segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

APÓS A MORTE, O FIM DO EXÍLIO


Após Apelos pela repatriação de seu corpo aumentaram com o passar do tempo depois da morte do imperador. O periódico republicano "A Cidade do Rio" afirmou que o "Brasil é tão largo que não se pode invejar alguns pés escassos de terra para ele" e exigiu: "Tragam-no de volta". A Gazeta da Tarde disse que Pedro merecia um funeral oficial em seu próprio país. Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior escreveu em 1895 no Comércio de São Paulo que "o corpo de D. Pedro não pode continuar a jazer em território estrangeiro". O poeta Olavo Bilac escreveu em 1906 que "A pátria reclama seu corpo e ela irá tê-lo".

Uma lei foi proposta em 1906 para autorizar a transferência dos corpos de Pedro e sua esposa Teresa Cristina de volta ao Brasil. Apesar dela ter recebido o apoio de antigos republicanos, foi arquivada devido à pré-condição imposta por Isabel, Princesa Imperial e herdeira do imperador, que isso só fosse permitido caso o banimento de toda a Família Imperial também fosse revogado. A inauguração de uma estátua de Pedro em Petrópolis em 1911 teve a presença de mais de 1500 pessoas, incluindo membros do governo . Na mesma época foi publicado um manifesto escrito por Lafayette Rodrigues Pereira, João Alfredo Correia de Oliveira e Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto, todos ex-Presidentes do Conselho de Ministros do império, que declaravam: "dado o amor que os Brasileiros tem por seus soberanos, nós concordamos no retorno dos restos veneráveis de volta de São Vicente de Fora [Panteão da Dinastia de Bragança em Portugal]".

Um novo projeto de lei que revogava o banimento de toda a Família Imperial foi debatido na câmara em 1913. O deputado republicano Irineu Machado alegou que "objeções fúteis" estavam sendo levantadas para negar "justiça para a memória do imperador". Outro deputado, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, afirmou que "D. Pedro II partiu pobre, deixando o país rico; é uma injustiça que aqueles que são ricos e deixam o país empobrecido sejam contra". O deputado Pedro Moacir acreditava que o retorno dos restos representaria "a gratitude perpétua da posteridade para o mais clemente, o mais tolerante de todos os monarcas de seu tempo". Maurício Paiva de Lacerda disse que "agora os traços de seu legado político – honestidade – estão desaparecendo". Entretanto, a proposta foi rejeitada no Senado pela intervenção do caudilho e republicano radical José Gomes Pinheiro Machado.

O discurso mais famoso em homenagem a Pedro foi realizado em 1914 pelo senador Rui Barbosa, o último líder ainda vivo do golpe de 1889 e justamente a pessoa que ordenou seu banimento:

“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação. [...] De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime [a Monarquia], o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante [Pedro II], de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade.”

A campanha finalmente alcançou o presidente Venceslau Brás em 1916, que concordou com o retorno dos corpos e a revogação do banimento, porém decidiu esperar pelo fim da 1ªGM (que acabou por matar 2 Príncipes brasileiros, em espcial Dom Luis Maria) para aprovar oficialmente o ato. Seu sucessor Epitácio Pessoa assinou a lei em 1920 usando uma pena dourada feita pela Associação Brasileira de Imprensa, encerrando o banimento da Família Imperial e permitindo a repatriação de Pedro e Teresa Cristina. "[...] aqueles que criaram a república federal não tem reivindicações contra as cinzas do antigo imperador, cujas virtudes eram muito maiores que suas falhas [...] portanto, na galeria republicana há um lugar apropriado, e um grande, para D. Pedro II".

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