domingo, 28 de janeiro de 2018

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Uma rainha louca, um governador poderoso com status de vice rei e um projeto revolucionário. Fazer em Belém, o primeiro Jardim Botânico do Brasil. E ele saiu do papel, ganhou formas e exemplares para depois, acabar esquecido pela história.

Você sabe porque a então Estrada de São José , hoje 16 de novembro, era margeada por palmeiras imperiais, em um cenário muito similar ao visto no Rio de Janeiro até hoje?

Você sabe porque um gigantesco Largo Redondo marca a Avenida? E de onde será que surgiram os primeiros estudos botânicos da Amazônia. ? Tudo reunido na desconhecida história do primeiro Jardim Botânico de Belém, mandado implantar por uma rainha, destruído por Cabanos e esquecido por toda uma cidade.

Em 4 de novembro de 1796, a rainha D. Maria I, através de Carta Régia, ordenou a implantação de um jardim botânico em Belém do Pará ao governador da Capitania que exeutou a ordem dois anos depois.

O jardim tinha objetivo agrícola, científico e econômico. Um local para aclimatar plantas úteis ao comércio europeu de especiarias e para ampliar o conhecimento sobre plantas exóticas amazônicas.

Entre 1803 e 1806, D. Marcos de Noronha e Brito, o oitavo Conde dos Arcos, governador da Capitania, realizou uma reforma urbanística na capital, criando na estrada que conduzia ao Jardim Botânico, um passeio público que tinha a estrutura de um largo circular que viria a ser chamado de Largo do Redondo. Ali eram vendidas hortaliças para o consumo público.

A área foi drenada por meio de covas com mangueiras, sumaumeiras e árvores-do-pão onde foram instaladas algumas chácaras. A reforma aumentou a salubridade e afastou surtos endêmicos da cidade.

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Na mesma reforma urbanística na região do Piri, conhecida como Alagadiço de Juçara; foram traçadas estradas de passeio arborizadas, onde se encontrava um horto, no qual eram cultivadas espécies trazidas de Caiena, dentre elas as caneleiras, O conjunto urbanístico da cidade abrangia o Jardim Botânico, o Passeio Público e o Jardim das Caneleiras. Em 1818, assumiu a direção do Jardim Botânico o médico e naturalista Antônio Corrêa de Lacerda, Conde de Villa Flor, que deu maior organização à instituição.

Tinha assistente, escravos e degredados mantidos no quartel ao lado do jardim. Fez experimentos agrícolas, renovou a plantação de caneleiras e a produção de canela, iniciando a catalogação e a classificação botânica das espécies cultivadas. Esse trabalho deu origem à sua obra mais importante, a "Flora Paraensis".

O primeiro império abandonou o jardim. A Cabanagem acabou por destruir o espaço. Em 1859, o jardim transformou-se num lugar de recreação.

Em 1864, o jardim foi transferido para a esquina das estradas do Arsenal e São José ( Tamandaré com 16 de novembro). O novo espaço chegou a lucrar com a abertura do rio Amazonas à navegação internacional, abrigando a remontagem do Pavilhão Comemorativo.

Mas seguiu agonizando até ser fechado em 1879. Em 1902, não havia mais nenhum sinal de existência do Jardim Botânico do Pará, e em seu local havia sido construída a Avenida 16 de Novembro.

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POR QUE ISABEL FOI IMPERATRIZ DO BRASIL?

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Em 15 de novembro de 1889, um golpe militar depôs o imperador Pedro II e proclamou a República. Os republicanos nunca forçaram Pedro II a abdicar formalmente e o imperador foi mandado ao exílio com sua família mantendo seus títulos. Pedro II morreu em Paris no ano de 1891. Muitos brasileiros estavam presentes quando ele morreu, além da família imperial e alguns príncipes da Casa de Saxe-Coburgo-Gota. Naquela ocasião, depois do momento de luto e emoção, Isabel solenemente beijou as mãos de seu pai, e depois disso, todos os presentes beijaram a mão dela, reconhecendo-a como a Imperatriz de jure do Brasil.

No funeral do imperador em 9 de dezembro de 1891, havia uma imensa delegação de brasileiros, a Rainha Isabella II da Espanha, o Rei Francisco II das Duas-Sicílias, o Kaiser Guilherme II da Alemanha, o Príncipe Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o Príncipe Philippe, Conde de Paris, o Grão-Duque da Rússia, Alexandre Mikhailovich, entre outros membros da realeza europeia. Naquela ocasião novamente os brasileiros beijaram as mãos de Isabel e aclamaram como Imperatriz do Brasil. A imprensa francesa não somente reportou a morte de Pedro II como também mencionou Isabel como se tornando oficialmente a Imperatriz do Brasil, título esse pelo qual ela era tratada não somente pela imprensa francesa, mas pelo governo francês até a data de sua morte em 1921. O mesmo tratamento lhe foi dado pelas imprensas portuguesa, alemã e espanhola.

No Brasil, o Diretório Monárquico Brasileiro, fundado como o órgão oficial da Monarquia em 1890, começou a trata-la pelo título de Imperatriz. Depois do fim da Ditadura da Espada e a ascensão civil ao governo brasileiro em 1894, órgãos oficiais da República dos Estados Unidos do Brasil vieram a se referir a ela como Imperatriz, como no caso da Supremo Tribunal Federal - caso esse que rendeu duras críticas ao governo pela imprensa republicana e dos republicanos mais exaltados como o presidente Afonso Pena, que emitiu grande censura. Nas memórias da Condessa de Paris, a neta de Isabel relata que durante a viagem de sua avó a Paris para acompanhar o aviador brasileiro Alberto Santos-Dumont, ela fora recebida por oficiais franceses, militares, políticos e diplomatas, assim como alguns membros da Casa de Orléans e subsequentemente referida na imprensa como Imperatriz do Brasil. Em 1896, durante um jantar com a Rainha Vitória, a mesma se referiu a Isabel como "Imperatriz herdeira do Brasil."

Isso é devido a dois fatores: O primeiro é a imensa popularidade do Imperador Dom Pedro II não somente no Brasil mas no resto do mundo e o curto tempo entre a mudança de regime político no Brasil e a morte do Imperador, que gerou força política para que a Monarquia fosse restaurada no Brasil. Graças a isso, a realeza europeia não hesitou em aceita socialmente Isabel como Imperatriz do Brasil. O uso do título de Imperatriz foi socialmente aceito também para evitar confusão com seu antigo título de herdeira: Princesa Imperial do Brasil; título herdado por seu filho, Príncipe Pedro de Alcântara, na ocasião da morte de Dom Pedro II e ascensão de Isabel como Chefe da Casa imperial brasileira. O segundo fator foram os três períodos em que Isabel governou o Brasil como regente em nome de seu pai, que gerou enorme curiosidade na Europa pela estabilidade do Brasil, uma vez que o monarca podia deixar o país livremente sem temer nenhuma instabilidade política eventual. Em parte isso confundiu muitas pessoas que achavam que o Imperador tinha abdicado em favor de Isabel.

Recentemente até mesmo livros de história tem se referido a ela como Imperatriz de jure do Brasil. Isabel pode não tem sido uma Imperatriz reinante no Brasil, mas por ter sido aclamada, reconhecida oficialmente pelo governo e pelo seu legado como regente do país durante várias ocasiões, ela foi Imperatriz titular do Brasil como seu bisavô, o Rei Dom João VI de Portugal, Brasil e Algarves, ou como foi o caso do Imperador Napoleão II dos Franceses.

Fontes: História de D. Pedro II - por Pedro Calmon, 1975
Pedro II e o Século XIX - por Lídia Besouchet, 1993
D. Pedro II: ser ou não ser - por José Murilo de Carvalho, 2007
Princess Isabel of Brazil: gender and power in the nineteenth century - by Roderick J. Barman, 2002
De Todo Coração - por Princesa Isabel de Orléans e Bragança, 1983
História de Dom Pedro II (1825–1891): Declínio (1880–1891) -
por Heitor Lyra, 1997

LINK ORIGINAL - HABITAT POLÍTICO

PRÍNCIPE / PRINCESA IMPERIAL DO BRASIL

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Continuando nossa série de publicações sobre os títulos usados pela Família Imperial Brasileira, com objetivo de ajudar os veteranos e novos monarquistas, e também aos interessados em geral, a terem uma melhor compreensão acerca de tais titulações e sua história, hoje falaremos sobre o título de Príncipe Imperial do Brasil.

A Constituição Imperial de 25 de março de 1824 concede o título de Príncipe ou Princesa Imperial do Brasil ao primeiro na linha de sucessão ao Trono e à Coroa do Brasil, seja este o herdeiro aparente (aquele cuja posição está assegurada; por exemplo: o primogênito homem do Imperador), ou o herdeiro presuntivo (que pode eventualmente perder a primazia na linha sucessória; exemplo: a filha primogênita do Imperador, que pode vir ser suplantada por um irmão mais novo, nos termos do Artigo 117 da Constituição Imperial, que determina a sucessão de preferência masculina).

Em seu Capítulo III – “Da Família Imperial e sua dotação”, a Constituição Imperial dizia:

“Art. 105. O herdeiro presuntivo do Império terá o título de Príncipe Imperial e o seu primogênito o de Príncipe do Grão-Pará, todos os demais terão o de Príncipes. O tratamento do herdeiro presuntivo será o de Alteza Imperial e o mesmo será o do Príncipe do Grão-Pará; os outros Príncipes terão o tratamento de Alteza.”

Seguindo a tradição monárquica luso-brasileira, o título de Príncipe Imperial do Brasil faz alusão ao de Príncipe Real de Portugal, concedido ao primeiro na linha de sucessão ao Trono Português. E, uma vez que a Constituição Imperial permite a sucessão feminina à Coroa do Brasil, quando ocorre de a primeira na linha sucessória ser uma senhora, esta terá o título de Princesa Imperial do Brasil. Da mesma forma, a esposa do Príncipe Imperial será intitulada Princesa Imperial do Brasil, assim como o marido de uma Princesa Imperial por direito próprio também terá direito ao título de Príncipe Imperial do Brasil.

