O casamento repercutiu muito nos meios monárquicos de vários países europeus, e foi igualmente comemorado pelos monarquistas brasileiros, existindo, nos arquivos da Casa Imperial do Brasil, numerosas manifestações de regozijo pelo fato. Por amor à brevidade, transcrevemos na íntegra apenas uma notícia, extraída do periódico “L’Action Française”, de Paris, em sua edição de 26 de agosto de 1937, e reproduzida, entre outros, pelo “Correio Imperial”, publicação monarquista do Recife, a 22 de setembro daquele ano, sob o título “O casamento do futuro Imperador do Brasil”:
“Um casamento principesco – O casamento do S.A.R. o Príncipe Henrique de Orleans-Bragança, pretendente ao Trono do Brasil, com S.A.R. a Princesa Maria da Baviera, filha de S.A.R. o Príncipe Franz da Baviera e sobrinha de S.A.R. o Príncipe Real Ruperto, foi celebrado ontem pela manhã, às 11 horas, na capela do Castelo de Nynphenburg, a 5 quilômetros da capital bávara, por Monsenhor Miguel Faulhaber, Arcebispo de Munique.
Numerosas personalidades pertencentes às Casas Reais da Espanha e da Baviera fizeram parte do cortejo.
À frente do cortejo nupcial iam o Príncipe Real Ruperto da Baviera e a esposa, e Sua Majestade o Rei de Espanha, Afonso XIII.
A Princesa Maria da Baviera foi conduzida ao altar pelo Príncipe Franz, ao passo que seu noivo, Príncipe Henrique, dava o braço a S.A.R. a Princesa Luísa de Orleans.
Formavam o cortejo o Duque de Wurtemberg, com a Princesa Luísa Ferdinanda; S.A.R. o Príncipe Luiz Ferdinando e a Duquesa de Wurtemberg; S.A.R. o Arquiduque Jorge da Áustria e a Princesa Helmtrude da Baviera; o Príncipe Alberto da Baviera, o Príncipe das Astúrias, a Princesa das Astúrias, a Princesa de Saxe, como numerosas personalidades; o Príncipe Czartorisky e a Princesa Dolores de Bourbon, recentemente casados, realçaram a cerimônia com suas presenças.
Antes da cerimônia propriamente dita, o Cardeal Faulhaber salientou o alto valor moral do Sacramento do Matrimônio na religião católica, e comparou-o com ‘o dos países onde o casamento é considerado apenas como uma proteção à raça’.
Monsenhor Faulhaber leu uma carta de Mons. Eugenio Pacelli, Secretário de Estado de S.S. o Papa Pio XI, transmitindo a bênção concedida pelo Santo Padre aos jovens esposos. Depois de assistirem à Missa, os noivos regressaram, com seus convidados, ao castelo para almoçar.”
Nesta notícia, que transcrevemos com algumas de suas pequenas incorreções, há um pormenor muito simpático que vale destacar: o Cardeal Faulhaber, grande amigo do Chefe da Casa Imperial e da Princesa Consorte do Brasil, estava conduzindo, naquela época, uma corajosa resistência católica contra o regime nazista, então todo poderoso na Alemanha. O heroico Cardeal aproveitou para, criticando países “onde o casamento é considerado apenas como uma proteção à raça”, lançar uma farpa bem dirigida ao regime nazista.
Da união do Príncipe Dom Pedro Henrique e da Princesa Dona Maria, que durou 44 anos, até a morte do primeiro, resultaram doze filhos: os Príncipes Dom Luiz (atual Chefe da Casa Imperial do Brasil), Dom Eudes, Dom Bertrand (atual Príncipe Imperial do Brasil), Dom Pedro de Alcantara, Dom Fernando, Dom Antonio (atualmente terceiro na linha de sucessão ao Trono do Brasil), Dom Francisco e Dom Alberto e as Princesas Dona Isabel (atualmente sexta na linha de sucessão), Dona Eleonora (Princesa de Ligne pelo casamento; sétima na linha de sucessão), Dona Maria Thereza (Senhora Johannes Hessel de Jong) e Dona Maria Gabriela de Orleans e Bragança.
- Baseado em trecho do livro “Dom Pedro Henrique, o Condestável das Saudades e da Esperança”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.
Foto: casamento de SS.AA.II.RR. o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e da Princesa Consorte do Brasil, Dona Maria da Baviera de Orleans e Bragança; da esquerda para a direita, S.A.I.R. a Princesa Imperial Viúva do Brasil, Dona Maria Pia de Bourbon-Sicílias de Orleans e Bragança, mãe do noivo; S.A.R. o Príncipe Francisco da Baviera, pai da noiva; os noivos; S.A.R. a Grã-Duquesa Carlota de Luxemburgo; S.A.R. a Princesa Isabel de Croÿ, mãe da noiva; na fileira de trás, S.A.R. a Princesa Dona Isabel de Orleans e Bragança, Condessa de Paris, prima-irmã do noivo; , S.A.R. o Príncipe Henrique de Orleans, Conde de Paris; e S.M. o Rei Afonso XIII da Espanha.
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