Sua Majestade foi o Soberano português que olhou o nosso Brasil com maiores simpatias, e que melhores benefícios lhe prestou. O que fez, o que conseguiu, não foi pouco. Conseguiu-o pelo exercício combinado de dois predicados que denotam superioridade: um de caráter, a bondade; o outro de inteligência, o senso prático. Foi brando e sagaz, insinuante e precavido, afável e pertinaz.
O Rei Dom João VI medíocre, incapaz de qualquer ação governativa, aparvalhado, ridículo, dominado sempre pela vontade alheia, é uma lenda que foi introduzida no espírito do povo, mas que o estudo calmo e consciencioso de nossa História demonstra não ser absolutamente verdade.
Durante o primeiro período de seu reinado entre nós, o Conde de Linhares dirigiu os negócios do Estado e as coisas da administração, com autonomia quase absoluta. Ora, o Conde de Linhares era um dos estadistas portugueses mais afeiçoados ao Brasil. O Rei o sabia, e por isso mesmo o escolheu, como escolheu depois o Conde da Barra, como escolheu mais tarde Tomás Antonio, o homem que tinha a coragem de dizer: “O Brasil é independente, e nenhuma nação da Europa pode atacar com vantagem.”
- Baseado em trecho do livro “Revivendo o Brasil-Império”, de Leopoldo Bibiano Xavier.
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