sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A IMPERATRIZ E AS COXINHAS

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O Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Teresa Cristina eram pessoas simples, avessas a qualquer tipo de luxo, e as refeições palacianas eram revestidas de frugalidade.

O prato preferido do Imperador, sempre presente em todas as refeições, eram os caldos, especialmente uma suculenta canja de galinha. Parece que esta preferência era algum tipo de herança genética, já que sua bisavó, a Rainha Dona Maria I de Portugal, era igualmente amante da canja de galinha, da mesma forma como seu avô, o Rei Dom João VI, deliciava-se com as coxas de frango assado.

Ainda a esse respeito, conta-se que o filho mais velho da Princesa Imperial Dona Isabel, o então Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro de Alcântara, possuidor de um temperamento forte, era igualmente apreciador da coxa do frango, só que frita. Certa feita, Sua Alteza se atrasou para o lanche, ocasião em que foi servido frango frito em pedaços.

Como o Príncipe do Grão-Pará não se encontrava presente, seus irmãos mais novos, os Príncipes Dom Luiz e Dom Antonio, serviram-se cada um de uma das coxas. Quando o irmão mais velho chegou e se deu conta de que as coxas que ambicionava não se encontravam mais ali, pôs-se a chorar – crianças são sempre crianças! – e foi se queixar à avó, dizendo que os irmãos não haviam respeitado seu “direito de primogenitura”.

A Imperatriz, como sempre, sorridente, a tudo ouviu e tranquilizou o neto, dizendo: “Vá brincar mais um pouco que a vovó vai dar um jeito”. Avós também são sempre avós! Sua Majestade deu mesmo um jeito: desfiou um pouco do peito do frango, fez uma massa de farinha de trigo, misturou-a com o frango desfiado, envolveu-a em farinha de rosca, amassou tudo nas mãos em forma de coxas, colocou um osso fino na parte da ponta e levou à frigideira para fritar.

Em poucos minutos, nascia a “coxinha de frango”, pronta para ser saboreada pelo pequeno Príncipe do Grão-Pará. Foi um grande sucesso, e Sua Alteza ainda pôde debochar dos irmãos, dizendo que “a coxa de frango da vovó” era muito mais gostosa. A partir de então, os três Imperiais infantes, na hora do lanche, só queriam comer “a coxa de frango feita pela vovó para o mano Pedro”.

A origem Imperial da coxinha, tão popular nas lanchonetes de hoje, foi narrada de boca em boca desde o fim do Império, até os primeiros anos do século XX, caindo no esquecimento com rolar dos tempos. Mas o fato verídico ficou gravado.

- Baseado em trecho do livro “Sua Majestade Imperial D. Thereza Christina Maria de Bourbon e Bragança – ‘A Mãe dos Brasileiros’”, do Prof. Rogerio da Silva Tjäder.

Retrato: S.M.I. a Imperatriz Dona Teresa Cristina do Brasil (1822-1889).

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