No seu Artigo 46, a Constituição Imperial estabelece que “Os Príncipes da Casa Imperial são Senadores por direito, e terão assento no Senado logo que chegarem à idade de vinte e cinco anos”. Este Artigo – que abrange o Príncipe Imperial, o Príncipe do Grão-Pará e os demais Príncipes – nada tem de incompatível com os princípios de uma Monarquia Constitucional Parlamentar moderna e plenamente democrática; basta dizer que, até 2014, todos os filhos e filhas do Soberano da Bélgica tinham o direito de assumir um assento no Senado daquele País, ao completarem 18 anos. Já o Artigo 144 da Constituição Imperial diz: “O Príncipe Imperial, logo que tiver dezoito anos completos, será de direito do Conselho de Estado; os demais Príncipes da Casa Imperial, para entrarem no Conselho de Estado, ficam pendentes da nomeação do Imperador [...]”. Contudo, por razões que serão expostas mais adiante, somente uma Princesa Imperial pôde assumir seu lugar de direito no Conselho de Estado e seu assento no Senado do Império.

Já o Artigo 106 determina: “O herdeiro presuntivo, em completando catorze anos de idade, prestará, nas mãos do Presidente do Senado, reunidas as duas Câmaras, o seguinte juramento – Juro manter a Religião Católica Apostólica Romana, observar a Constituição Política da Nação Brasileira e ser obediente às Leis e ao Imperador.”

Por fim, em seu Artigo 109, a Constituição Imperial determina: “A Assembleia Geral assinará também alimentos ao Príncipe Imperial e aos demais Príncipes, desde que nascerem. Os alimentos dados aos Príncipes cessarão somente quando eles saírem do Império”. Ou seja, o Príncipe Imperial tem assegurado o recebimento de uma dotação financeira, cujo valor deve ser aprovado pela Assembleia Geral. Essa dotação visa garantir a independência financeira do Príncipe Imperial, para que este possa se dedicar exclusivamente ao serviço à Nação; sempre foi também uma quantia bastante módica, jamais onerando em muito o Estado: basta dizer que a dotação da Princesa Imperial do Brasil, votada pela Assembleia Geral em 1885, foi de 150 contos de réis anuais, ou 12,5 contos de réis mensais, e que o Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), tão logo assumiu a Presidência da República, após o golpe de 15 de novembro de 1889, aprovou para si mesmo um salário de 120 contos de réis mensais, dez vezes mais o que recebia a Princesa Imperial.

A primeira a usar o título de Princesa Imperial do Brasil foi a Princesa Dona Maria da Glória de Bragança (1819-1853), filha primogênita do Imperador Dom Pedro I do Brasil (1798-1834). Até 1822, Sua Alteza fora Princesa da Beira – descontando os dois breves períodos em que foi suplantada por seus irmãos, os Príncipes da Beira, Dom Miguel e Dom João Carlos de Bragança; o primeiro, natimorto em 1820; o segundo, falecido em 1822, com um ano de idade incompleto –, na qualidade de filha mais velha do então Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Dom Pedro de Alcântara de Bragança, herdeiro do Trono do Reino Unido estabelecido em 1815. Após seu pai proclamar a Independência do Brasil, a 7 de Setembro de 1822, e de sua subsequente Aclamação como Imperador do Brasil, no dia 12 de outubro seguinte, a Princesa da Beira teve seu título mudado para Princesa Imperial do Brasil, pois era agora a herdeira presuntiva do Trono do recém-formado Império Brasileiro.

Sua situação mudou em 2 de dezembro de 1825, com o nascimento do seu irmão, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara de Bragança (1825-1891), que, como único filho homem vivo do Imperador e herdeiro aparente do Trono, foi intitulado, no ato do seu nascimento, como Príncipe Imperial do Brasil, permanecendo nessa condição até 7 de abril de 1831, quando sucedeu a seu pai como Imperador do Brasil, com o nome de Dom Pedro II, após a abdicação deste.

A Princesa Dona Maria da Glória havia se tornado, em 2 de maio de 1826, Rainha de Portugal, com o nome de Dona Maria II, também após a abdicação daquele Trono por seu pai – o Imperador Dom Pedro I havia sucedido seu pai, o Rei Dom João VI de Portugal (1767-1826), pouco mais de um mês antes de abdicar. Mesmo tendo ascendido ao Trono de Portugal, a Rainha ainda era considerada cidadã brasileira, e, portanto, conservava seus direitos ao Trono do Brasil; dessa forma, enquanto irmã mais velha e herdeira presuntiva do novo Imperador, Sua Majestade tornou a deter o título de Princesa Imperial do Brasil, conservando-o até 30 de outubro de 1835, quando a Assembleia Geral do Império, durante a Regência, buscando evitar uma possível união das Coroas do Brasil e de Portugal, passou a Lei Nº 91, destituindo a Rainha de Portugal de seus direitos ao Trono do Brasil e titulações brasileiras.

Assim, o título de Princesa Imperial do Brasil passou automaticamente à Princesa Dona Januária de Bragança (1822-1901), a segunda irmã mais velha do Imperador. No dia 4 de agosto de 1836, tendo recentemente completado 14 anos, Sua Alteza adentrou o Salão do Paço do Senado, trajando um rico vestido de ouro, sobre o qual se divisava a insígnia de Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro, e, na presença dos Deputados e Senadores, e diante do Presidente do Senado, com a mão posta sobre o missal, fez, solenemente e com a voz embargada pela emoção, o juramento exigido pelo Artigo 106 da Constituição Imperial.

Quando a Princesa Imperial se casou, em 28 de abril 1844, com o Príncipe Luís das Duas-Sicílias (1824-1897), Conde de Áquila, este foi intitulado –conforme o precedente longamente estabelecido na tradição monárquica luso-brasileira, confirmado em seu contrato de casamento – Príncipe Imperial do Brasil. O Casal conservou os títulos de Princesa e Príncipe Imperiais até 23 de fevereiro de 1845, quando nasceu seu sobrinho, o primogênito do Imperador, o Príncipe Dom Afonso (1845-1847), automaticamente intitulado Príncipe Imperial do Brasil ao nascer. Entretanto, o Conde e a Condessa de Áquila puderam conservar o tratamento de Altezas Imperiais, com o Conde recebendo também o título de Príncipe do Brasil (em caráter privado, não-hereditário), concessões também feitas em seu contrato de casamento.

Infelizmente, o novo Príncipe Imperial faleceu prematuramente, aos dois anos de idade, em 11 de junho de 1847, altura em que sua irmã imediatamente mais nova, a Princesa Dona Isabel de Bragança (1846-1921), sucedeu-o como Princesa Imperial do Brasil, sendo suplantada a 19 de julho de 1848, com o nascimento de seu irmão, o Príncipe Dom Pedro (1848-1850), que passou a ser o novo Príncipe Imperial do Brasil. Contudo, com a morte também precoce deste, no dia 9 de janeiro de 1850, a Princesa Dona Isabel voltou à condição de Princesa Imperial, sendo oficialmente reconhecida em 10 de agosto do mesmo ano, quando a Assembleia Geral a proclamou como a herdeira do Trono do Brasil. No dia do seu 14º aniversário, 29 de julho de 1860, a Princesa Imperial prestou seu juramento solene, para que novamente fosse cumprido o estabelecido pelo Artigo 106 da Constituição Imperial. Em 15 de outubro de 1864, Sua Alteza foi desposada pelo Príncipe Dom Gastão de Orleans (1842-1922), Conde d’Eu, intitulado, no ato do consórcio, Príncipe Imperial do Brasil, com o tratamento de Alteza Imperial.

Por três longos períodos, em 1871, 1876 e 1887, a Princesa Imperial assumiu a Regência do Império (nos termos do Artigo 126 da Constituição Imperial: “Se o Imperador, por causa física ou moral, evidentemente reconhecida pela pluralidade de cada uma das Câmaras da Assembleia, impossibilitar-se para governar, em seu lugar governará, como Regente, o Príncipe Imperial, se for maior de dezoito anos”), na ausência de seu pai, o Imperador, ocasiões em que desempenhou um papel fundamental na luta pela abolição da escravidão no Brasil: primeiro, em 28 de setembro de 1876, quando assinou a Lei do Ventre Livre (ou Lei Rio Branco), concedendo alforria às crianças nascidas de mães escravas a partir daquela data; segundo e o mais importante, em 13 de maio de 1888, quando expurgou de vez o elemento servil do direito pátrio, ao assinar a Lei Áurea, pela qual lutou ativamente, pelo uso de seus poderes constitucionais e de sua influência junto aos políticos e à opinião pública, rendendo-lhe, pelo consenso unânime dos corações brasileiros, o epíteto de
a Redentora, com o qual entrou para a História.

Além disso, como Princesa Imperial, após completar 18 anos, em 1864, assumiu seu lugar no Conselho de Estado, e, após seu 25º aniversário, em 1871, ocupou seu assento de direito no Senado do Império, tornando-se a primeira mulher Senadora no Brasil. Foram estas as duas únicas ocasiões em que se pôde se cumprir o que está estabelecido nos Artigos 46 e 144 da Constituição Imperial, conforme mencionado acima.

Após o golpe republicano de 15 de novembro de 1889, o Imperador Dom Pedro II faleceu, durante seu exílio forçado, em 5 de dezembro de 1891. Sua filha e herdeira, a Princesa Imperial, na impossibilidade de ser reconhecida como Imperatriz do Brasil, título ao qual tinha pleno direito, passou a ser intitulada Chefe da Casa Imperial do Brasil, conservando o tratamento de Alteza Imperial. Por sua vez, seu filho mais velho, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança (1875-1940), até então Príncipe do Grão-Pará, na condição de herdeiro aparente da Chefia da Casa Imperial, foi intitulado Príncipe Imperial do Brasil, que perdeu em 30 de outubro de 1908, quando, antes de se casar, renunciou solenemente, por si e toda a sua descendência, aos seus direitos ao Trono e à Coroa do Brasil.

Devido à necessidade, após sua renúncia, de garantir a dignidade principesca aos descendentes do Príncipe Dom Pedro de Alcântara, em 26 de abril de 1909, a Família Imperial Brasileira e a Família Real Francesa firmaram o “Pacto de Família”, documento no qual foi formalmente reconhecida a criação dos títulos de Príncipe e Princesa de Orleans e Bragança, com o tratamento de Altezas Reais, a toda descendência masculina, principesca e legítima do Conde d’Eu. Assim sendo, além tratamento de Alteza Imperial que lhe é concedido pela Constituição Imperial, o Príncipe Imperial do Brasil passou também a ter direito ao de Alteza Real, de modo que, a partir daquela data, passou-se a usar o tratamento composto de Alteza Imperial e Real para o Príncipe e a Princesa Imperiais (bem como para o Príncipe e a Princesa do Grão-Pará, enquanto os demais Príncipes e Princesas passaram a ser Altezas Reais).

