sexta-feira, 27 de outubro de 2017

COISAS DA MONARQUIA

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Na manhã da última quinta-feira, dia 16, a Rainha Elizabeth II do Reino Unido deu o seu consentimento régio, sancionando a Lei do Brexit. Agora, a Primeira Ministra Theresa May está autorizada a iniciar o processo de saída do País da União Européia.

No Reino Unido, nenhum projeto ganha força de lei sem antes receber a sanção da Rainha. Isso decorre do fato de que é um dos principais deveres da Soberana garantir que as ações dos membros eleitos do Parlamento estejam de acordo com a vontade nacional e as legítimas aspirações dos britânicos. E ninguém melhor para fazer isso do que uma grande dama que paira acima dos interesses partidários e das querelas políticas.

A decisão de deixar a UE foi tomada pelos britânicos, em referendo de 23 de junho do ano passado. Ao mesmo tempo em que levou os “europeístas” ao pânico, essa decisão trouxe uma brisa fresca de esperança para os milhões de habitantes dos 28 países membros da UE. A decisão dos britânicos abalou Bruxelas (a sede da gigantesca máquina burocrática da organização, bem parecida com a República do Brasil) como um terremoto; altos funcionários se perguntavam, alvoroçados, se o artificialismo burocrático ao qual servem teria chegado ao fim.

Agora, os burocratas sem rosto de Bruxelas temem que outros países membros queiram também consultar suas populações, a fim de acalmar a crescente insatisfação causada pelas absurdas intromissões da UE na vida nacional. Franceses gostariam de um referendo assim. Holandeses, suecos e finlandeses também. Se a moda pega...

Em meio a todo o alvoroço, a Rainha do Reino Unido, com seus 65 anos de reinado, próxima de completar 91 de idade e popularidade estratosférica, sorri enigmaticamente em suas aparições públicas. A Soberana – é tradição da Coroa – não se manifesta em matérias como referendos. Entretanto, jornais britânicos dos mais importantes afirmaram que Sua Majestade teria influenciado seu povo a deixar a UE. Se o fez, seu gesto foi elegante. E como foi esse gesto?

Afirmam esses órgãos da imprensa que a Rainha, em jantar pouco antes do referendo, com o ar distante e quase distraído com o qual uma professora pediria a seus alunos provas da redondeza da Terra, pediu aos convidados três razões para que o Reino Unido permanecesse na UE. Silêncio à mesa. Cada um passa ao vizinho a pergunta. Silêncio confuso e algo constrangedor dos convidados. Silêncio docemente prazenteiro da Soberana. A um tênue sinal, Sua Majestade ordena ao mordomo completar as taças de vinho. Sutil alçar de taças. Sua posição, assim declarada, fez rastilho de pólvora entre seus enlevados súditos.

GOD SAVE THE QUEEN!

Foto: S.M. a Rainha Elizabeth II do Reino Unido trabalha lendo o conteúdo de uma das suas “red boxes”, caixas vermelhas que, todos os dias, trazem documentos de Estado para serem lidos e projetos de lei para serem analisados e sancionados. A Soberana recebe as “red boxes” todos os dias do ano, com exceção apenas do Dia de Natal, aonde quer que esteja.

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