Príncipe Dom Luís Gastão de Orleáns, o Conde D'eu, um exemplo de Príncipe
O CONDE D’EU, ADVOGADO DOS QUE SERVIRAM NA GUERRA
AO TENENTE-GENERAL CALDWELL
Já tem sido posta em relevo, pelos biógrafos do Príncipe Gastão de Orléans, a circunstância de ter êle se constituído, depois da guerra do Paraguai, permanecendo defensor de quantos houvessem servido na longa campanha e qualquer justa compensação quisessem pleitear, juntos aos poderes públicos. Nêsse sentido, não duvidava o Conde d’Eu assediar os seus amigos com pleno conhecimento da causa, solicitando exclusivamente o que tivesse apoio legal.
Onze cartas adiante transcritas, pelo esposo da Princeza Imperial, herdeira do trono brasileiro, dirigidas ao tenente-general João Frederico Caldwell, Ajudante-General do Exército, bem como três respostas dêste, cabalmente demonstram o generoso interêsse pelo Conde d’Eu sempre demonstrado por seus companheiros de armas do exército brasileiro. Pertencem, todos êsses documentos, ao arquivo de Caldwell, hoje em poder do Sr. Francisco Marques dos Santos, que o colocou à nossa disposição.
- EMPREGO PARA UM VETERANO DA RETIRADA
DA LAGUNA
“COMANDO EM CHEFE DE TÔDAS
AS FÔRÇAS BRASILEIRAS EM OPERAÇÕES
NA REPÚBLICA DO PARAGUAI
Quartel General em a Vila do Rosário, 11 de Março, 1870.
Exmo. Sr. Caldwell
Retira-se do teatro das operações em consequência da cessação das hostilidades, o Alferes do Estado-Maior de 2ª Classe Antônio José da Costa Brandão, que além de ter feito penosa campanha do sul de Mato Grosso em 1867, acaba de prestar bons serviços no meu Quartel-General.
Êle deseja conseguir o emprego de encarregado de Depósito d’artigos bélicos na Província de Goiás, lugar que consta achar-se exercido por um oficial da Guarda Nacional; e como atendendo às boas qualidades que distinguem a êste Oficial estra pretensão me parece equitativa, não hesito em solicitar para ela a benévola proteção de V. Exa., de quem me confesso
Muito amigo
Gastão de Orléans”
- AMPARANDO OS VETERANOS DO PARAGUAI
De volta da guerra, passou o Conde d’Eu a defender os interêsses dos militares que melhor tivessem servido na campanha, amparando-os em suas justas pretensões, indicando-os para cargos vagos, etc.
É o que prova, por exemplo, mais esta carta dirigida a Caldwell:
“Paço Isabel, 5 de junho de 1870.
Meu caro General,
Ouço dizer que se vai criar uma 5ª companhia no Depósito de Aprendizes Artilheiros. Venho pedir a V. E. que nêste caso seja nomeado para o Comando dela o 1º tenente de artilharia José Fausto de Lima. Êle já exerceu naquela Fortaleza um emprêgo que deixou o ano passado para regressar à campanha do Paraguai e que durante sua ausência foi preenchido por outrem. É um oficial digno de toda a consideração de V. E. por seu pundonor e outras excelentes qualidades; e pois creio que V. E. não terá dúvida em aceder a êsse meu pedido.
- Passo a outro. Consta-me igualmente que, sendo nomeado Comandante do Asilo de Inválidos o Major Fiscal do mesmo, vai ficar assim vago êste último logar. Entre os oficiais que pretendem, tomo a liberdade de recomendar a V. E. o Major honorário do Exército Francisco Joaquim de Almeida Castro, oficial muito bravo que, tendo feito toda a campanha do Paraguai e recebido muitos ferimentos, um dos quais lhe deixou a mão aleijada, regressou ùltimamente como Fiscal do Batalhão 44 de Voluntários (1).
Parece-me pois que êsse meu recomendado tem mais algum direito que um dos seus concorrentes que me consta ser o Major Lazary, o qual regressou do Paraguai há bastantes anos, tendo portanto prestado poucos serviços na guerra.
Por isso rogo a V. E. o favor de me declarar se tem possibilidade de ser atendida a pretensão que expus, ou se há a isso algum obstáculo, o que muito lhe agradecerá êste.
Seu amigo
Gastão de Orléans”
- PENSÃO PARA UM INVÁLIDO DA PÁTRIA
Paço Isabel, 7/6/70.
Meu caro General
Pedem-me que eu me interesse para fazer obter um a pensão ao Inválido da Pátria João Jacobo Hoelz, que se acha no Asilo da Ilha do Bom Jesus, e que tendo sido inspecionado três vêzes, foi reconhecido incapaz de ganhar sua subsistência, em consequência de moléstias internas.
Rogo pois a V. Exa. Tenha bondade de me informar quais trâmites e formalidades necessárias para se obter do Govêrno Imperial a concessão de tais pensões.
Sou sempre de V. Ex.
muito amigo,
Gastão de Orléans”.
Nota de Caldwell – “Respondido em 11-6-70”.
- LIBERDADE PARA UM PEQUENO CULPADO
“Palácio Isabel, 7 de junho de 1870
Ilmo. Exmo. Sr. Tem.-Gal. Caldwell
Tenho a satisfação de responder a carta de V. Ex. datada de 3 do corrente declarando que: Sou de opinião que o oficial dever ser intimado para entrar com o dinheiro que extraviou, e que, satisfeita esta dívida, deve ser posto em liberdade; por isso que a formação d’um processo-crime exigiria sem dúvida um detenção prolongada que constituiria um castigo fora de proporção com a culpa, filha, ao que me parece, d’um méro descuido.
Devolvo o ofício que acompanhou a carta de V. Ex.
Gastão de Orléans”.
Nota de Caldweel – “Respondida em 10-6-70”. Apesar dis’o, pretendendo ouvir a respeito a opinião do Príncipe, a 16 de junho escreveu-lhe o Ajudante-General a seguinte carta, conforme cópia guardada em seu arquivo:
“Senhor –
Em aditamento á carta que tive a subida honra de endereçar a V. Alteza a respeito do Af. F. X. de A. M. cumpre-me depositar nas respeitáveis mãos de Vossa Alteza o incluso requerimento daquele Alf., propondo o meio para de pronto pagar a quantia proveniente do espólio do Ten. Joaquim Mariano Seabra, cujo requerimento veio coberto com o ofício do Comandante da Fortaleza de Santa Cruz de 13 do corrente, sob nº 772: desejava pois ouvir a judiciosa opinião de V. A. sôbre êste importante objeto.
De Vossa Alteza.
16 de junho de 1870”
CONTINUA...
DEUS SALVE O BRASIL!
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