O Príncipe Dom Pedro de Alcântara foi automaticamente sucedido por seu irmão imediatamente mais novo, o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança (1878-1920), que se tornou o novo Príncipe Imperial do Brasil. Este se casou, no dia 4 de novembro de 1908, com a Princesa Maria Pia de Bourbon-Sicílias (1878-1973), intitulada Princesa Imperial do Brasil no ato do consórcio – após enviuvar, Sua Alteza passou a usar, até o seu falecimento, em 20 de junho de 1973, o título de Princesa Imperial Viúva do Brasil. Uma vez que o Príncipe Imperial faleceu prematuramente, ainda em vida de sua mãe, em 26 de março de 1920, seu primogênito, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909-1981), nascido Príncipe do Grão-Pará, assumiu o título de Príncipe Imperial do Brasil, na qualidade de herdeiro aparente de sua avó paterna.

Por ocasião da morte da Princesa Dona Isabel e da subsequente ascensão do Príncipe Dom Pedro Henrique à Chefia da Casa Imperial do Brasil, a 14 de novembro de 1921, seu irmão, o Príncipe Dom Luiz Gastão de Orleans e Bragança (1911-1931), tornou-se o novo Príncipe Imperial do Brasil, conservando o título até o seu falecimento prematuro, em 8 de agosto de 1931, altura em que foi sucedido por sua irmã, a Princesa Dona Pia Maria de Orleans e Bragança (1913-2000), mais tarde, Condessa René de Nicolaÿ pelo casamento, que passou a ser intitulada Princesa Imperial do Brasil.

Sua Alteza permaneceu nessa condição até o dia 6 de junho de 1938, quando nasceu seu sobrinho, o primogênito do Chefe da Casa Imperial do Brasil, o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança (n. 1938), automaticamente intitulado Príncipe Imperial do Brasil ao nascer, conservando o título até 5 de julho de 1981, ocasião em ascendeu à posição de Chefe da Casa Imperial do Brasil, após o falecimento de seu pai. Uma vez que Sua Alteza se conservou solteiro e, portanto, não tem filhos, desde então, seu imediato herdeiro presuntivo é seu irmão, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança (n. 1941), atual Príncipe Imperial do Brasil, que, por também ser solteiro e não ter filhos, tem por imediatos herdeiros dinásticos seu irmão, o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança (n. 1950), e o filho deste, o Príncipe Dom Rafael de Orleans e Bragança (n. 1986).

Foto: Sua Alteza Imperial e Real o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança.

Lá estava o imperador

D. PEDRO II FOI RETIRADO DE FILME SOBRE GRAHAM BELL E VIROU PERSONAGEM DE MEMÓRIA INVENTADA POR ROOSEVELT

ENTRE A INVENÇÃO DO TELEFONE e o cinema hollywoodiano, D. Pedro II (1825-1891) deixou de ser um personagem real para tornar-se uma referência imaginária. Ao menos no discurso de duas importantes figuras norte-americanas. Tanto o inventor Alexander Graham Bell (1847-1922) quanto o ex-presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) declararam ter se encontrado com D. Pedro II em momentos cruciais de suas vidas. Um deles contou a verdade, o outro provavelmente mentiu.

O discurso de Bell foi proferido em Boston, em 2 de novembro de 1911. O inventor relembra os primórdios da telefonia e se concentra nos acontecimentos de 1876. Foi este o ano em que Bell patenteou o telefone e revelou ao mundo sua invenção. Segundo Bell, foi nesse ano também que Dom Pedro li “salvou” o telefone.

Em junho de 1876, os Estados Unidos comemoraram o centenário da independência com uma grandiosa feira internacional na Filadélfia: a “Exposição Centenária”. D. Pedro II e Ulysses Grant, então presidente dos Estados Unidos, abriram oficialmente o evento, que exibia avanços tecnológicos ela era industrial. Diversos instrumentos e aparelhos competiam entre si em diferentes categorias. Entre eles, o telefone.

Aquele foi um mês especialmente quente na Filadélfia. Em 25 de junho, após um dia extenuante, o júri encarregado de inspecionar os instrumentos elétricos em exibição decidiu suspender os trabalhos, para desespero ele Bell: era justamente o momento em que o telefone, até então inteiramente desconhecido, seria examinado por D. Pedro II, pelo físico e engenheiro britânico William Thompson (futuro Lord Kelvin) e por outros cientistas.

Devido a outros compromissos em Boston, onde lecionava em uma escola para surdos, Bell não poderia permanecer até o dia seguinte. Sem as suas próprias explicações, o mais provável é que o telefone tivesse passado despercebido perante o júri. O imperador, no entanto, já havia encontrado Bell alguns dias antes, pois desejava conhecer a escola para alunos surdos-mudos de que ouvira falar. Ao perceber que se tratava de um conhecido, Dom Pedro II decidiu que, cansados ou não, os membros do júri inspecionariam mais aquele item da exibição. Os outros não tiveram escolha a não ser acatar o desejo do monarca: “Onde um imperador liderava à frente, os outros juízes seguiam”, recordaria Bell com humor em 1911.

No discurso, Bell se refere ao encontro com D. Pedro li como um “evento notável”. Em uma carta a seus pais, datada em 27 de junho de 1876, ele relata com entusiasmo o “glorioso sucesso” de sua invenção. A sequência desse episódio é bem conhecida: o telefone foi aclamado pelo júri e a carreira de Graham Bell, alavancada.

Dois anos depois, o americano fez uma demonstração do invento para a rainha Vitória, na Inglaterra.  Foi o suficiente para que Hollywood, no século seguinte, decidisse incluí-la em um filme sobre Graham Bell, deixando de fora o imperador. Com direção ele Irving Cummings, A História de Alexander Graham Bell foi lançado em 1939 pelo estúdio de cinema Twentieth Centu ry-Fox. O filme desagradou profundamente a filha do inventor, Elsie Bell Grosvenor. Em 6 ele janeiro do mesmo ano, ela escreveu uma carta para o roteirista, Lamar Trotti, queixando-se: “Eu ainda não posso deixar ele sentir que o senhor esteja cometendo um erro ao omitir a cena na Exposição Centenária na Filadélfia”.

Como a rainha Vitória era mais conhecida do público americano do que D. Pedro II, a produção do filme decidiu omitir a participação de Bell na Exposição. Havia o receio de que a figura do monarca brasileiro acabasse desempenhando o “papel dominante”. Isso ofuscaria a figura da rainha Vitória, interpretada no filme pela atriz Beryl Mercer. O período que transcorre de maio até outubro de 1876, decisivo para a carreira de Bell, é apresentado no filme apenas por urna sucessão ele imagens das folhas de um calendário. O “glorioso sucesso” naquele “evento notável” é inteiramente omitido.

O roteiro original do filme passara por sucessivos “tratamentos”. Em algumas versões preliminares, as anotações feitas por Darryl Zanuck, produtor do filme, ainda podem ser lidas. Incomodava-o a falta de dramatização, pois o roteiro parecia dar mais atenção ao telefone do que à vida de seu criador. Faltava, segundo ele, “história humana”. Em outra anotação, Zanuck registra sua indecisão: “Cortar Exposição; cortar Inglaterra?”. No “tratamento” subsequente ele é menos reticente: “Devemos ter o episódio na Inglaterra OU na Exposição, mas não ambos”. Poucas linhas depois, pondera: “A Inglaterra adorará essa parte, com a invenção tendo sido aplaudida pela primeira vez pela rainha Vitória “. A cena com Dom Pedro II, assim, acabou sendo eliminada do filme.

Na carta ao roteirista, Elsie Bell contrasta a frieza com a qual seu pai foi recebido durante a demonstração do telefone para a rainha da Inglaterra, em 1878, com a formalidade que marcou o encontro com o imperador brasileiro, dois anos antes: “Não me parece nem um pouco que essa cena obscureça a cena em que aparece a rainha Vitória, pois o senhor pode amenizar a cena da realeza referente ao interesse de D. Pedro II pelo telefone. D. Pedro II era um senhor muito democrático. O contraste entre sua democracia e a formalidade da corte britânica faria, acredito, uma bela sequência. D. Pedro II ia a toda parte por conta própria, ao passo que a rainha Vitória nem sequer fez uma única pergunta ao meu pai diretamente, mas falou com ele através de seu filho, sua filha, ou seu secretário. Tão formal foi a audiência”.

A “audiência” de Bell com a rainha Vitória foi envolta, de fato, em muita formalidade. Em um dado momento, ele inadvertidamente tocou a mão da rainha ao lhe passar o aparelho. O gesto deixou os presentes horrorizados”, pois Segundo o protocolo da corte ninguém podia tocar a soberana. Este episódio também foi omitido no filme sobre sua vida. Diferentemente da soberana britânica, o monarca brasileiro ficou tão entusiasmado com a demonstração do telefone que, segundo Bell, teria gritado “Meu Deus! Isso fala!”, e acorrido “a passos bem pouco imperiais” à sala onde o inventor havia feito a transmissão, a cerca de 100 metros de distância.

Curiosamente, a decisão de cortar a figura de D. Pedro II em um filme de Hollywood se deu no momento em que o governo americano buscava estreitar laços com o Brasil. Em 1936, o presidente americano Franklin Roosevelt esteve no Rio de Janeiro com o objetivo de granjear apoio brasileiro às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Logo no início de seu discurso, proferido em um banquete oferecido por Getulio Vargas, Roosevelt cativou o público ao aludir a um episódio de sua infância: o encontro com D. Pedro II, na França. “Há mais ou menos meio século, um menininho   caminhava com seu pai e sua mãe em um parque em uma cidade no sul da França. Veio em direção a eles um casal de idosos de aparência bastante distinta – D. Pedro II e a sua imperatriz. Naquela ocasião foi meu primeiro encontro com o Brasil”, contou o presidente americano.

