Sua Alteza lembra que no Colégio Cristo Rei, onde estudou, no norte do Estado do Paraná, havia um sacerdote palotino alemão que, em assuntos de disciplina, era severíssimo e inflexível. Qualquer peraltagem, qualquer insubordinação, qualquer falta de comportamento de um aluno, tinha punição imediata.
Certa vez aconteceu – é o próprio Príncipe Dom Antonio quem recorda – de o então jovem Príncipe cometer uma pequena falta disciplinar. Sua Alteza percebeu que o bom vigilante o havia visto cometer a falta, e ficou esperando o castigo merecido, certo de que ele viria.
Para o seu grande espanto, porém, o sacerdote não o puniu. Fingiu que não havia visto nada. O recreio prosseguiu, as aulas continuaram e nada de punição... No final das aulas, entretanto, o Príncipe Dom Antonio foi chamado à sala do religioso, que, a portas fechadas, disse-lhe:
– Vi muito bem sua falta, mas fingi que não vi. Sabe por quê?
Sua Alteza nada respondeu.
– Pela seguinte razão: quem é Príncipe deve dar exemplo aos demais. Foi por isso que não quis puni-lo na frente dos outros, para que eles não tivessem o mau exemplo de um Príncipe mal comportado sendo punido publicamente. Mas exatamente porque é Príncipe, seu dever de ser bem comportado é maior e a gravidade de sua falta também foi maior.
E concluiu: – Não quis puni-lo na frente dos outros, mas devo puni-lo aqui. E por que é Príncipe, sua punição será dobrada.
E aplicou ao Príncipe Dom Antonio um daqueles sadios castigos das escolas de antigamente, que tanta falta fazem nas escolas modernas.
– Nunca mais esqueci a lição daquele Padre – diz, ainda hoje, Sua Alteza – aquilo me marcou para toda a vida.
- Baseado em trecho do livro “Dom Pedro Henrique – O Condestável das Saudades e da Esperança”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.´
Foto: em 1957, a Princesa Consorte do Brasil, Dona Maria da Baviera de Orleans e Bragança (1914-2011), e seus dez filhos mais velhos, o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e Bragança (atual Chefe da Casa Imperial do Brasil), os Príncipes Dom Eudes, Dom Bertrand (atual Príncipe Imperial do Brasil), Dom Pedro de Alcantara, Dom Fernando, Dom Antonio, Dom Francisco e o recém-nascido Príncipe Dom Alberto de Orleans e Bragança, e as Princesas Dona Isabel (1944-2017) e Dona Eleonora (atual Princesa de Ligne, pelo casamento) de Orleans e Bragança. Dois anos mais tarde, em 1959, nasceriam as gêmeas Princesas Dona Maria Thereza (atual Senhora Johannes Hessel de Jong) e Dona Maria Gabriela de Orleans e Bragança.
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