domingo, 28 de janeiro de 2018

POR QUE ISABEL FOI IMPERATRIZ DO BRASIL?

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Em 15 de novembro de 1889, um golpe militar depôs o imperador Pedro II e proclamou a República. Os republicanos nunca forçaram Pedro II a abdicar formalmente e o imperador foi mandado ao exílio com sua família mantendo seus títulos. Pedro II morreu em Paris no ano de 1891. Muitos brasileiros estavam presentes quando ele morreu, além da família imperial e alguns príncipes da Casa de Saxe-Coburgo-Gota. Naquela ocasião, depois do momento de luto e emoção, Isabel solenemente beijou as mãos de seu pai, e depois disso, todos os presentes beijaram a mão dela, reconhecendo-a como a Imperatriz de jure do Brasil.

No funeral do imperador em 9 de dezembro de 1891, havia uma imensa delegação de brasileiros, a Rainha Isabella II da Espanha, o Rei Francisco II das Duas-Sicílias, o Kaiser Guilherme II da Alemanha, o Príncipe Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o Príncipe Philippe, Conde de Paris, o Grão-Duque da Rússia, Alexandre Mikhailovich, entre outros membros da realeza europeia. Naquela ocasião novamente os brasileiros beijaram as mãos de Isabel e aclamaram como Imperatriz do Brasil. A imprensa francesa não somente reportou a morte de Pedro II como também mencionou Isabel como se tornando oficialmente a Imperatriz do Brasil, título esse pelo qual ela era tratada não somente pela imprensa francesa, mas pelo governo francês até a data de sua morte em 1921. O mesmo tratamento lhe foi dado pelas imprensas portuguesa, alemã e espanhola.

No Brasil, o Diretório Monárquico Brasileiro, fundado como o órgão oficial da Monarquia em 1890, começou a trata-la pelo título de Imperatriz. Depois do fim da Ditadura da Espada e a ascensão civil ao governo brasileiro em 1894, órgãos oficiais da República dos Estados Unidos do Brasil vieram a se referir a ela como Imperatriz, como no caso da Supremo Tribunal Federal - caso esse que rendeu duras críticas ao governo pela imprensa republicana e dos republicanos mais exaltados como o presidente Afonso Pena, que emitiu grande censura. Nas memórias da Condessa de Paris, a neta de Isabel relata que durante a viagem de sua avó a Paris para acompanhar o aviador brasileiro Alberto Santos-Dumont, ela fora recebida por oficiais franceses, militares, políticos e diplomatas, assim como alguns membros da Casa de Orléans e subsequentemente referida na imprensa como Imperatriz do Brasil. Em 1896, durante um jantar com a Rainha Vitória, a mesma se referiu a Isabel como "Imperatriz herdeira do Brasil."

Isso é devido a dois fatores: O primeiro é a imensa popularidade do Imperador Dom Pedro II não somente no Brasil mas no resto do mundo e o curto tempo entre a mudança de regime político no Brasil e a morte do Imperador, que gerou força política para que a Monarquia fosse restaurada no Brasil. Graças a isso, a realeza europeia não hesitou em aceita socialmente Isabel como Imperatriz do Brasil. O uso do título de Imperatriz foi socialmente aceito também para evitar confusão com seu antigo título de herdeira: Princesa Imperial do Brasil; título herdado por seu filho, Príncipe Pedro de Alcântara, na ocasião da morte de Dom Pedro II e ascensão de Isabel como Chefe da Casa imperial brasileira. O segundo fator foram os três períodos em que Isabel governou o Brasil como regente em nome de seu pai, que gerou enorme curiosidade na Europa pela estabilidade do Brasil, uma vez que o monarca podia deixar o país livremente sem temer nenhuma instabilidade política eventual. Em parte isso confundiu muitas pessoas que achavam que o Imperador tinha abdicado em favor de Isabel.

Recentemente até mesmo livros de história tem se referido a ela como Imperatriz de jure do Brasil. Isabel pode não tem sido uma Imperatriz reinante no Brasil, mas por ter sido aclamada, reconhecida oficialmente pelo governo e pelo seu legado como regente do país durante várias ocasiões, ela foi Imperatriz titular do Brasil como seu bisavô, o Rei Dom João VI de Portugal, Brasil e Algarves, ou como foi o caso do Imperador Napoleão II dos Franceses.

Fontes: História de D. Pedro II - por Pedro Calmon, 1975
Pedro II e o Século XIX - por Lídia Besouchet, 1993
D. Pedro II: ser ou não ser - por José Murilo de Carvalho, 2007
Princess Isabel of Brazil: gender and power in the nineteenth century - by Roderick J. Barman, 2002
De Todo Coração - por Princesa Isabel de Orléans e Bragança, 1983
História de Dom Pedro II (1825–1891): Declínio (1880–1891) -
por Heitor Lyra, 1997

LINK ORIGINAL - HABITAT POLÍTICO

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