Ocorre, porém, que Roosevelt nunca mencionou esse episódio em nenhum outro documento. Além disso, não há qualquer referência ao encontro em diários, cartas ou depoimentos de pessoas que lhe foram próximas. O mais provável é que a suposta lembrança tenha sido uma obra de ficção criada pela diplomacia americana. O discurso de Roosevelt funcionava como o roteiro de filme. Cena de abertura: Menino com roupa de época contempla nobre casal de idosos na idílica paisagem de um vilarejo desconhecido. Corta. Como no filme sobre Bell, folhas de um calendário poderiam simbolizar o transcurso do tempo. Corta. O menino torna-se um adulto importante, e o vilarejo povoado por nobres é agora uma vasta república. O reencontro do herói com o seu passado dá sentido à narrativa e captura a atenção do espectador.

Vargas gostou tanto da narrativa de Roosevelt que registrou mais tarde em seu diário:  “O homem (…) é de um a simpatia irradiante”. A comparação do discurso de 1936 com um roteiro de filme não é apenas metafórica. Roosevelt e Hollywood trabalharam juntos para mobilizar a indústria cinematográfica americana em prol do esforço de guerra. O próprio Zanuck, produtor do filme sobre Graham Bell, envolveu-se em diversas produções deste tipo.

Como um filme de sucesso, o encontro ficcional de Roosevelt com D. Pedro II tornou-se bem conhecido, e ainda hoje é mencionado em livros. A curiosa experiência real do imperador junto ao inventor do telefone, por sua vez, jamais foi às telas. Esse é o filme que não vimos.

FONTE - REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL

A MALDIÇÃO DOS "SEGUNDOS DE SEUS NOMES"?


Umberto II de Itália...
Francisco II das Duas Sicílias...
Simeão II da Bulgária...
Carol II da Romênia...
Pedro II da Yugoslávia
Constantino II da Grécia...
Fuad II do Egito...
Faisal II do Iraque...
Henrique II de Jerusalém...

...

Papa Pedro II

Why Iran's Monarchy Could Unite a Divided Country

Why Iran's Monarchy Could Unite a Divided Country
How the Persian monarchy once saved — and may yet again save — Iran.

During Iran’s now subsiding protests, which started in late December 2017, Iranians from across the country protested the country’s economic and political conditions, with many questioning Iranian interventionism in Syria and Gaza. Interestingly, not all that many of the individuals protesting, who mostly hail from more rural, poorer, and conservative backgrounds, called for a secular republic, or a liberal democracy.

Rather, many people chanted pro-monarchy slogans. Protesters chanted “Reza Shah, bless your soul,” “long live Reza Shah,” and “Iran haphazard, without the Shah [Mohammad Reza],” in reference to Reza Shah, who founded the Pahlavi dynasty in 1925, and his son.

Although contrary to trends throughout the world over the past couple of centuries, the reestablishment of the constitutional monarchy in Iran is quite possible, because it is the banner that can unite many Iranians from different strips opposed to the Islamic Republic, including exiles and the rural poor. Although much of this nostalgia is retrospective — after all, the monarchy fell because liberals, communists, the clergy, and the conservative poor all united against it – -monarchy is a traditional alternative to theocracy that is nonetheless liberal without being stripped of sanctity. Most “republics” near Iran are dictatorships masquerading as sham democracies, whereas the countries that get the best of representative government and traditional leadership and the region’s constitutional monarchies, such as Jordan and Morocco.

Iranians have no memory of any form of government, other than the monarchy of the House of Pahlavi, or the Islamic Republic, established by Ayatollah Ruhollah Khomeini in 1979. Many other opposition organizations, such as the cultish Mojahedin-e Khalq or the communist Tudeh Party, have few supporters. And secular liberals in Tehran have no concrete plan other than vaguely desiring a secular democratic state, which is not mutually exclusive with restoring the House of Pahlavi.

Many protesters also chanted, “O Shah of Iran, return to Iran.” This individual, the son of the disposed Mohammad Reza Shah, seems to be positioning himself for a possible return to Iran, if called upon. The Crown Prince of Iran, Reza Pahlavi, who lives in exile in the United States, has argued that he is a democrat, and not a monarchist, while also stating that: “Who then do you think people are chanting for today? I think they realize I am a person they can trust, a person they can recognize that has a particular political capital associate with this name [Pahlavi]. They attribute it to the modernity and progress that Iran had.”

Iranian monarchy has a long pedigree, from its foundation by Cyrus the Great in 559 BCE. It is seen by many as the symbol of modernity, connectivity with the rest of the world, a link to Iran’s pre-Islamic heritage, and even freedom; if not political freedom, then at least social and cultural freedom. While the economic was inequitable both before the revolution, and in the present day, the rate of economic growth was much greater during the rule of the Shah.

And, the Reza Shah of whom many protesters chanted favorable slogans, saved Iran in one of it’s darkest times, while ironically being helped to the throne by the very clerical establishment who overthrew his son. Brigadier General Reza Khan, an officer in the Persian Cossack Brigade, grew up during a time when Iran (then known as Persia) was in a state of serious decline and weakness. In regard to the previous dynasty, according to Michael Axworthy in A History of Iran: Empire of the Mind:

[The Qajar Dynasty] controlled its territory loosely, through proxies and alliances with local tribes. The state bureaucracy was small…it has been estimated that between a half and a third of the population were still nomadic or semi-nomadic pastoralists. Provincial governors were often tribal leaders. They ruled independently, with little interference from the capital…

As a result of British, Russian, and Ottoman interference during World War I, as Ervand Abrahamian wrote in A History of Modern Iran:

By 1920 Iran was a classical “failed state”… the ministries had little presence outside the capital. The government was immobilized not only by rivalries between the traditional magnates and between the new political parties, but also by the Anglo-Persian Agreement. Some provinces were in the hands of ‘war lords,’ others in the hands of armed rebels. The Red Army had taken over Gilan, and was threatening to move on to Tehran.

It was only due to the successful military and centralizing political policies of Reza Khan, who became Reza Shah in 1925, after overthrowing the Qajar Dynasty, that Iran was not dismembered. But Reza Shah initially did not plan to set up a monarchy; rather he wanted to set up a republic.  The clergy, the conservative landed gentry, and liberals all opposed the disestablishment of the monarchy for different reasons: the former two because they feared that Reza Khan would emulate Kemal Ataturk in neighboring Turkey and establish a secular republic (the abolishment of the Sunni caliphate in 1924 was seen as a harbinger of things to come, even for Shia Iranians), the while the latter feared that he would become an autocratic dictator of a “republic,” also like Ataturk. And so, the Pahlavi Dynasty replaced the Qajars.

Ironically, the clerics saved the monarchy both in 1925, and in 1953, when they supported his son Mohammad Reza Shah against the leftist Prime Minister Mohammad Mossadeq, who was seen as too socialist and close to the Soviet Union. Although, later on, large portions of the Iranian population turned against the autocratic Pahlavi regime, what they gained in exchange afterward, was even more autocracy, and isolation from the global community, something which neither liberals not rural conservatives bargained for. A religiously conservative society need not be so isolated internationally, as the cases of numerous Arab monarchies show.

Because Iran missed its republican moment, the monarchy is seen a legitimate alternative to the Islamic Republic. According to Abbas Amanat in Iran: A Modern History, “adopting a monarchy allowed the Pahlavi regime to bank on the historical tradition of Iranian kingship and earn for itself political legitimacy far beyond what a president of a republic, even a dictatorial one, could have done.” The legacy of the Pahlavis, who themselves come from a humble background, is “modernism, secularism, and nationalism”, so perhaps today, a combination of support from liberals, nationalists, exiles, and the rural poor tired of being fleeced by clerics can lay the groundwork for the reestablishment of a constitutional Iranian monarchy.

LINK ORIGINAL - THE DIPLOMAT

UM POUCO SOBRE O RJ NO IMPÉRIO

Rua Primeiro de Março em 1907

Hoje, quem anda apressado pela rua Direita, que agora se chama Primeiro de Março, nem imagina que por ali já andaram reis e rainhas, personagens importantes da história do Brasil e mulheres usando roupas negras, pesadas e longas. 

Ali ficam a igreja do Carmo, a de São José e a de Santa Cruz dos Milagres. Na época de dom João VI e dom Pedro I, a rua Direita era considerada tão chique quanto Londres. Foi ali que surgiu o primeiro banco da nossa história, o Banco do Brasil.

Foi ali também, em 1834, que se fabricou e vendeu o primeiro sorvete da nossa história. Seu fornecedor era o italiano Luís Bassini, dono da confeitaria Café do Círculo do Comércio. Como ele fazia sorvete sem geladeira? Fácil: enterrava o gelo em buracos fundos, e com isso ele durava até cinco meses. Dom Pedro II adorava, vivia pedindo sorvete em cone sabor pitanga, caju, carambola ou abacaxi. Era o tempo de grandes confeitarias, que reuniam a elite da sociedade.

Para passear e conhecer as belezas naturais do Rio, era só pegar um táxi. Na verdade, eram carroças puxadas por burros chamadas de tílburis. Existiam outros tipos de “carros”: as charretes, as vitórias e as serpentinas. Quando desciam de seus veículos, as mulheres ricas apareciam na rua, num calor de 40 graus, com roupas iguaizinhas às que tinham visto em Paris: espartilhos de barbatanas de aço que apertavam o corpo e diminuíam a cintura.

Por cima deles, roupas de seda, veludo, renda ou crepe da China, além dos chapéus de plumas, das flores e dos sapatos de marcas famosas. Os homens não ficavam atrás. Eles usavam colarinhos altos, jaquetão, sobrecasaca, cartolas, luvas, polainas, monóculos, sapatos da empresa Incroyable e chapéus da Chapelaria Watson. E tudo isso debaixo do sol do Rio de Janeiro.

O destino da nossa nação


Sobre a decisiva atuação de Winston Spencer Churchill na fase inicial da Segunda Guerra, o filme O Destino de uma Nação mostra o quão fundamental é para uma sociedade a existência de líderes virtuosos que inspirem e motivem os compatriotas em momentos cruciais da história. Porque são essas lideranças que as convencerão de que é preciso trabalhar e fazer sacrifícios para implementar ideias e projetos fundamentais para a sociedade, ou até mesmo para enfrentar uma guerra.

Tais líderes devem, ser nesses momentos conturbados, exemplos de fortaleza, coragem, inteligência, responsabilidade – mesmo que a sua história pregressa seja pontuada por falhas, erros e fracassos retumbantes, como revela em abundância a própria biografia de Churchill. Se não fosse a sua atuação na Segunda Guerra, Churchill possivelmente seria um personagem menor na história política britânica e, talvez, seu nome jamais tivesse rompido as fronteiras da Ilha.

