quarta-feira, 18 de março de 2020

O Capuchinho Herói da Guerra do Paraguai

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Frei Mariano Bagnaia, capuchinho nativo de Viterbo, Itália, chegou ao Brasil, capital Rio de Janeiro, em março de 1847 e, desde logo, ensejou vida missionária de catequização ao índio, no atual estado do Mato Grosso, primeiro Cuiabá depois Diamantino, antes de partir para a aldeia dos Kinikinos, futura Vila do Bom Conselho, na região do Baixo Paraguai.

Em 1864, com a declaração de guerra do Paraguai contra o Brasil, as tropas de Solano Lopez encontraram o frei Mariano em Miranda, como vigário e com jurisdição sobre todo o sul do Mato Grosso. Frei Mariano mobilizou os índios terena a lutarem contra os paraguaios, armados apenas com flechas.

Os terena da missão de Frei Mariano foram cruciais em transmitir ao alto comando do exército brasileiro as informações das localidades do exército paraguaio no Mato Grosso. Apesar da resistência montada contra os invasores (que foi retratada na “Semana Ilustrada”), foi preso, torturado e conduzido para o presídio de Niasc [Paraguai], e depois por diversas prisões paraguaias, conforme movimentações do exército. Mariano relatou que a derrota paraguaia, na batalha de Lomas Valentinas, fez com que Lopez ordenasse matança diária de prisioneiros, inclusive religiosos, sendo frei Basilino Landini o primeiro sacrificado em Assunção.

Seu companheiro das Missões, Frei Ângelo foi decapitado e Mariano conduzido com outros prisioneiros para Parrero Grande, onde seria executado. Quis o destino que soldados brasileiros se encontrassem com aquela ala do exército paraguaio, dando inicio a um inesperado combate, facilitando fuga de frei Mariano que, perseguido e sem alternativas se lançou em águas do rio Apa, mesmo sem saber nadar, porém salvo por um soldado brasileiro.

Visivelmente abalado pela guerra, Mariano retomou suas atividades em Corumbá, como herói de guerra e nomeado 'Pregador Imperial e honras de Major do Exército Brasileiro, por Carta Imperial de 08 de outubro de 1873'.

Na capital do Império em 1886 foi designado para substituir o diretor do Aldeamento São Pedro Alcântara, em Jataizinho - PR, às margens do rio Tibagi, porém, meses depois retornou para a Capital do Império, Rio de Janeiro, para receber ordens de fundar Catequese em Campos Novos. Giovannetti disse que Mariano, mesmo adoentado, "deliberou obedecer às ordens superiores".
Confuso mentalmente, perseguido pelas visões noturnas e terríveis lamentos dos tantos torturados de guerra que presenciara no Paraguai, frei Mariano quando de passagem por São Pedro do Turvo rumo a Lençóis Paulista não resistiu a culpa de sua consciência que o acusava de indigno de viver, enquanto seus discípulos e companheiros de fé sofreram o martírio, e quis ir ao encontro deles e, "num momento de forte desespero, suicidou-se cortando com uma navalha a carótide" (Giovannetti, 1943:

Noticiário da época, na grande imprensa (Correio paulistano, 21/08/1888: 2) traz:
—No dia 08 [de agosto de 1888] falleceu frei Marianno de Bagnaia, em consequencia do medonho golpe em si deu a 18 de mez passado [julho de 1888] quando accommettido de um accesso de loucura."—
Versão variante, religiosa e corrente em Campos Novos Paulista, não menciona o suicídio de frei Mariano, e sim que tenha assaltado e gravemente ferido por ladrões, a mando, que o sabiam ecônomo da Ordem e que levava consigo elevada soma em dinheiro para entregar ao Padre Bernardino de Lavalle para a restauração do aldeamento em Campos Novos ou mesmo a fundação de outro onde melhor aprouvesse àquele sacerdote. O dinheiro, dizem, nunca foi encontrado.

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Fonte: A história do Frei Mariano de Bagnaia: missionário do pantanal. Esboço Histórico da Alta Sorocabana, 'A Catequese dos Índios'. Antropologia, história e educação: a questão indígena e a escola.

BRAZIL IMPERIAL

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