O Brasão histórico do Exército brasileiro e o atual, respectivamente
O Exército Imperial durante a monarquia era dividido em dois ramos: o de 1ª Linha, que era o Exército de fato; e o de 2ª Linha, formado pelas antigas milícias e ordenanças herdadas dos tempos coloniais. Com a recusa das tropas portuguesas nas províncias da Bahia, Maranhão, Pará e Cisplatina em aderirem à independência, o Imperador Dom Pedro I reorganizou as tropas a sua disposição para o conflito iminente. A maior parte dos militares sediados no país - inclusive os naturais de Portugal - permaneceram leais ao Imperador, que pode dispor de tropas, equipamento e bases para as operações de guerra. Assim, durante a Guerra da independência, a força terrestre combateu eficazmente no norte/nordeste e no então extremo sul do Brasil (hoje Uruguai), derrotando as tropas leais a Portugal. Em 1824 o efetivo do Exército de 1ª Linha era de 24.000 homens disciplinados, treinados e equipados tão bem quanto os seus equivalentes europeus. Com o término da guerra de Independência, as Forças Armadas Brasileiras já estavam efetivamente bem organizadas e equipadas. Isto ocorreu graças principalmente ao Imperador Dom Pedro I que sempre admirou e respeitou a carreira de armas.
No Segundo Reinado...
A vitória dos liberais com a abdicação de dom Pedro I resultou na diminuição do efetivo do Exército. Os liberais eram contra o exército por razões ideológicas e econômicas. Tudo o que desejavam era "dispersá-lo, dissolvê-lo, deportá-lo para os confins”. O objetivo era eliminar qualquer possibilidade de retorno de dom Pedro ao Brasil, eliminando, portanto, uma das instituições mais ligadas ao ex-Imperador. Vários batalhões foram dissolvidos e outros transferidos para as províncias mais distantes. A maior parte dos soldados foi dispensada, o alistamento foi suspenso e foi proibida a promoção de qualquer oficial. Em 30 de agosto de 1831, a regência liberal reduziu o efetivo do Exército para menos de 10.000 homens e pouco tempo depois para apenas 6.000.
O resultado da desmobilização do Exército e da opção por uma força armada sem preparo militar (Força Nacional) algum logo se fizeram sentir, se constituindo num dos vários motivos do governo central no Rio de Janeiro, ser incapaz de sufocar de pronto as diversas rebeliões, muitas de caráter republicano, que ocorreram pelo país durante o período regencial. Destas, se destacam a Balaiada, a Cabanada, Cabanagem, a Guerra dos Farrapos, o levante Malê e a Sabinada.
Período regencial, conhecido como o "período republicano do Império" pois não havia Imperador no Trono... foi a primeira "experiência republicana" brasileira e foi um GRANDE sinal de que a república seria um caos... dito e feito.
A eleição do conservador Pedro de Araújo Lima para o cargo de regente em 1837 mudou a situação completamente. O Partido Conservador restaurou o Exército, reorganizando-o e reequipando-o e aumentou o seu efetivo para 18.000 homens. O Exército Imperial angariou seguidas vitórias aniquilando as revoltas provinciais. No começo da década de 1840, uma nova reestruturação no Exército tornou-o mais coeso e combativo. O Exército Imperial tinha em 1851 mais de 37.000 homens e participou da Guerra do Prata, onde derrotou a Confederação Argentina com a colaboração de tropas uruguaias e de rebeldes argentinos.
Após alguns anos “deixado de lado”, a nomeação do marquês de Caxias como comandante das tropas brasileiras em operação no Paraguai em meados de 1866 revolucionou completamente o Exército Imperial. Dos 18 mil homens no país em 1865, o Exército passou a ter 67.365 em 1866, 71.039 em 1867 e 82.271 em 1869. Caxias reorganizou as tropas que receberam uniformes, bagagem e equipamentos tão bons quanto os do Exército Prussiano. O serviço de Saúde prestado as forças armadas tinha qualidade pouco inferior ao que existiu na Guerra de Secessão dos Estados Unidos e superior ao da Guerra da Criméia.
O conflito armado durou mais de cinco anos e custou a vida de 50.000 brasileiros, mas o Império saiu vitorioso e manteve sua supremacia sobre a América Latina. Foram mobilizados 154.996 homens para o Exército Imperial durante toda a guerra, divididos da seguinte maneira: 10.025 militares do Exército que estavam no Uruguai em 1864, 2.047 que se encontravam na província do Mato Grosso, 55.985 Voluntários da Pátria, 60.009 Guardas Nacionais, 8.570 escravos libertos e outros 18.000 Guardas Nacionais que permaneceram em território nacional para defendê-lo. O governo imperial destinava cerca de 30% do orçamento para o Exército e Armada no ano fiscal de 1873-74.
A partir da década de 1880, surgiu uma nova geração de militares turbulentos e indisciplinados. Os antigos militares monarquistas, como Luís Alves de Lima e Silva (duque de Caxias), Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão (visconde de Santa Teresa), Antônio de Sampaio, Manuel Marques de Sousa (conde de Porto Alegre) e Manuel Luís Osório (marquês do Herval) haviam falecido. Os cadetes aprendiam o Positivismo na Escola Militar e ignoravam por completo qualquer instrução militar. Tanto a geração que sucedeu aos militares monarquistas como a mais nova formada por oficiais de baixa patente defendiam a implantação de uma ditadura militar. Os ativistas republicanos incentivaram o comportamento indisciplinado de uma parcela dos militares do Exército durante os anos de 1887 e 1888 alegando falta de atenção e consideração por parte do governo as Forças Armadas. Em 1888, cerca de 19% do orçamento era destinado as Forças Armadas. Apesar do percentual ter diminuído quanto a receita em geral, o valor real ainda assim aumentou de em torno de 27.000:000$000 no ano fiscal de 1873-74 para cerca de 30.400:000$000 em 1888. A inflação no período monárquico era extremamente baixa.
Em 1899, já no período republicano, o orçamento destinado ao Exército era apenas um terço do valor de 1889.
VAMOS RESTAURAR O BRASIL!
A Reação militar contra o 15/11/1889.
Em 15 de Novembro de 1889 a monarquia foi derrubada por tropas do Exército lideradas pelo marechal Deodoro da Fonseca, que se tornou o líder da primeira ditadura brasileira. Um dos líderes dos militares revoltosos, marechal Câmara (visconde de Pelotas) afirmou que cerca de 20% do efetivo do Exército Imperial apoiou o golpe de Estado. Nos dias seguintes diversos batalhões do Exército espalhados pelas províncias do país participaram de confrontos armados com o intuito de impedir o golpe. Um exemplo foi o do 25º Batalhão de Infantaria que se encontrava em Desterro (atual Florianópolis) e atacou o Clube Republicano em 17 de novembro de 1889. Um mês depois em 18 de dezembro no Rio de Janeiro foi a vez do 2º Regimento de Artilharia. Militares monarquistas participaram da Revolução Federalista ocorrida em 1893 com o intuito de restaurar o Império. Os que não faleceram nas batalhas, foram presos, deportados ou fuzilados.
FONTES:
- JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. Os subversivos da República. São Paulo: Brasiliense, 1986, p.17
- VERSEN, Max von. História da Guerra do Paraguai. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976, p.99
- HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira: Declínio e Queda do Império (2a. ed.). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1974, p.255
- SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do monumento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008, p.209
- NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império. Volume único. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1975, p.59
- PEDROSA, J. F. Maya. A Catástrofe dos Erros. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2004, p.229
- VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p.318
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