Churchill é o exemplo de político que, pela sua grandeza, conseguiu reconstruir sua história pessoal e, ainda em vida, deixar um legado inesquecível. Não era, porém, um político qualquer. Era um homem de ideias, de convicções, um intelectual e um escritor refinado, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1953, de formação militar e com uma personalidade bélica que o prejudicou em momentos-chave de sua vida, mas que foi fundamental no momento mais sombrio, mais tenebroso (darkest hour), da Inglaterra na Segunda Guerra.

Escrevo mais uma vez sobre Churchill porque ainda estou sob impacto do excelente filme O Destino de uma Nação e da leitura de 12 de seus discursos reproduzidos e analisados por Ricardo Sondermann no livro Churchill e a Ciência por Trás dos Discursos – Como Palavras se Transformam em Armas, que será lançado no dia 31 de janeiro pela editora LvM. Sondermann empreende uma análise técnica da retórica poderosa, cativante, popular que Churchill desenvolveu em suas intervenções públicas desde as menos conhecidas às mais célebres “Sangue, trabalho árduo, suor e lágrimas” e “Jamais ceder”.

Filho de pais que fugiram da Alemanha e da Áustria por causa do nazismo, Sondermann fez em seu livro uma espécie de tributo ao homem que conduziu uma obstinada e corajosa luta pela liberdade contra o mal representado pelo nazifascismo. Ao apresentar o contexto histórico e analisar os 12 discursos, que são de suma importância para entendermos como Churchill conseguiu liderar e imprimir a sua marca na história, Sondermann ajuda-nos a entender por qual razão o legado benéfico do estadista inglês volta a ser invocado em filmes, séries, livros, eventos.

Neste atual e delicado momento histórico do Ocidente, muita gente se deu conta do fracasso de sucessivas gerações de elites políticas. A prova empírica desse fracasso foi exposta pelo relatório Tendências Globais: Paradoxos do Progresso, elaborado em 2016 pelo National Intelligence Council, órgão de inteligência do governo americano e sobre o qual escrevi aqui na Gazeta do Povo em janeiro de 2017.

Ao apontar o risco de conflitos internacionais, de aumento do terrorismo e de baixo crescimento econômico como tendências para os anos vindouros, o documento revelou de maneira não intencional o fracasso do atual modelo político e da forma de fazer política dos líderes contemporâneos. Por quê? Porque foram justamente as escolhas equivocadas dessas lideranças políticas que provocaram a tendência nada otimista apontada no relatório.

O documento expôs outra verdade inconveniente: a forma de fazer política está errada e os políticos vistos como moderados – como o ex-presidente Barack Obama continua sendo – são, na verdade, líderes débeis que deixaram a situação fugir ao controle. Escrevi no ano passado e repito: os riscos de novos e mais intensos conflitos mundo afora só estão em discussão por responsabilidade direta deles, que, embora continuem incensados pela imprensa, têm sido rejeitados por parcelas cada vez mais numerosas das respectivas sociedades que representam.

Diante da constatação de que as elites políticas do Ocidente fracassaram, um número significativo de pessoas tem se afastado dos seus representantes e passado a desconfiar ainda mais das instituições políticas. O que existe hoje em grande parte dos países ocidentais é um abismo de desconfiança e rejeição que separa as comunidades e as elites políticas. Esse abismo real, amplo, profundo, permite que políticos profissionais demagogos e outsiders interesseiros ocupem espaços que na política jamais ficam vazios.

Se um outsider acerta, como tem sido o caso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em certas questões culturais, políticas e econômicas fundamentais, trata-se de uma exceção, não da regra que se impõe, que se confirma pelo horror e rejeição que ele, Trump, provoca nas elites políticas, na intelectualidade, na intelligentsia.

Cito Trump e lembro de seu ato simbólico de grande relevo: logo que assumiu a presidência, em 2017, ele restituiu o busto de bronze de Churchill que havia sido retirado do Salão Oval em 2009 pelo ex-presidente Barack Obama. Para deixar a história ainda mais interessante, o busto do estadista conservador fora um presente do então primeiro-ministro inglês trabalhista Tony Blair, um socialista fabiano, para o então presidente republicano George W. Bush.

Quando qualifico Churchill como exemplo de estadista que emergiu, finalmente, no fim da vida, mas que não seria o que foi sem as experiências positivas e negativas do passado, não é raro que aqui no Brasil a reação comum seja de ostentação de orgulho da própria ignorância sobre o nosso passado, de autoimolação ou de comparações descabidas entre grandes personagens históricos de outros países e personagens menores da política brasileira contemporânea – como Lula.

Um parênteses: daqui a dois dias, aliás, será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) um recurso da defesa do ex-presidente contra a condenação a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro proferida pelo juiz federal Sergio Moro. Lula é, a propósito, um anti-Churchill.

Mas será verdade que nunca tivemos estadistas com características similares às de Churchill? Claro que sim. Talvez o maior deles tenha sido o deputado conservador Bernardo Pereira de Vasconcelos (1795-1850), dono de “uma inteligência privilegiada, orador eficiente pela concisão e temido pelo sarcasmo, trabalhador obsessivo, legislador fecundo”, como definiu o historiador José Murilo de Carvalho. Vasconcelos foi personagem central do Primeiro Reinado e da Regência. Iniciou a vida parlamentar como deputado liberal para depois tornar-se “o principal teórico do Regresso Conservador de 1837”. Em 1828, ele já era “o orador mais brilhante da Câmara e a primeira voz da oposição” a dom Pedro I.

Relatos de dois estrangeiros dão uma ideia do seu protagonismo: o reverendo Robert Walsh registrou, em Notices of Brazil in 1828 and 1828, que os brasileiros da época o comparavam a John Adams e a Benjamin Franklin – dois dos pais fundadores dos Estados Unidos – por suas virtudes intelectuais e políticas. Tendo conhecido Vasconcelos pessoalmente e o visto em ação na Câmara, Walsh descreveu-o como o grande líder da oposição que, da tribuna, era sempre ouvido atentamente por seu pares. Conhecido pela “precisão lógica e agudeza de raciocínio”, sua linguagem e oratória eram eloquentes e convincentes. Na Câmara, elogiou Walsh, ele não tinha rival. Em seu livro História do Brasil, o historiador John Armitage chamou-o de o “Mirabeau do Brazil”, que, de “orador difuso e sem nexo” em 1826, “tinha-se tornado dois anos depois tão eloquente e tão sarcástico, e havia apresentado um tão grande desenvolvimento do talento de discutir, que nenhum outro membro da casa lhe podia ser comparado”. Armitage comparava-o ao escritor, jornalista e político Honoré Gabriel Victor Riqueti (1749-1791), o conde de Mirabeau, um dos maiores oradores da política francesa que, durante a fase inicial da Revolução Francesa, destacou-se como um dos grandes nomes da Assembleia Nacional.

Porque atuava intensamente em quase todas as sessões da Câmara, “discursando, aparteando, apresentando projetos e emendas, polemizando sempre, pois tinha a bossa da combatividade”, Vasconcelos tinha “predileção pelo uso da ironia e do sarcasmo como armas retóricas”, assim como Benjamin Disraeli e, mais tarde, Churchill no Parlamento inglês. Dono de uma “ironia sutil e ferina”, o deputado brasileiro “tornou-se um orador temido pelos adversários”. Em seu tempo, o nosso Vasconcelos foi, com justiça, comparado aos grandes nomes da política europeia e americana.

Comecei este texto a dizer o quão fundamental é para uma sociedade a existência de líderes virtuosos – não só na política – que inspirem e motivem as pessoas de seu país em momentos cruciais da história. Mesmo com uma biografia que nos impõe críticas, como seu equívoco acerca da escravidão, Vasconcelos – assim como Churchill – era um conservador antirrevolucionário que deixou uma obra política importantíssima ao ser ator fundamental no processo de “colocar em funcionamento a monarquia representativa, acabar com os resíduos do absolutismo ainda vigentes na cabeça e nas práticas do imperador, de seus ministros e até mesmo nas leis” e, posteriormente, ao ajudar a impedir que no Brasil se instaurasse o caos e a anarquia. É uma pena que o seu esforço e de tantos homens tenha sido destruído pelo golpe militar de 1889, cuja natureza destruidora e revolucionária era similar à da Revolução Francesa.

Vasconcelos é um dos gigantes brasileiros que ajudaram a forjar uma tradição virtuosa localizada principalmente no século 19, tradição que devemos conhecer e que nos deve servir de fonte de inspiração. E nem é preciso ignorar os seus erros para celebrar os seus acertos. Que a parte benéfica desse legado do qual faz parte Bernardo Pereira de Vasconcelos possa ser restaurada e nos guiar, impedindo que sejamos presas dóceis de projetos de poder que representam o que de pior temos no país.

A decisão do TRF4 no processo do ex-presidente Lula e as eleições majoritárias deste ano nos impõem uma responsabilidade fundamental: pensar que tipo de pessoas somos ou queremos ser; que tipo de lideranças devemos ou não apoiar; que tipo de país queremos construir. Em momentos como este só é possível produzir bons frutos se agirmos corretamente, com base na verdade e nas virtudes, tendo o passado como sábio conselheiro.

Que não caiamos novamente no engodo de atores políticos que, por serem quem são, nos rebaixam à sua ínfima estatura moral, ética e política. A política, porque importa, não deve, porém, jamais, ser a única solução para os problemas do país, nem os políticos devem ser os protagonistas da nossa história.

O destino da nossa nação – e perdoem-me pela pobre rima – está nas nossas mãos.

Por Bruno Garschagen

LINK ORIGINAL - GAZETA DO POVO

PRÍNCIPE / PRINCESA DO GRÃO-PARÁ

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Dando continuidade à nossa série de publicações sobre os títulos usados pela Família Imperial Brasileira, com objetivo de ajudar os veteranos e novos monarquistas, e também aos interessados em geral, a terem uma melhor compreensão acerca de tais titulações e sua história, hoje falaremos sobre o título de Príncipe do Grão-Pará.

A Constituição Imperial de 25 de março de 1824 reserva o título de Príncipe do Grão-Pará ao primogênito do Príncipe (ou Princesa) Imperial do Brasil, primeiro na linha de sucessão ao Trono e à Coroa do Brasil. O texto constitucional diz, em seu Capítulo III – “Da Família Imperial e sua dotação”:

“Art. 105. O Herdeiro Presuntivo do Império terá o título de Príncipe Imperial e o seu Primogênito o de Príncipe do Grão-Pará, todos os demais terão o de Príncipes. O tratamento do Herdeiro Presuntivo será o de Alteza Imperial e o mesmo será o do Príncipe do Grão-Pará; os outros Príncipes terão o tratamento de Alteza.

