quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A ORDEM DE MALTA

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A Ordem de Malta – oficialmente a Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, ou Cavaleiros Hospitalários – foi fundada por volta do ano 1048, como uma ordem monástica, cujo objetivo era auxiliar os peregrinos e enfermos e acolher os indigentes.

Em 1113, através de uma bula do Papa Pascoal II, a Ordem se tornou isenta da Igreja Católica e, sob a liderança do Beato Gerardo Tum, transformou-se em uma ordem de cavalaria religiosa e militar, sendo responsável por defender os enfermos e os territórios cristãos da Terra Santa. No ano de 1291, com a perda de São João d’Acre – último baluarte da Cristandade na Terra Santa –, a Ordem se restabeleceu na ilha de Chipre, ocupando também, a partir de 1310, a ilha de Rodes, onde adquiriu soberania territorial.

A fim de proteger a Cristandade, a Ordem formou uma grande frota militar; governada por um Grão-Mestre, intitulado Príncipe de Rodes, e por um Conselho Soberano, cunhava moedas e mantinha relações diplomáticas com outros Estados. Em diversas ocasiões, os Cavaleiros impediram ataques dos turcos otomanos; contudo, tiveram de capitular e deixar a ilha de Rodes em 1523, diante de um ataque do poderoso exército do Sultão Solimão, o Magnífico. Na ocasião, o Sacro Imperador Carlos V concedeu, como feudo soberano, as ilhas de Malta, Gozo e Comino, bem como a cidade de Trípoli, à Ordem, que, em 1530, mediante autorização do Papa Clemente VII, tomou posse de Malta.

No ano de 1565, durante o Grande Assédio, os otomanos foram derrotados pelos Cavaleiros, e a frota da Ordem de São João, que logo passou a ser chamada de Ordem de Malta, estabeleceu-se como uma das mais poderosas frotas do Mediterrâneo, contribuindo para a derrota definitiva das forças otomanas, durante a Batalha de Lepanto, em 1571.

Contudo, em 1798, a ilha de Malta foi ocupada por tropas da Primeira República Francesa, sob a liderança do então General Napoleão Bonaparte, durante sua campanha no Egito. Os Cavaleiros, impedidos por suas leis de lutar contra outros cristãos, viram-se obrigados a abandonar sua ilha, que, em 1802, seria ocupada pelos britânicos. Apenas em 1834 a Ordem conseguiu se estabelecer, de forma definitiva, em Roma, onde adquiriu o Palácio de Malta, que possui privilégio de extraterritorialidade. Assim, sua missão principal voltou a ser o serviço aos pobres e enfermos.

Tradicionalmente, os Cavaleiros de Malta eram membros da realeza e da nobreza católicas da Europa; atualmente, ainda que os Cavaleiros de Honra e Devoção tenham que ter quatro avós nobres em 200 anos ou que a varonia de seu avô paterno tenha pelo menos 450 anos de sangue azul, as classes mais baixas de cavalaria admitem pessoas de todas as classes sociais e de todos os Continentes, exigindo apenas méritos e espírito altruísta de seus membros. Além disso, a Ordem de Malta jamais deixou de ser considerada soberana, mantendo relações diplomáticas com 104 países e 17 organizações internacionais, tendo uma representação permanente na Organização das Nações Unidas.

A Família Real Portuguesa sempre manteve vínculos estreitos com a Ordem de Malta, tendo sido seu 11º Grão-Mestre Dom Afonso de Portugal, filho natural do primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques; e enquanto reinou a Dinastia de Avis, por várias vezes Príncipes da Casa Real ocuparam a Sede do Priorado do Catro, extenso e valioso senhorio, abrangendo vasta extensão do território português, que foi cedido em 1232, pelo Rei Dom Sancho II, aos Cavaleiros da então Ordem de São João de Jerusalém, em recompensa por seu auxílio na luta contra os mouros.

Entre 1527 e 1555, serviu como Prior do Catro o Infante Dom Luís, Duque de Beja, filho do Rei Dom Manuel I, o Bem-Aventurado, em cujo reinado foi descoberto o Brasil. No período da Dinastia de Bragança, as relações entre a Família Real e o Priorado se tornaram permanentes; em 1789, o Papa Pio VI determinou que um Príncipe da Casa Real de Portugal fosse sempre o detentor do título de Grão-Prior do Catro. O Rei Dom Pedro III, esposo e tio da Rainha Dona Maria I, bem como seu filho, o nosso querido Rei Dom João VI, sempre demonstraram grande afeição pela Ordem de Malta.

