domingo, 17 de dezembro de 2017

A DIGNIDADE IMPERIAL

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Sempre se entendeu que a dignidade Imperial é superior à de um “simples” Rei. Quando, na noite de Natal do ano 800, o Papa São Leão III quis conceder a Carlos Magno a primazia temporal sobre a Cristandade, sagrou-o Imperador. Tratava-se, com isso, de uma revivescência das antigas glórias do Império Romano, extinto no Ocidente com a deposição do Imperador Rômulo Augusto, em 476.

Desde então, sempre se entendeu que a dignidade Imperial estava, no plano temporal, no ponto mais alto atingível por um Soberano. E tanto se entendia um Imperador acima dos “simples” Reis, que, mais de uma vez, na história medieval, aconteceu de algum Monarca reunir várias coroas e pretender por isso usar o título de Imperador.

Igualmente foram chamados de Imperadores os Soberanos da Rússia, porque se entendia que a vastidão de seus domínios (extensos como dezenas de reinos) o comportava. O Monarca da Etiópia, legendariamente conhecido na Europa como “Preste João”, era também chamado Imperador, porque, na insuficiência dos conhecimentos geográficos da época, supunha-se que este reinasse sobre territórios africanos mais extensos do que vários reinos europeus juntos.

O século XIX assistiu à extinção do Sacro Império Romano-Germânico, em 1806, com seu último Soberano, o Imperador Francisco II, assumindo o novo Império da Áustria (com o nome de Francisco I); assistiu à ascensão e queda dos dois Impérios Napoleônicos na França (o de Napoleão I, de 1804 a 1815, e o de seu sobrinho, Napoleão III, de 1852 a 1870); assistiu à criação do Império do Brasil, em 1822; à do Império Alemão (o II Reich), em 1871; e à proclamação da Rainha Vitória do Reino Unido como Imperatriz da Índia, em 1876. Para não falar no efêmero reinado do Arquiduque Maximiliano da Áustria, o malogrado Imperador do México, de 1864 a 1867.

Em todos esses casos esteve presente, com ou sem razão, a ideia de erigir Monarquias de tão excepcional extensão e grandeza, que melhor lhes cabia a dignidade Imperial que meramente a Real.

Se na França, a aclamação de Imperadores – mormente em se tratando de usurpadores – não podia ser bem acolhida, uma vez que contrariava a tradição régia milenarmente consolidada, no caso do Brasil, que se emancipava de Portugal de modo não traumático, pois até lhe conservara a Dinastia, e que, indiscutivelmente, tinha proporções para constituir um Império, caiu bem a aclamação do Imperador Dom Pedro I. E em todo o mundo, uma vez reconhecida a Independência do Brasil, nunca se pôs em dúvida tratar-se da dignidade Imperial perfeitamente ajustada para o nosso País.

O alto prestígio atingido pelo Império do Brasil, muito notadamente no reinado do Imperador Dom Pedro II, consolidou a tradição Imperial brasileira, e seria retrocesso descabido e desairoso para nossa Pátria propor, uma vez restaurada a Monarquia, um Rei em vez de um Imperador.

- Baseado em trecho do livro “Parlamentarismo, sim! Mas à brasileira: com Monarca e Poder Moderador eficaz e paternal”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

Pintura: a coroação de S.M.I. o Imperador Dom Pedro I do Brasil (1798-1834), na Capela Imperial do Rio de Janeiro, em 1º de dezembro de 1822.

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