O título de Príncipe do Grão-Pará faz referência à maior Província do Império, a do Grão-Pará, hoje equivalente a grande parte da Região Norte e parte da Região Nordeste do nosso País; e mais do que isso, simbolizava a integridade nacional, posto que compreendia a totalidade dos antigos Estados do Brasil e do Maranhão (mais tarde, denominado Estado do Grão-Pará), unindo, assim, todos os antigos territórios da Coroa Portuguesa na América, e que, agora unidos, formavam o Império do Brasil. Seguindo a tradição monárquica luso-brasileira, o título também faz alusão ao do Príncipe da Beira, reservado ao primogênito do Príncipe Real de Portugal, herdeiro do Trono Português.

Naturalmente, no caso de o primogênito do Príncipe Imperial vir a falecer ou renunciar aos seus direitos sucessórios, seu título de Príncipe do Grão-Pará poderá passar para seu eventual irmão mais novo, pois este se tornaria o filho mais velho vivo, ou com direitos ao Trono, do Príncipe Imperial; para isso, há amplo precedente histórico.

Da mesma forma, a filha mais velha do Príncipe Imperial, na ausência de irmãos do sexo masculino, pode ser intitulada Princesa do Grão-Pará, uma vez que a Constituição Imperial permite a sucessão feminina ao Trono. A esposa do Príncipe do Grão-Pará também será intitulada Princesa do Grão-Pará, da mesma forma que o marido de uma Princesa do Grão-Pará por direito próprio terá o título de Príncipe do Grão-Pará.

No seu Artigo 46, a Constituição Imperial estabelece que “Os Príncipes da Casa Imperial são Senadores por direito, e terão assento no Senado logo que chegarem à idade de vinte e cinco anos”. Este Artigo – que abrange o Príncipe Imperial, o Príncipe do Grão-Pará e os demais Príncipes – nada tem de incompatível com os princípios de uma Monarquia Constitucional Parlamentar moderna e plenamente democrática; basta dizer que, até 2014, todos os filhos e filhas do Soberano da Bélgica tinham o direito de assumir um assento no Senado daquele País, ao completarem 18 anos.

Já o Artigo 144 da Constituição Imperial diz: “O Príncipe Imperial, logo que tiver dezoito anos completos, será de direito do Conselho de Estado; os demais Príncipes da Casa Imperial, para entrarem no Conselho de Estado, ficam pendentes da nomeação do Imperador [...]”. Contudo, por razões que serão expostas a seguir, nenhum Príncipe do Grão-Pará pôde assumir seu lugar no Conselho de Estado ou assento no Senado do Império.

Por fim, em seu Artigo 109, a Constituição Imperial determina: “A Assembleia Geral assinará também alimentos ao Príncipe Imperial e aos demais Príncipes, desde que nascerem. Os alimentos dados aos Príncipes cessarão somente quando eles saírem do Império”. Ou seja, o Príncipe do Grão-Pará tem assegurado o recebimento de uma dotação financeira, cujo valor deveria ser aprovado pela Assembleia Geral.

Essa dotação visa garantir, nos anos de formação, uma boa educação para Sua Alteza, e, na vida adulta, independência financeira, para que o Príncipe Imperial, possa se dedicar exclusivamente ao serviço à Nação; era também uma quantia bastante módica, que em quase nada onerava o Estado: basta dizer que a dotação do Príncipe do Grão-Pará, então com 14 anos de idade, foi votada pela Assembleia Geral, em 1885, em oito contos de réis anuais, e que o Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), tão logo assumiu a Presidência da República, após o golpe de 15 de novembro de 1889, aprovou para si mesmo um salário de 120 contos de réis mensais, 15 vezes o que recebia o Príncipe do Grão-Pará recebia em um ano.

A primeira a usar o título de Princesa do Grão-Pará foi a Princesa Dona Maria da Glória de Bragança (1819-1853), filha primogênita do Imperador Dom Pedro I do Brasil (1798-1834). Até 1822, Sua Alteza fora Princesa da Beira – descontando os dois breves períodos em que foi suplantada por seus irmãos, os Príncipes da Beira, Dom Miguel e Dom João Carlos de Bragança; o primeiro, natimorto em 1820; o segundo, falecido em 1822, com um ano de idade incompleto –, na qualidade de filha mais velha do então Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Dom Pedro de Alcântara de Bragança, herdeiro do Trono do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, estabelecido em 1815.

Após seu pai proclamar a Independência do Brasil, a 7 de Setembro de 1822, e sua subseqüente aclamação como Imperador do Brasil, no dia 12 de outubro seguinte, a Princesa da Beira teve seu título mudado para Princesa Imperial do Brasil, pois agora era a herdeira presuntiva do recém-criado Império do Brasil.

Sua condição mudaria em 2 de dezembro de 1825, quando nasceu seu irmão, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara de Bragança (1825-1891), que, como único filho homem vivo do Imperador, foi intitulado, no ato do seu nascimento, Príncipe Imperial do Brasil. O Imperador, então, querendo de alguma forma honrar sua filha mais velha, concedeu-lhe o direito de usar, a partir daquela data, o título de Princesa do Grão-Pará.

Como isso não estava previsto na Constituição Imperial, o ato de Sua Majestade deve ser visto como uma cortesia à sua filha, uma forma de reconhecer não só sua alta posição enquanto primogênita do Imperador, como também os anos em que Sua Alteza foi a herdeira do Trono do Brasil.

No entanto, a Princesa do Grão-Pará passaria pouco tempo nessa condição, pois, no dia 2 de maio de 1826, seu pai, que, pouco mais de um mês antes sucedido ao seu próprio pai, o Rei Dom João VI de Portugal (1767-1826), abdicou o Trono Português em seu favor, tornando-a a Rainha Dona Maria II de Portugal.

Ainda assim, Sua Majestade permanecia sendo cidadã brasileira, de modo que conservava seus direitos ao Trono do Brasil e, portanto, o título de Princesa do Grão-Pará. A Rainha Dona Maria II de Portugal somente veio a deixar de ter direito a esse título em 7 de abril de 1831, quando seu pai abdicou do Trono do Brasil, sendo sucedido por seu irmão, que se tornou o Imperador Dom Pedro II.

Na qualidade de herdeira presuntiva de seu irmão mais novo, a Rainha de Portugal voltou a ter o título de Princesa Imperial do Brasil, conservando-o até 30 de outubro de 1835, quando a Assembleia Geral do Império, durante a Regência, buscando evitar uma possível união das Coroas do Brasil e de Portugal, passou a Lei Nº 91, destituindo Sua Majestade de seus direitos ao Trono e titulações brasileiros.

O título de Princesa do Grão-Pará só tornou a ser usado, brevemente, no dia 28 de julho de 1874, quando a filha mais velha e herdeira do Imperador Dom Pedro II, a então Princesa Imperial do Brasil, Dona Isabel de Bragança (1846-1921), deu à luz uma filha natimorta, a Princesa Dona Luiza Victoria de Orleans e Bragança († 1874). É-lhe válido o reconhecimento enquanto Princesa do Grão-Pará, posto que, ainda que tenha nascido morta, Sua Alteza era a única filha da Princesa Imperial, e foi batizada ainda no útero de sua mãe, com água benta injetada por uma seringa.

No ano seguinte, a Princesa Imperial deu à luz, a 15 de outubro, a um filho, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança (1875-1940), devidamente intitulado Príncipe do Grão-Pará ao nascer. Sua Alteza conservou o título até 5 de dezembro de 1891, quando seu avô, o Imperador, faleceu.

Àquela altura, não fosse o golpe republicano de 15 de novembro de 1889, a Princesa Imperial teria sucedido ao seu pai e sido aclamada como Imperatriz do Brasil; contudo, na impossibilidade de isso acontecer, Sua Alteza assumiu o novo título de Chefe da Casa Imperial do Brasil, e o Príncipe do Grão-Pará, como seu filho mais velho e herdeiro, passou a ser intitulado Príncipe Imperial do Brasil.

Em 1908, o Príncipe Imperial renunciou solenemente, antes de contrair matrimônio, aos seus direitos sucessórios, sendo sucedido por seu irmão imediatamente mais novo, o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança (1878-1920), que se tornou o novo Príncipe Imperial do Brasil. No dia 13 de setembro de 1909, quando nasceu seu primogênito, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909-1981), este foi intitulado Príncipe do Grão-Pará, no ato do seu nascimento, permanecendo assim intitulado até 26 de março de 1920, quando sucedeu seu pai, após o falecimento deste, como o Príncipe Imperial do Brasil. No seguinte, com a morte de sua avó paterna, sucedeu-a como Chefe da Casa Imperial do Brasil.

Desde então, o título de Príncipe do Grão-Pará não voltou a ser usado. A próxima pessoa a eventualmente usá-lo será o Príncipe Dom Rafael de Orleans e Bragança (n. 1986), hoje quarto na linha de sucessão ao Trono do Brasil, na altura em que seu pai, o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança (n. 1950), terceiro na linha de sucessão ao Trono, tornar-se Príncipe Imperial do Brasil, e seu tio, o atual Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança (n. 1941), ascender à Chefia da Casa Imperial do Brasil. Além disso, uma vez que nenhum dos Príncipes do Grão-Pará se casaram enquanto ainda detinham o título, nunca houve uma Princesa do Grão-Pará pelo casamento; da mesma forma, como a Rainha Dona Maria II de Portugal já não tinha mais titulações brasileiras quando se casou, também não houve um Príncipe do Grão-Pará pelo casamento.

