dispersas, com magras fileiras de trigo ou de centeio em cada faixa. O camponês passava mais tempo percorrendo os sulcos espalhados da plantação do que arando a terra e semeando os grãos.

Pyortr Stolypin, o primeiro-ministro, reverteu esse sistema comunal e introduziu o conceito de propriedade privada. Por decreto do governo, ele declarou que todo camponês que desejasse poderia se desligar da comuna e exigir dela uma parte da terra para cultivar para si mesmo.

E deveria ser um pedaço de terra único, não espalhado em tiras, e essa terra seria herdada pelos filhos daquele camponês. Nicolau aprovou totalmente o programa de Stolypin e, a fim de disponibilizar mais terras, propôs que 4 milhões de acres da Coroa fossem vendidos ao governo, que, por sua vez, as venderia aos camponeses em condições acessíveis.

Embora o czar precisasse do consentimento da família imperial para dar esse passo, e apesar da oposição do grão-duque Vladimir e da imperatriz viúva, ele acabou conseguindo. As terras foram vendidas e Nicolau esperava que os nobres seguissem seu exemplo.

Mas nenhum deles o fez. O impacto da lei de Stolypin foi tanto político quanto econômico. De um só golpe, ele criou uma classe de milhões de pequenos proprietários, cujo futuro estava atrelado a um clima de estabilidade que só podia ser mantido pelo governo imperial.

Aconteceu que os camponeses mais vociferantes e perturbadores da ordem foram os primeiros a reclamar as terras e a se tornarem adeptos da lei e da ordem, diminuindo o movimento revolucionário. Em 1914, nove milhões de famílias de camponeses russos tinham fazendas próprias. No fundo, o sucesso ou fracasso político da Rússia dependia das colheitas.

De 1906 a 1911, o país foi abençoado com verões quentes, invernos amenos e boas colheitas. Em cada acre, os grãos foram os melhores da história da Rússia. Com a fartura de alimentos, o governo subiu os impostos. O orçamento ficou equilibrado e houve até superávit.

Com os grandes empréstimos da França, a rede ferroviária se expandiu rapidamente. Minas de carvão e de ferro bateram recordes de produção. Empresas norte-americanas, como a International Harvester e a Singer Sewing Machine Company, estabeleceram filiais no país.

Na Duma, o governo propôs e passou leis aumentando os salários dos professores primários e estabelecendo o princípio do ensino fundamental gratuito. A censura à imprensa foi amenizada e o governo se tornou mais liberal quanto a tolerância religiosa."

Fonte: Nicolau e Alexandra, Robert K. Massie

LINK ORIGINAL - Romanov: A Última Dinastia da Rússia

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