quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

"MONARQUIA RACISTA"... FOI O QUE "ELES" DISSERAM.

Francisco Paulo de Almeida, primeiro e único Barão de Guaraciaba

O Barão de Guaraciaba nasceu em Lagoa Dourada, 10 de janeiro de 1826, foi proprietário rural e banqueiro brasileiro. Distinguiu-se por ter sido financeiramente o mais bem sucedido negro do Império (sim, na monarquia brasileira havia a a ascensão social de negros, já na "democrática e avançada" república dos EUA ocorreram lutas até o meio do século XX para tal). Possuiu diversas fazendas e cerca de duzentos escravos (como sempre digo, infelizmente, a sociedade era escravagista, por isso a demora para, dentro da lei, abolir a escravidão), com uma fortuna estimada à época em setecentos mil contos de réis. Foi proprietário do emblemático Palácio Amarelo na cidade de Petrópolis.

Iniciou sua vida como ourives, especializado na confecção de botões de colarinho. Era exímio violinista e suplementava sua renda tocando em enterros. Depois tornou-se tropeiro e em 1860 comprou sua primeira fazenda no Arraial de São Sebastião do Rio Bonito.Concentrou seus negócios cafeeiros nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro (Vale do Paraíba). Foi proprietário de várias fazendas de café, dentre elas, Fazenda Veneza (Conservatória, Rio de Janeiro), posteriormente de propriedade de Lily Marinho, e Fazenda do Pocinho da Família Almeida e Souza (Barra do Piraí/Vassouras, Rio de Janeiro). Foi sócio-fundador do Banco Territorial de Minas Gerais e do Banco de Crédito Real de Minas Gerais. Agraciado com o o título nobiliárquico de barão em 16 de setembro de 1887.

Embora fosse negro, o aristocrata estava longe de ser um abolicionista. Quando a Princesa Dona Isabel assinou a Lei Áurea, tinha cerca de 200 escravos na fazenda Veneza, em Conservatória, onde possuía mais de 400 mil pés de café. Mesmo com a abolição, a maioria continuou trabalhando para o barão, e alguns foram incluídos no testamento — caso de Isabelinha, que trabalhava na sede da fazenda e ganhou, na divisão da herança, o mesmo valor em dinheiro que os filhos homens: quase 2.000 contos de réis.

Foi o primeiro barão negro do império, se notabilizando pela beneficência em favor das Santas Casas.

Palácio Amarelo, Petrópolis: antiga propriedade do Barão do Guaraciaba.

Após a Proclamação da República, via golpe de Estado ditatorial, adquire o Palácio Amarelo, atual sede do Legislativo da cidade de Petrópolis, foi perseguido pelo legislativo, até vender seu imóvel.

Faleceu com 98 anos de idade em 1901, em uma mansão no Catete — para onde se mudou após vender o Palácio Amarelo, em Petrópolis, à Câmara dos Vereadores —, sua família se espalhou por cidades do Rio e de Minas.

FONTE:

  • Caio Barretto Briso - Jornal O Globo. Um barão negro, seu palácio e seus 200 escravos 16 de novembro de 2014. Visitado em 16 de novembro de 2014;
  • FERREIRA, Carlos Alberto Dias. Francisco Paulo de Almeida – Barão de Guaraciaba: inserção de um negro nas atividades econômicas, sociais e políticas do Brasil no século XIX. In: Simpósio Nacional de História, 25., 2009, Fortaleza. Anais do XXV Simpósio Nacional de História – História e Ética. Fortaleza: ANPUH, 2009;
  • José Smith de Vasconcelos e Rodolfo Smith de Vasconcelos (1917). Archivo nobiliarchico brasileiro - verbete Guaraciaba (Barão de) Imprimerie La Concorde.

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