Por fim, é preciso acrescentar que, devido à necessidade, após sua renúncia, de garantir a dignidade principesca aos descendentes do Príncipe Dom Pedro de Alcântara, em 26 de abril de 1909, a Família Imperial Brasileira e a Família Real Francesa firmaram o “Pacto de Família”, documento no qual foi formalmente reconhecida a criação dos títulos de Príncipe e Princesa de Orleans e Bragança, com o tratamento de Altezas Reais, a toda descendência masculina, principesca e legítima da Princesa Dona Isabel e de seu marido, o Príncipe Dom Gastão de Orleans (1842-1922), Conde d’Eu. Assim sendo, além do tratamento de Alteza Imperial que lhe é concedido pela Constituição Imperial, o Príncipe do Grão-Pará (assim como o Príncipe Imperial do Brasil) também a ter direito ao de Alteza Real, de modo que, a partir daquela data, passou-se a usar o tratamento composto de Alteza Imperial e Real para o Príncipe e a Princesa do Grão-Pará (bem como para o Príncipe e a Princesa Imperiais, enquanto os demais Príncipes e Princesas passaram a ser Altezas Reais).

Foto: Sua Alteza Imperial e Real o Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança (1909-1981), em 1915.

Abertura dos Portos às Nações Amigas


O Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas foi uma carta régia promulgada pelo Príncipe-regente Dom João de Bragança, no dia 28/01/1808, em Salvador, na Capitania da Baía de Todos os Santos, no contexto da Guerra Peninsular.

Foi a primeira Carta Régia promulgada pelo Príncipe-regente no Brasil, o que se deu apenas quatro dias após sua chegada, com a família real e a nobreza portuguesa, em 24 de janeiro de 1808.

Por esse diploma era autorizada a abertura dos portos do Brasil ao comércio com as nações amigas de Portugal, do que se beneficiou largamente o comércio britânico. Foi a primeira experiência liberal do mundo após a Revolução Industrial.

Porém, ao contrário do que se generalizou, em razão de erros de interpretação historiográfica, a abertura dos portos para todas as nações não foi ditada pelos ingleses. Ainda que a medida tenha beneficiado o Reino Unido — devido à virtual inexistência de concorrentes enquanto durasse a guerra e o bloqueio dos portos na Europa —, o que os britânicos desejavam, e demandaram de Portugal, eram condições expressamente mais vantajosas para as naves com sua bandeira.

A carta marcou o fim do Pacto Colonial, sistema de comércio que obrigava todos os produtos das colônias a passarem antes pelas alfândegas da metrópole. Ou seja, os países não podiam vender produtos para o Brasil, nem de lá importar matérias-primas diretamente, pois deveriam fazer seus negócios com a metrópole. Calcula-se que, no início do século XIX, cerca de 2/3 das exportações portuguesas eram, na verdade, reexportações de produtos brasileiros.

Diante da crescente ameaça da França Napoleônica, e uma vez feita a escolha de transmigração da corte, a Família Real necessitou da escolta britânica para empreender a travessia interoceânica até o Brasil.

Em uma escala alegadamente imprevista na Bahia, devido a tormentas na altura da Ilha da Madeira que lhe dispersaram a frota, D. João ouviu as súplicas de membros da alta burocracia em Salvador.
Um deles era José da Silva Lisboa, baiano formado em Coimbra, pioneiro na divulgação do pensamento de Adam Smith no mundo lusófono e autor do primeiro livro de economia em língua portuguesa — "Princípios de Economia Política", publicado em Lisboa em 1804 (haja vista que a palavra impressa, até a chegada da Família Real, era proibida no Brasil).

O segundo era o governador da Bahia, Conde da Ponte, que relatou ao regente as condições desesperadoras em que se encontrava a região devido à guerra, em representação expedida a D. João implorava que "se levante o embargo sobre a saída livre dos navios, pala portos que lhes indicarem mais vantajosas suas especulações". As súplicas parecem ter surtido efeito.

A carta régia em resposta à representação submetida pelo Conde da Ponte é o próprio decreto que determina a abertura de todos os portos brasileiros, sem exceção, à importação de toda e qualquer mercadoria estrangeira e à exportação de qualquer produto da terra, à exceção do pau-brasil, em navios dos países amigos.

Este decreto precedeu o Tratado de Comércio e Navegação de 1810 que, ao conceder vantagens e privilégios comerciais a um já favorecido Reino Unido, inaugurou uma outra espécie de regime comercial na história do Brasil: o dos chamados "Tratados Desiguais".

O original da carta régia

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

PIZÓN, O DESCOBRIDOR DO BRASIL?


Em 1498 a Coroa Espanhola decide permitir que particulares realizassem viagens de descobrimento. Depois de compactuarem em Sevilha com o Bispo Fonseca em nome dos Reis Católicos, em novembro de 1499, Vicente Yáñez Pinzón, navegador e explorador espanhol, codescobridor da América em 1492 como capitão da caravela La Niña, na primeira expedição de Colombo, saiu do porto de Palos de la Frontera com 4 caravelas, por iniciativa própria e com seus recursos advindos como recompensa pela descoberta de 1492.

Eduardo Bueno conta como foi a travessia do Atlântico:

Antes do Natal de 1499, as caravelas já aportavam em Santiago, uma das ilhas do arquipélago de Cabo Verde, na qual permaneceriam ancoradas por semanas. No dia 13/01/1500, Pinzón partiu então no rumo do sudoeste, em direção às novas terras que o próprio Colombo e Alonso de Hojeda tinham descoberto havia pouco mais de um ano, e que ficavam ao sul das ilhas do Caribe, achadas em 1492.

Como seus antecessores, Pinzón esperava chegar às porções continentais da Ásia. Nos 8 dias seguintes à partida, tudo correu bem e os ventos alísios empurraram os navios no rumo desejado. Mas a 21 de janeiro, assim que a frota cruzou o equador e a estrela Polar "afogou-se" no horizonte norte, "nasceu uma terrível tempestade de ondas e turbilhões de ventos". Por uma semana, vagalhões enormes e os ventos uivantes que os acompanhavam quase fizeram naufragar as caravelas. Elas só conseguiram "seguir seu caminho com grande perigo".

Ironicamente, o mau tempo acabaria permitindo a Pinzón realizar umas das mais rápidas travessias entre o Cabo Verde e o Brasil. Suas caravelas gastaram apenas 13 dias para cobrir uma distância de cerca de 2.390 km (trajeto que, normalmente, custaria cerca de um mês). E então, na manhã de 26/01/1500, Pinzón e seus homens desembarcaram em um cabo. Eles o chamaram de "Santa Maria de la Consolación".

O local avistado por Pinzón sempre foi cercado de controvérsias. Para alguns pesquisadores portugueses, os espanhóis teriam desembarcado ao norte do cabo Orange. Mas para seus rivais castelhanos, o desembarque se deu no Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco. Uma polêmica judicial se seguiu à viagem de Pinzón, chamada Probanzas del Fiscal - um pleito movido por Diego Colombo, filho de Cristóvão Colombo, contra a Coroa de Castela para assegurar os direitos do pai.

Todos os navegadores que participaram da 1ª viagem de Colombo foram ouvidos em audiências que se realizaram entre 1512 e 1515 na ilha de São Domingos e em Sevilha. No seu depoimento, Pinzón afirmou ter aportado no Cabo de Santo Agostinho, mas para Eduardo Bueno, ele "provavelmente se equivocou, ou mentiu".

Bueno acompanha a tese do capitão-de-mar-e-guerra Max Justo Guedes, que defendeu, no artigo "As Primeiras Expedições de Reconhecimento da Costa Brasileira", que o local seria a atual Ponta do Mucuripe, situada a 10 km do centro da cidade brasileira de Fortaleza, apoiando-se também no importante mapa de Juan de la Cosa, de 1501. Outras possibilidades também já foram aventadas, como o Cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte e Ponta do Seixas na Paraíba.

Durante a noite após o desembarque, perceberam grandes fogueiras queimando à distância, na linha da costa que se estendia à noroeste. Na manhã seguinte zarparam naquela direção até chegarem a um belo rio, batizado por Pinzón de "rio Formoso" - considerando o desembarque na Ponta do Mucuripe, possivelmente seria o rio Curu. Na praia, às margens do rio, registrou-se um violento combate com os índios locais, pertencentes à tribo dos potiguaras.

Infletindo para o Norte, Pinzón atingiu, em fevereiro, a foz do Rio Amazonas, a qual denominou de Mar Dulce, de onde prosseguiu para as Guianas e, daí, para o Mar do Caribe.

Embora quase exclusivamente utilizado em relação à viagem de Pedro Álvares Cabral, o termo "descoberta do Brasil" também pode referir-se à chegada de outros europeus antes dele. É o caso, por exemplo, da expedição do navegador português Duarte Pacheco Pereira em 1498, que visou possivelmente identificar os territórios que pertenciam a Portugal ou a Castela de acordo com o Tratado de Tordesilhas, de 1494.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A REVOLTA DOS MALÊS


Durante as primeiras décadas do século XIX várias rebeliões de escravos explodiram na província da Bahia. A mais importante delas foi a dos Malês, uma rebelião de caráter racial, contra a escravidão, e religiosa, contra religião Católica, que ocorreu em Salvador, de 24 para 25 de janeiro de 1835. 

Nessa época, a cidade de Salvador tinha cerca de metade de sua população composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas e procedências africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs. Foram eles que protagonizaram a rebelião, conhecida como dos "malês", termo designava negros muçulmanos.

Sendo a maioria deles composta por "negros de ganho" (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros), que tinham mais liberdade que os negros das fazendas, podendo circular por toda a cidade com certa facilidade, embora tratados com desprezo, isso facilitou a economia de parte dos ganhos que seus donos lhes deixavam, dinheiro, geralmente, usado para comprar alforria.

Eis que em janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 malês, liderados pelos muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, dentre outros, armou uma conspiração marcada para estourar na madrugada do dia 25 daquele mês.

Seus o objetivos eram libertar seus companheiros islâmicos, acabar com o Catolicismo (pois escravos vindos da África recebiam a Catequese), matar brancos e mulatos considerados "traidores" e proclamar uma república islâmica na Bahia.

Arrecadaram dinheiro para comprar armas e redigiram planos em árabe, mas não contavam com uma denuncia feita por uma negra ao juiz de paz da região. Mesmo assim, conseguiram atacar o quartel que controlava a cidade. 

Entretanto, devido à inferioridade numérica e de armamentos, acabaram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional, pela polícia e por civis armados que estavam apavorados ante a possibilidade do sucesso da rebelião (que significaria suas mortes).

No conflito morreram sete soldados e setenta revoltosos. Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais. Todos foram julgados pelos tribunais. Os líderes foram condenados a pena de morte. Os outros revoltosos foram condenados a trabalhos forçados, açoites e degredo (enviados para a África). O governo local, para evitar outras revoltas do tipo, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite bem como a prática de suas cerimônias religiosas.

