quinta-feira, 11 de junho de 2015

BATALHA NAVAL DO RIACHUELO


Decisiva vitória brasileira

Travada há 150 anos, em 11 de junho de 1865 às margens do arroio Riachuelo a batalha que é considerada pelos historiadores militares como uma das mais importantes batalhas da Guerra do Paraguai (1864-1870).

A bacia do rio da Prata era estratégica para as comunicações entre o Oceano Atlântico e os contrafortes orientais da Cordilheira dos Andes. O transporte de pessoas, animais e de mercadorias era feito pelos rios, uma vez que quase não havia estradas até à segunda metade do século XX. O país que controlasse a navegação de seus rios, mas principalmente a sua foz, controlaria o interior do território e a sua economia.
O Paraguai não tinha uma saída direta para o mar (e era "potência"... vai entender...), uma vez que a bacia estava em mãos da Argentina e do Uruguai, este último em constante disputa entre os interesses da República Argentina e do Império do Brasil. Por essa razão, as fortificações mais importantes do Paraguai tinham sido erguidas nas margens do baixo curso do rio Paraguai.
No início do conflito, as tropas paraguaias já haviam ocupado áreas da então Província do Mato Grosso, no Império do Brasil. Se vencessem a batalha do Riachuelo, poderiam navegar livremente pelo rio Paraguai, descer o rio Paraná, conquistar Montevidéu no Uruguai e, de lá, ocupar a então Província do Rio Grande do Sul. Formar-se-ia assim o Grande Paraguai, que se abriria ao comércio atlântico com as demais nações.

O Barão do Amazonas, Almirante Barroso

Ficaram famosas na História Militar Brasileira as mensagens transmitidas às embarcações brasileiras pelo Almirante Barroso, através da sinalização de bandeiras:

"O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!"

"Sustentar o fogo, que a vitória é nossa!"

A Força Naval Brasileira que bloqueava o rio Paraná estava fundeada ao lado do Chaco, a 25 km ao sul de Corrientes e fronteiro a um monumento denominado "A Coluna", ereto na margem esquerda do rio. Era composta de 11 navios, mas no dia da batalha contava só com 9; outros dois: as canhoneiras Itajái e Ivaí encontravam-se destacadas em ponto distante rio abaixo. A força era formada pela 2ª e 3ª Divisões da Esquadra. A frota composta de nove navios de guerra estava armada com 59 bocas de fogo, sendo tripulado por 1 113 fuzileiros navais e 1 174 soldados do Exército Imperial. Somavam um total de 2 287 homens. Seu comandante em chefe era o monarquista Barão do Amazonas, Almirante Francisco Manuel Barroso da Silva.
A marinha paraguaia era composta de 8 navios armados com 38 bocas de fogo, contando ainda com sete baterias flutuantes "chatas" comandadas por tenentes de artilharia, montando cada uma um canhão de 68 libras. Estad "chatas eram rebocadas ao campo de batalha por um navio à exceção do "Salto Oriental" Entre a tripulação figuravam 400 marinheiros entre os oito navios e outros 72 a bordo das chatas. Somando 472 marinheiros que foram agregados com quinhentos combatentes do 6º Batalhão de Infantaria a bordo. A esquadra guarani era comandada pelo Comodoro Pedro Ignácio Mezza. Foram posicionadas nas barrancas da Foz do Riachuelo 22 peças de artilharia e duas baterias à "Congreve" com 1 200 atiradores do exército paraguaio que estavam posicionados em terra, comandados pelo Tenente-Coronel José María Bruguez. Dois outros navios da esquadra paraguaia não participaram do combate e ficaram fundeados águas acima do rio em razão de avarias, o Vapor Paraná, comandante Gutierres e o Vapor Yberá, sob comando do Tenente Pedro Victorino Gill, teve problemas mecânicos e atrasou a chegada da frota paraguaia ao campo de batalha.

                                 
Momento decisivo, quando Barroso põe a pique o Jejui

Na manhã de 11 de junho de 1865, domingo da Santíssima Trindade, por volta das 8:30 hs. após ter sido arriado o sinal de rancho, preparam-se as toldas do Amazonas e do Jequitinhonha para a celebração da Missa. Perto das 9:00 hs. a canhoneira Mearim, navio de vanguarda e de prontidão avançada, iça o sinal de "Inimigo à vista", e logo após outro sinal: "os navios avistados são me número de oito". Barroso, a bordo da Fragata Amazonas, faz o primeiro sinal "Preparar para o combate e depois Safa geralDespertar os fogos das máquinas" e a seguir: "Suspender ou largar amarras por arinques e boias, ou até por mão, como melhor convier".
Às 9h 25 min, a esquadra brasileira está na formação em escarpa voltada águas acima. Barroso iça o sinal "O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever", seguido de outro, com instruções de combate: "Atacar e destruir o inimigo o mais de perto que puder". Os paraguaios descem o rio, perfilham-se com a esquadra brasileira, trocam-se tiros, duas chatas paraguaias são afundadas, um terceira avariada e o Jejuí também é atingido e seriamente avariado e vai abrigar-se na beira do Riachuelo para reparos. A esquadra paraguaia desce o rio faz a volta um pouco abaixo do Riachuelo, torna águas acima e enconsta-se na curva do Riachuelo a jusante das suas baterias de terra, as chatas são fundeadas e preparadas, aguardam a resposta brasileira. Descendo a frota paraguaia se estira ao longo e perto da margem esquerda do Paraná, entre a boca do Riachuelo e a saliência do Rincão de La Graña, a jusante dos 22 canhões inimigos assestados em terra.


