No funeral do imperador em 9 de dezembro de 1891, havia uma imensa delegação de brasileiros, a Rainha Isabella II da Espanha, o Rei Francisco II das Duas-Sicílias, o Kaiser Guilherme II da Alemanha, o Príncipe Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o Príncipe Philippe, Conde de Paris, o Grão-Duque da Rússia, Alexandre Mikhailovich, entre outros membros da realeza europeia. Naquela ocasião novamente os brasileiros beijaram as mãos de Isabel e aclamaram como Imperatriz do Brasil. A imprensa francesa não somente reportou a morte de Pedro II como também mencionou Isabel como se tornando oficialmente a Imperatriz do Brasil, título esse pelo qual ela era tratada não somente pela imprensa francesa, mas pelo governo francês até a data de sua morte em 1921. O mesmo tratamento lhe foi dado pelas imprensas portuguesa, alemã e espanhola.
No Brasil, o Diretório Monárquico Brasileiro, fundado como o órgão oficial da Monarquia em 1890, começou a trata-la pelo título de Imperatriz. Depois do fim da Ditadura da Espada e a ascensão civil ao governo brasileiro em 1894, órgãos oficiais da República dos Estados Unidos do Brasil vieram a se referir a ela como Imperatriz, como no caso da Supremo Tribunal Federal - caso esse que rendeu duras críticas ao governo pela imprensa republicana e dos republicanos mais exaltados como o presidente Afonso Pena, que emitiu grande censura. Nas memórias da Condessa de Paris, a neta de Isabel relata que durante a viagem de sua avó a Paris para acompanhar o aviador brasileiro Alberto Santos-Dumont, ela fora recebida por oficiais franceses, militares, políticos e diplomatas, assim como alguns membros da Casa de Orléans e subsequentemente referida na imprensa como Imperatriz do Brasil. Em 1896, durante um jantar com a Rainha Vitória, a mesma se referiu a Isabel como "Imperatriz herdeira do Brasil."
Isso é devido a dois fatores: O primeiro é a imensa popularidade do Imperador Dom Pedro II não somente no Brasil mas no resto do mundo e o curto tempo entre a mudança de regime político no Brasil e a morte do Imperador, que gerou força política para que a Monarquia fosse restaurada no Brasil. Graças a isso, a realeza europeia não hesitou em aceita socialmente Isabel como Imperatriz do Brasil. O uso do título de Imperatriz foi socialmente aceito também para evitar confusão com seu antigo título de herdeira: Princesa Imperial do Brasil; título herdado por seu filho, Príncipe Pedro de Alcântara, na ocasião da morte de Dom Pedro II e ascensão de Isabel como Chefe da Casa imperial brasileira. O segundo fator foram os três períodos em que Isabel governou o Brasil como regente em nome de seu pai, que gerou enorme curiosidade na Europa pela estabilidade do Brasil, uma vez que o monarca podia deixar o país livremente sem temer nenhuma instabilidade política eventual. Em parte isso confundiu muitas pessoas que achavam que o Imperador tinha abdicado em favor de Isabel.
Recentemente até mesmo livros de história tem se referido a ela como Imperatriz de jure do Brasil. Isabel pode não tem sido uma Imperatriz reinante no Brasil, mas por ter sido aclamada, reconhecida oficialmente pelo governo e pelo seu legado como regente do país durante várias ocasiões, ela foi Imperatriz titular do Brasil como seu bisavô, o Rei Dom João VI de Portugal, Brasil e Algarves, ou como foi o caso do Imperador Napoleão II dos Franceses.
Fontes: História de D. Pedro II - por Pedro Calmon, 1975
Pedro II e o Século XIX - por Lídia Besouchet, 1993
D. Pedro II: ser ou não ser - por José Murilo de Carvalho, 2007
Princess Isabel of Brazil: gender and power in the nineteenth century - by Roderick J. Barman, 2002
De Todo Coração - por Princesa Isabel de Orléans e Bragança, 1983
História de Dom Pedro II (1825–1891): Declínio (1880–1891) -
por Heitor Lyra, 1997
LINK ORIGINAL - HABITAT POLÍTICO
Nenhum comentário:
Postar um comentário