Apesar de não alcançar o triunfo esperado, a Revolta dos Malês abalou as elites baianas mediante a possibilidade de uma revolta geral dos escravos. Ameaça que se estendeu até 1888 quando a Princesa Imperial Regente, Dona Isabel, em nome de seu pai, o Imperador Dom Pedro II, depois de muita luta da sociedade abolicionista, apoiada pela Família Imperial, decretou o fim da escravidão com a Lei Áurea. 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A REVOLTA DO QUEBRA QUILOS

Resultado de imagem para Revolta do Quebra-Quilos

A revolta do Quebra-Quilos foi uma revolta ocorrida na região Nordeste do Brasil, entre fins de 1872 e meados de 1877.

Em 26 de junho de 1862 foi aprovada no Brasil uma lei determinando que o sistema de pesos e medidas então em uso, seria substituído em todo o Império pelo sistema métrico francês, na parte concernente às medidas lineares de superfície, capacidade e peso.

O novo sistema, entretanto, só entrou em vigor em 1872, com a promulgação do Decreto Imperial de 18 de setembro. Mas apesar dessa exigência legal permaneceram em uso no país os sistemas tradicionais de medidas expressas em palmos, jardas, polegadas ou côvados, e o peso das mercadorias calculado em libras e arrobas.

Além delas, havia ainda no Brasil, em 1872, uma grande variedade de outros pesos e medidas, tais como a braça, a légua, o feixe, o grão, a onça, o quintal e muitos outros padrões, aos quais a população estava acostumada porque vinham sendo utilizados desde muitas gerações. Por isso mesmo, a tentativa de implantação do novo sistema métrico no país provocou revolta em diversos lugares.

No estado da Paraíba, por exemplo, onde tudo começou, João Vieira, o João Carga d'Água, liderou os revoltosos que iniciaram o movimento no povoado de Fagundes em Campina Grande num dia de feira, onde quebraram as "medidas" (caixas de madeira de um e cinco litros de capacidade), fornecidas pelo poder público municipal e usadas pelos feirantes, e atiraram os pesos dentro de um açude da cidade chamado hoje de Açude Velho.

Os revoltosos cresceram em número, e já então sob a liderança de Manuel de Barros Souza, conhecido como Neco de Barros, e Alexandre Viveiros, invadiram a cadeia da cidade e libertaram os presos, incendiaram o cartório local e os arquivos da prefeitura.

Da mesma forma, em mais de setenta outras localidades nordestinas o povo se rebelou invadindo as Câmaras e destruindo as medidas e os editais. Diversos motivos determinaram o descontentamento da população. Uma delas foi a cobrança de taxas para o aluguel e aferição dos novos padrões do sistema métrico – balanças, pesos e vasilha de medidas.

A lei que os criara proibia a utilização dos antigos padrões, e os seus substitutos deveriam ser alugados ou comprados na Câmara Municipal à razão de 320 réis por carga. Os comerciantes, por sua vez, acrescentavam ao preço das mercadorias o valor do aluguel ou da compra dos padrões, o que encarecia ainda mais os produtos para a população.

Outra razão foi a criação do chamado "imposto do chão", cobrado dos feirantes que expunham no chão da feira as mercadorias que pretendiam vender. E uma terceira, o estabelecimento das novas regras de recrutamento, sobre as quais se dizia que não escapariam do "voluntariado" militar nem as pessoas de posses.

Por todas essas razões o número de revoltosos cresceu de forma acelerada, já que era engrossada por comerciantes, por proprietários de imóveis, por pequenos agricultores cuja receita dependia da venda semanal de sua produção na feira, e também por consumidores que se sentiam diretamente atingidos em virtude da elevação de preços dos produtos que precisavam adquirir.

A luta contra a sistemática inovadora se estendeu a muitos outros municípios, e acabou envolvendo também os estados de Piauí, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte. Neste estado, das treze vilas rebeladas, cerca de cinco eram da região do Seridó: Acari, Currais Novos, Flores, Jardim e Príncipe.

Pela repercussão favorável que encontrou, a revolta dos Quebra-Quilos preocupou fortemente as autoridades provinciais porque vilas inteiras do Nordeste aderiram à rebelião contra o decreto que impunha a implantação de um novo sistema métrico, com seus habitantes saqueando feiras e destruindo pesos e medidas do comércio.

Mas a enérgica repressão promovida pelo governo imperial foi bem sucedida, porque as forças militares conseguiram em pouco tempo pacificar a região, sem necessidade de confrontos mais sérios.

EM QUE A MONARQUIA PODERÁ AJUDAR O BRASIL?

"Eu acho que a monarquia ajudaria enormemente a resolver os problemas pelo seguinte: o Soberano não é eletivo e, portanto, não está vinculado nem a partidos, nem a grupos de interesses e nem a forças econômicas. O seu interesse é o interesse da Nação.

Por uma razão muito simples: se ele governar bem, quem vai se aproveitar disso é ele mesmo e seus filhos. Se governar mal, o castigo cai sobre ele mesmo e seus filhos. Quer dizer, o interesse do Soberano e da Nação formam um só e não há essa preocupação que há na república, a próxima eleição.

Mais uma vez eu digo: o interesse do Rei e do Imperador é uno com o interesse da Nação, e isso é uma coisa que tem também  a capacidade de moralizar toda a política porque ele se torna um exemplo incorrupto e incorruptível para toda a Nação. E por via de consequência, toda a máquina política, a estrutura da Nação, se torna moralizada.

Com isso, os problemas do país se resolvem muito mais facilmente, sem que entrem rixas entre partidos políticos ou grupos de interesses. O Soberano é um árbitro, é um juiz imparcial que pode ajudar a harmonizar tudo isso".

S.A.I. o Príncipe Dom Luiz de Orleáns e Bragança
Chefe da Casa Imperial e, de jure, Imperador do Brasil

domingo, 21 de janeiro de 2018

O HINO DA INDEPENDÊNCIA

S.M. o Imperador Dom Pedro I compondo a melodia do hino

O Hino da Independência é uma canção patriótica oficial comemorando nossa declaração da independência. Sua melodia foi composta em 1822 pelo Imperador Dom Pedro I, e sua letra foi escrita pelo poeta Evaristo da Veiga.

Segundo diz a tradição, a música foi composta pelo Imperador às 4 horas da tarde do mesmo dia do Grito do Ipiranga, 7 de setembro de 1822, quando já estava de volta a São Paulo vindo de Santos.

LETRA:

Normalmente, as estrofes 3, 4, 5, 6, 8 e 10 são hoje omitidas quando o hino da Independência é cantado.

1
Já podeis da Pátria filhos,
Ver contente a Mãe gentil!
Já raiou a Liberdade
No Horizonte do Brasil,
Já raiou a Liberdade
Já raiou a Liberdade
No Horizonte do Brasil!

Refrão

Brava Gente Brasileira
Longe vá, temor servil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

2
Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil,
Houve Mão mais poderosa,
Zombou deles o Brasil.
Houve Mão mais poderosa
Houve Mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil.

(Refrão)

3
O Real Herdeiro Augusto
Conhecendo o engano vil,
Em despeito dos Tiranos
Quis ficar no seu Brasil.
Em despeito dos Tiranos
Em despeito dos Tiranos
Quis ficar no seu Brasil.

(Refrão)

4
Ressoavam sombras tristes
Da cruel Guerra Civil,
Mas fugiram apressadas
Vendo o Anjo do Brasil.
Mas fugiram apressadas
Mas fugiram apressadas
Vendo o Anjo do Brasil.

(Refrão)

5
Mal soou na serra ao longe
Nosso grito varonil;
Nos imensos ombros logo
A cabeça ergue o Brasil.
Nos imensos ombros logo
Nos imensos ombros logo
A cabeça ergue o Brasil.

(Refrão)

6
Filhos clama, caros filhos,
E depois de afrontas mil,
Que a vingar a negra injúria
Vem chamar-vos o Brasil.
Que a vingar a negra injúria
Que a vingar a negra injúria
Vem chamar-vos o Brasil.

(Refrão)

7
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil:
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

(Refrão)

8
Mostra Pedro a vossa fronte
Alma intrépida e viril:
Tende nele o Digno Chefe
Deste Império do Brasil.
Tende nele o Digno Chefe
Tende nele o Digno Chefe
Deste Império do Brasil.

(Refrão)

9
Parabéns, oh Brasileiros,
Já com garbo varonil
Do Universo entre as Nações
Resplandece a do Brasil.
Do Universo entre as Nações
Do Universo entre as Nações
Resplandece a do Brasil.

(Refrão)

10
Parabéns; já somos livres;
Já brilhante, e senhoril
Vai juntar-se em nossos lares
A Assembleia do Brasil.
Vai juntar-se em nossos lares
Vai juntar-se em nossos lares
A Assembléia do Brasil.

(Refrão)

Ouça o Hino da Independência do Brasil no YouTube, na TV IMPERIAL
Versão em 8 bit

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O PAPEL DE UM SOBERANO


O monarca é obrigado, pelo posto que ocupa como Chefe de Estado, a sacrificar seus próprios interesses pelos interesses da Nação, ele está ali para servir, não para ser servido. O monarca é o funcionário público número um.

Tem que sacrificar a renda, a juventude e a própria saúde pelo bem do povo. O monarca tem que ser incansável, é ele o defensor do seu povo contra os maus governos. Por acaso, Dom Pedro II não procedeu assim a vida toda?

No quadro: S.A.I. o Príncipe Dom Luiz de Orleáns e Bragança, Chefe da Casa Imperial e, de jure, Imperador do Brasil.

"A conclusão [de que no Império a inflação era mínima] aponta para a circunstância de nas monarquias haver uma noção muito clara sobre o que é da nação, cujo representante máximo - por toda a sua vida - é o monarca, e após ele seu filho ou parente mais próximo.

Enquanto que nas repúblicas essa noção inexiste, por desnecessária, porque os representantes da nação o são transitoriamente, sem qualquer vínculo pessoal ou familiar com o cargo.

A única explicação possível, em suma, é a de que na república o dinheiro e o patrimônio pública só teoricamente são do povo: na prática, está à disposição de quem o representa temporariamente. E depois que deixa de representá-lo, não tem preocupações com o que será transmitido ao seu sucessor, não ligado por laços de família e, em geral, adversário ou inimigo político".

Paulo Napoleão Nogueira da Silva em "Defeito congênito".