O Vapor Amazonas

Às 10h 50m - A esquadra brasileira começa a se mover águas abaixo na direção dos paraguaios, a Amazonas repete o sinal Atacar e destruir o inimigo o mais perto que puder. A Corveta Belmonte vai a frente e abre fogo às 11h 20m, sofre com o fogo combinado dos navios e das baterias de terra, é fortemente fustigada, a água lhe invade o porão. Comunica à capitânia que as bombas não dão vazão e faz contramarcha, dirige-se ao banco mais próximo, na ilha Cabral e aí encalha para não ir a pique e se recuperar.
Às 11 h 25m - A Amazonas investe na vanguarda e abre fogo contra as baterias inimigas e recebe a resposta a bala e metralha. Segue-lhe a Beberibe às 11,40 hs. abre fogo, seguem-lhe a Mearim pelo canal e a Araguari, esta repele uma tentativa de abordagem dos inimigos TaquariMarquês de Olinda e Paraguari. Às 11h 50m A Ipiranga investe pelo canal trocando tiros com a linha inimiga e consegue atravessar. Às 12h e 10m a esquadra brasileira concluíra a primeira passagem águas abaixo.


De 12h 05m às 13h. A Jequitinhonha, segundo maior navio da esquadra do Brasil, encalha antes de passar pelo canal, a pouca distância das baterias de terra do Cel. Bruguez, é atacada com vigor pela artilharia das barrancas e responde a altura com os canhões de bombordo, mas não pode mover-se, ainda assim consegue repelir a tentativa paraguaia de abordagem simultânea pela Taquari, do Marques de Olinda'' e da Paraguari. A Parnaíba deixa a formação e vai águas acima em socorro da Jequitinhonha, bate o leme num banco e depois é atingida no leme, o comandante tenta governá-la só com as velas, mas vêm em sua direção o vapor Paraguari pela proa, o Taquari por bombordo e o Salto por estibordo. A situação da esquadra brasileira nesta hora é crítica: A Belmonte e a Jequitinhonha encalhadas fora de combate e a Parnaíba sofre a abordagem e a bandeira brasileira no navio é arriada.

João Guilherme Greenhalgh

Marcílio Dias

Deu-se voz de preparar para abordagem, o comadante mandou tocar a máquina a toda força e foi sobre o Paraguari, este abriu-se quase ao meio, viu-se perdido e só teve tempo de buscar a praia e a tripulação o abandonou. No entanto a capitânea Taquari, o Salto e logo depois pela pôpa o Marques de Olinda realizaram a abordagem. Os paraguaios em luta corpo a corpo tomam o navio desde a pôpa até o mastro grande, nesta luta sobressaem do lado dos brasileiros o Guarda-Marinha João Guilherme Greenhalgh, o Imperial Marinheiro Marcílio Dias, o Capitão do 9º Batalhão de Infantaria Pedro Afonso Ferreira e o Tenente do mesmo batalhão Feliciano Inácio Andrade Maia mortos na defesa da embarcação e da bandeira. A bandeira brasileira é arriada pelos paraguaios. São 575 os atacantes e 263 os defensores. O comandante da Parnaíba dá ordens de incendiar o paiol de pólvora para que a embarcação não caia em mãos do inimigo. A luta dura uma hora, a esquadra brasileira, a Araguari e a Beberibe fazem águas acima e vêm em seu socorro, neste momento os navios paraguaios abandonam o costado da Parnaíba.

Morte de Greenhalgh na batalha do Riachuelo

Às 14,00 hs. A batalha está na fase mais crítica e indecisa. A Amazonas tendo descido o rio e completado a volta investe águas acima e sinaliza "sustentar o fogo que vitória é nossa" e, por ordens de Barroso, joga a proa contra o casco do Jejuí e o põe ao fundo, a seguir joga a proa contra uma das Chatas paraguaias e a afunda. Livre da abordagem a Parnaíba iça novamente a bandeira brasileira. A fragata Amazonas avistando o Salto parado repetiu a manobra afundando-o, a manobra se repete mais uma vez contra o Marques de Olinda que atingido pela proa da Amazonas desce o rio desgovernado à deriva para encalhar mais abaixo. A esquadra paraguaia perde 4 embarcações e 4 chatas, o restante surpreendido pela manobra foge em retirada rio acima perseguida pela Beberibe e pela Araguari que os fustiga com os seus canhões até se distanciarem. Às 17h 30m a batalha está terminada a com clara vitória da esquadra comandada por Barroso, a Belmontese acha alagada e inutilizada e a Jequitinhonha encalhada.
A vitória foi decisiva para a Tríplice Aliança, que passou a controlar, a partir de então, os rios da bacia platina até à fronteira com o Paraguai, garantindo todo o apoio logístico às forças de terra e bloqueando qualquer ajuda ou contato de López com o exterior.

VITÓRIA DO IMPÉRIO DO BRASIL!

  • Donato, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo: Editora Ibrasa, 1987.
  • Doratioto, Francisco Fernando Monteoliva. Maldita Guerra: Nova História da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
  • MAIA, Prado. A Marinha de Guerra do Brasil na Colônia e no Império. José Olympio Ed. Rio: 1965
  • Subsídios para a História Maritima do Brasil. Serviço de Documentação Geral da Marinha. Ministério da Marinha. Rio de Janeiro: 1965.
DEUS SALVE O IMPÉRIO!

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