sexta-feira, 12 de agosto de 2016

5 factos sobre o imperador do Japão que talvez desconheça

Imperador Akihito quer renunciar ao trono, mas a lei não o deixa. 
Outras cinco curiosidades sobre a casa imperial japonesa, a dinastia mais antiga do mundo

Passados 200 anos da última renúncia de um imperador ao trono japonês, a hipótese volta a estar em cima da mesa com Akihito, atual soberano da monarquia japonesa, que vai para o 28.º à frente do Império do Sol Nascente.

O imperador japonês emite comunicados à população de uma forma muito esporádica e foi com surpresa que os japoneses o viram falar à nação, na manhã desta segunda-feira, sem ser no âmbito de uma ocasião simbólica. Sem quer nada o fizesse prever, Akihito, de 82 anos, apareceu em público para sustentar o seu desejo de renunciar ao trono, com base na idade e na sua saúde, que se encontra em declínio. Apesar de o ter feito num discurso vago em palavras, foi percetível para a população japonesa aquilo que o monarca estava a pedir: uma discussão no parlamento para que a lei do trono seja alterada e ele possa renunciar.

Desde o século XIX, altura em que foi atribuído um estatuto de entidade divina ao imperador, que lhe foi retirado o direito de abdicar do trono, estando por isso obrigado manter-se no poder até ao dia da sua morte. O reinado de um imperador no Japão também define calendários. Cada reinado é referente a uma era no calendário japonês, sendo que, quando o imperador morre, volta-se ao Ano Um de uma nova era. A era de Akihito é conhecida pela era Heisei, que significa "paz em todo o lado".

Em reação às palavras do imperador, Shinzo Abe, o primeiro ministro do Japão, fez uma curta declaração na qual admitiu a disponibilidade do governo japonês para aceder ao pedido do imperador e rever a alteração da lei, que foi das poucas que se manteve depois da alteração constitucional realizada no final da II Guerra Mundial, em 1945.

Além da impossibilidade do imperador renunciar ao trono, existem outras características que deve conhecer sobre a família imperial japonesa, descritas pelo The New York Times.

UMA DINASTIA DURADOURA
A casa imperial do Japão é a dinastia mais antiga do mundo. Akihito é o 125.º imperador de uma dinastia que, acredita-se, vem do ano 600 A.C, ano da fundação do país, e é descendente do imperador Jimmu, que por sua vez, segundo a população, descendeu da deusa do Sol. No entanto, a história dos imperadores do Japão está envolta em mistério e as provas históricas só permitem atestar uma linha dinástica que não foi quebrada desde o ano de 500 D.C. Seja como for, já lá vão uns anos.

DE SEMIDEUSES A HOMENS
O imperador é o chefe de estado e a autoridade máxima do Xintoísmo, a religião do Japão. No século XIX começou a existir um maior culto de personalidade e uma deificação do imperador, tendo-se mantido essa tendência até ao século XX, quando Hirohito renunciou a esse estatuto atribuído pela constituição ao chefe de estado.

UMA FAMÍLIA DE CIENTISTAS
A família real japonesa colocou o país no trilho do desenvolvimento industrial e demonstra interesse pela ciência desde os tempos do imperador Meiji (1867-1912). Os dois últimos imperadores, Hirohito e Akihito, revelaram um interesse particular pela biologia marinha. Hirohito escreveu vários ensaios sobre a classe Hydrozoa, que alberga a família das alforrecas e das caravelas portuguesas, enquanto Akihito estudou muito atentamente os peixes Gobi, existindo até uma espécie nomeada em honra do imperador japonês.

MULHERES NO PODER
Embora com legitimidade para reclamar o trono durante um longo período da história, só oito mulheres ostentaram a coroa japonesa de imperatriz até hoje. A partir do século XIX, passou a ser proibido e agora só uma retificação da Lei da Casa Imperial pode fazer com que uma mulher volte a assumir o trono do Japão. O poder passa sempre para o filho varão mais velho da família real, que neste momento é o príncipe Naruhito. Como este só tem uma filha, o seu sucessor será, por sua vez, um sobrinho seu, o príncipe Hisahito (filho do irmão de Naruhito e neto do imperador Akihito). O executivo japonês chegou a ponder mudarar a lei a favor da princesa Toshi, filha única de Naruhito, mas com o nascimento do Hisahito, em 2006, o problema da sucessão masculina na família real japonesa ficou resolvido.

O TRONO DE CRISÂNTEMO
Akihito e a sua família vivem no palácio imperial de Tóquio, considerado uma das propriedades de imobiliário mais caras do mundo. No palácio imperial de Tóquio está também a Agência da Casa Imperial – órgão que trata de todos os assuntos da família real –, além de vários museus. A monarquia é referida de uma forma metafórica como o trono de crisântemo, no entanto, existe mesmo um trono de crisântemo instalado num palácio em Kyoto, no qual o imperador se senta quando da sua coroação.

LINK ORIGINAL: VISÃO - http://goo.gl/jk97dz

Nenhum comentário:

Postar um comentário