Após a Independência do Brasil e a fundação de nosso Império, a Família Imperial Brasileira manteve os vínculos com a Ordem, tendo sido o Imperador Dom Pedro I Grão-Prior do Catro desde 1799, e vários retratos de nosso primeiro Soberano independente mostram o uso constante que fazia, pondo o hábito pendente da Ordem de Malta sob a insígnia da Ordem do Tosão de Ouro. Sua esposa, a Imperatriz Dona Leopoldina, havia sido admitida na Ordem em 1817, como Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção. Igualmente, o filho do casal, o Imperador Dom Pedro II, foi investido Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, a mais alta graduação da Ordem, no ano de 1846, enquanto sua consorte, a Imperatriz Dona Teresa Cristina, foi, a partir de 1878, Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção, como retribuição do então Grão-Mestre da Ordem, Príncipe Frei Giovanni Battista Ceschi a Santa Croce, que havia sido feito Cavaleiro Grã-Cruz da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo pelo Imperador.

Curiosamente, nem a Princesa Dona Isabel, a Redentora, nem seu esposo, o Conde d’Eu, e os três filhos do casal, os Príncipes Dom Pedro de Alcântara, Dom Luiz e Dom Antonio, ingressaram na Ordem de Malta, e somente em 1972 um membro da Família Imperial Brasileira, do Ramo não-dinástico de Petrópolis, o Príncipe Dom Pedro Gastão de Orleans e Bragança, tornou-se Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, após ter recepcionado, em 1966, em sua residência, o Palácio do Grão-Pará, em Petrópolis, o Grão-Mestre Príncipe Frei Angelo de Mojana di Cologna, que estava em visita oficial ao Brasil.

Já no ano de 1974, foi a vez do próprio Chefe da Casa Imperial do Brasil, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, ser admitido, igualmente na condição de Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, na Soberana Ordem de Malta, além de ter recebido, posteriormente, a Cruz de Devoção. Por várias vezes, Sua Alteza participou, ao lado do Presidente da República, Dr. Juscelino Kubitschek, da celebração da Missa anual da Ordem, no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. Sua esposa, a Princesa Consorte e Princesa Mãe do Brasil, Dona Maria da Baviera de Orleans e Bragança, também foi, assim como as ancestrais de seu esposo, Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção.

No dia 30 de outubro de 2002, dois filhos do Casal Imperial, os Príncipes Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, ingressaram na Ordem de Malta de forma singular: em cerimônia celebrada em Roma, na sede da Ordem, o Palácio de Malta, e presidida diretamente pelo então Grão-Mestre, Príncipe Frei Andrew Bertie, seguida de um memorável almoço de comemoração oferecido pelo saudoso Marquês Luigi Conda Nunziante de San Ferdinando, nobre italiano e grande amigo dos Príncipes brasileiros.

Por sua vez, o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança, terceiro na linha de sucessão ao Trono, ingressou como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção da Ordem de Malta em 24 de junho de 2010, dia de seu 60º aniversário e também festa litúrgica de São João Batista, Padroeiro da Ordem, em homenagem a quem o Príncipe Dom Antonio recebeu seu segundo prenome, João. O ingresso de Sua Alteza se deu durante Missa Solene no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, celebrada pelo Abade Dom Roberto Lopes, também Capelão Conventual da Ordem. À celebração, seguiu-se jantar na Casa Julieta Serpa, realizado em benefício da obras assistenciais da Ordem de Malta na cidade do Rio de Janeiro. O Príncipe Dom Antonio atualmente também serve como Hospitalário para os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Assistiram à investidura de Sua Alteza, além de seu irmão, o Príncipe Imperial Dom Bertrand, sua esposa, a Princesa Dona Christine de Ligne de Orleans e Bragança, e dois filhos do casal, o Príncipe Dom Rafael e a Princesa Dona Maria Gabriela, e vários sobrinhos, bem como o Conde Antoine de Nicolaÿ, neto da Princesa Dona Pia Maria de Orleans e Bragança, Condessa René de Nicolaÿ pelo casamento, tia do Príncipe Dom Antonio.

Outro irmão do Chefe da Casa Imperial, do Príncipe Imperial e do Príncipe Dom Antonio, o Príncipe Dom Eudes de Orleans e Bragança, também ingressou como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção da Ordem de Malta, no dia 24 de junho de 1974. E também cabe destacar que outro descendente do Imperador Dom Pedro II, Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança, é membro proeminente da Ordem, também como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, além de um dos Presidentes de Honra da Associação de São Paulo e Brasil Meridional da Ordem, tendo ocupado a presidência efetiva da entidade entre 1960 e 1965.

Foto: S.A.R. o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança, Príncipe do Brasil e terceiro na linha de sucessão ao Trono, durante sua cerimônia de investidura como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção da Ordem de Malta, em 24 de junho de 2010, dia de seu 60º aniversário e também festa litúrgica de São João Batista, Padroeiro da Ordem, no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro.

Um comentário:

  1. Obrigado ajudou muito ,gostei bastante simples mais que ajudo muito ♡♥


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