quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

DIA DO MARINHEIRO, DIA DO MARQUÊS

O Almirante e Patrono da Marinha Joaquim Marques Lisboa,
Marquês de Tamandaré

Dia do Marinheiro, no Brasil, é celebrado no dia do nascimento de Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, 13 de dezembro.

Neste dia costumam ocorrer formaturas da marinha em cidades que sediam Organizações Militares da Marinha. Os marinheiros do Brasil celebram, em dezembro, data que lhes é dedicada. No dia 13, todos os quartéis da Marinha, uma das três Forças Armadas que integram o poder militar do País, comemoram o Dia do Marinheiro. Exército e Aeronáutica, em ordem do dia assinada por seus respectivos comandantes e veiculada em produtos de mídia impressa dos seus centros de Comunicação Social, expressam a satisfação de compartilhar os desafios de defender a Pátria.

Nascido em 1807, na cidade de Rio Grande, estado do Rio Grande do Sul, começou a sua longeva carreira aos 15 anos, como voluntário da Armada, indo servir na Fragata "Niterói" e tomando parte na campanha pela consolidação da Independência. Em seguida, foi matriculado na Academia Imperial; porém, antes de concluir o curso, seguiu para combater na revolta conhecida como “Confederação do Equador”. Seu desempenho foi tão destacado que o Imperador promoveu-o ao posto de Segundo-Tenente, o que lhe facultou alcançar o oficialato. Posteriormente, participou da Guerra Cisplatina, onde se distinguiu, recebendo seu primeiro comando de navio aos 18 anos de idade. Participou de vários movimentos internos. Seu heroísmo foi provado não só em batalhas, mas também em época de paz, como quando salvou a nau portuguesa "Vasco da Gama", que afundava, e também a tripulação e os passageiros de um navio inglês que se incendiava. Foi Ministro do Supremo Tribunal Militar, do qual aposentou-se pouco antes de morrer.

Armas do marquês de Tamandaré, 
as mesmas das famílias Ribeiro, Soares de Oliveira, Lima e Pais.

A escolha de seu nome para Patrono da Marinha não podia ser melhor. Quando foi proclamada, via golpe de Estado e ditatorial, a república, Tamandaré continuou na ativa, pois considerava-se um servidor do Brasil e não de um regime (era monarquista). A data de seu nascimento é comemorada como o Dia do Marinheiro.

Faleceu, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1897, deixando, em seu testamento...

"Não havendo a Nação Brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do imperador, o senhor D. Pedro II, o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como pela dedicação no constante empenho ao serviço da Pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado, creio que a nenhum homem de seu tempo se poderá prestar honras de tal natureza, sem que se repute ser isso um sarcasmo cuspido sobre os restos mortais de tal indivíduo pelo pouco valor dele em relação ao elevadíssimo merecimento do grande imperador.

Não quero pois, que por minha morte que me prestem honras militares, tanto em casa como em acompanhamento para sepultura.

Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroula e coberto com um lençol, metido em caixão forrado de baeta, tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de dezembro de 1892, devendo colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo, um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique que a âncora cruz, o emblema da fé, esperança e caridade que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos. Sobre o caixão não desejo que se coloque coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a Comenda do Cruzeiro que ornava o peito do Sr. D. Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como o primeiro dos Voluntários da Pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios, que a aviltavam com a sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente a S.M.I. tributei, desejo que essa Comenda Relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe a sepultura, devendo ficar depois pertencente a minha filha D.M.E.L. (Dona Maria Eufrásia Marques Lisboa) como memória d’Ele e lembrança minha.

Exijo que se não faça anúncios nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus Cristo que hajam obtido o foro de cidadãos pela lei de 13 de maio.

Isto prescrevo como prova de consideração a esta classe de cidadãos em reparação à falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão, e reverente homenagem à Grande Isabel Redentora, benemérita da Pátria e da Humanidade, que se imortalizou libertando-os.

Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da Família Marques Lisboa.

Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar algum serviço à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: Aqui jaz o Velho Marinheiro.

Almirante Joaquim Marques Lisboa"

Busto em homenagem à Tamandaré, em Belo Horizonte

FONTES:

  • PORTO-ALEGRE, Achylles. Homens Illustres do Rio Grande do Sul. Livraria Selbach, Porto Alegre, 1917;
  • CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. José Olympio, 1975. p. 1603;
  • CALMON, Pedro. A Vida de D. Pedro II, o Rei Filósofo. Rio de Janeiro: Bibliex, 1975. p. 278.

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