A Princesa Dona Isabel e seu marido, Dom Luis Gastão (o Conde D´éu)
Os Imperadores do Brasil no 3º reinado
- INFORMAÇÃO BUROCRÁTICA DE CALDWELL
Documentando o modo estritamente legal com que se dirigia às altas autoridades militares, apadrinhando as solicitações dos ex- combatentes, nada é mais significativo que a minuta de carta ao Príncipe dirigida em 12 de julho de 1870 pelo Ajudante-General do Exército, tenente-general João Frederico Caldweel, a propósito de um dos apresentados do Conde d’Eu.
“Senhor
Acusando a carta de Vossa Alteza se dignou dirigir-me em 4 do corrente, relativamente à admissão no Exército do ex-Sargento-Ajudante do Batalhão 33º de Voluntários Ludgero Elias Guimarães, peço licença, com o maior acatamento, para depositar em sua mãos a inclusa Ordem do Dia da Secretaria da Guerra nº 327, de 9 de setembro de 1862, em que se explica a maneira de serem ocupados os postos de oficiais inferiores do Exército, e também inclúo o parecer da 1ª Seção da Repartição do Ajudante-General, ontem datada; não obstante Vossa Alteza se dignará de mandar-me suas respeitáveis ordens a semelhante respeito, como melhor entender.”
- APRESSANDO A SOLUÇÃO DE UMA REFORMA
“Paço Isabel, 13/8/70.
Exmo. Sr. General Caldwell.
Meu caro General.
O Major de comissão e Capitão de artilharia Anfrísio Fialho (2), por quem me interesso, solicitou sua reforma, e o parecer da juntas de saúde que o inspecionaram com efeito o declarou incapaz de serviço ativo por causa das lesões incuráveis, isto foi a princípios do mês passado, segundo informado e entretanto não tem havido até hoje decisão dêste negócio.
Eu, pois, agradeceria a V. Ex. se pudesse informar-me das circunstâncias que demoram a solução d’um pedido tão simples e tão justo.
Creia-me sempre seu amigo.
Gastão de Orléans”.
Notas de Caldwell: “R. em 14 de Agôsto”.
- AINDA O PEQUENO CULPADO PRESSO
Exmo. Sr. General Caldewell
No momento de me retirar por alguns meses para a Europa, não posso deixar de mais uma vez interceder junto de V. Ex. a favor do infeliz Alferes de Voluntários da Pátria F. X. de A. M., o qual, talvez por minha causa, ainda continua preso na Fortaleza de santa Cruz.
Rogo a V. Ex. que tenha caridade de o mandar pôr em liberdade logo que isto fôr possível, e agradecer-lhe-ei informar-me o que porventura tenha ultimamente ocorrido a êste respeito, repetindo-me
Sempre de V. Ex.
Muito amigo
Gastão de Orléans”.
- EM DEFESA DE OFICIAIS PRETERIDOS
“22/8/70
Exmo. Sr. General Caldwell
Ao percorrer a Ordem do dia Repartição de V. Ex., nº 276, de 31 do mês passado, observei com dor que ainda figuram como 1os tenentes os oficiais do corpo de engenheiros Guilhermes Carlos Lassance (3) e Eugênio Adriano Pereira da Cunha Melo, os quais tinham sido por mim promovidos a Capitães quando eu comandava as Forças em Operações no Paraguai.
Tendo Sido em geral aprovados pelo Governo Imperial todos ao taos dessa espécie que pratiquei, eu desejaria que V. Ex. me informasse o que porventura deu lugar a ficar êste sem aprovar; se foi talvez extravio do meu ofício de comunicação ou qualquer outro motivo.
Eu com efeito muito sentirei se facassem sem serem promovidos esses dois distintos oficais porque a sua promoção era de rigorosa justiça, visto que eram êles os únicos tenentes de Engenharia existentes em campanha e aí prestaram incessantemente os serviços mais relevantes, especialmente o Sr. Lassance, que até teve um elogio especial na minha Ordem do dia n.º 40, de 24 de dezembro do ano próximo passado.
Rogo a V. Ex. que vale pelos direitos que os serviços lhe constituem, para não ficarem esbulhados da remuneração que pensei ter-lhes dado, e me reputo de V. Ex.
Muito amigo
Gastão de Orléans”.
Em resposta a essa carta, encontrou-se no arquivo herdado por Dona Maria Isabel Caldwell a seguinte minuta de resposta:
"Sereníssimo Senhor Conde d'Eu -
Em resposta à carta que Vossa Aletza dignou-se dirigir-me em data de hoje, na qual me pede que eu informe a Vossa Alteza porque não foram considerados como capitães os 1os tenentes d'egenheiros Guilherme Carlos Lassance e Eugênio Adriano Pereira da Cunha e Melo, tenho a honra de levar ao conhecimento de Vossa Alteza que as relações dos oficiais, cadetes e oficiais inferiores a 1.ª Linha, que por Vossa Alteza foram remetidos em ofício de 25 de janeiro do corrente ano, subiram com a informação desta Repartição em 18 de março também dêste ano para a Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra, e não consta à mesma Repartição que fôssem aprovadas, tanto que a portaria de 26 de julho último, que manda seguir para o Rio Grande do Norte, Guilherme Carlos Lassance ainda o considera tenente, assim como a portaria de 23 do mesmo mês de julho também considera tenente d'engenheiros Eugênio Adriano Pereira da Cunha e Mello.
Eis o que posso informar a Vossa Alteza.
De Vossa Alteza.
Rio de Janeiro, 22 de agôsto de 1870".
Em resposta, tratando dêsse e de outros assuntos anteriormente mencionados, no mesmo dia escreveu o Conde d'Eu ao tenente-general Caldwell, pois no dia seguinte partiria para a Europa, com a Princeza, a bordo do paquete Douro:
"22/8/70
Exmo. Sr. General Caldwell
Acuso o recebidas as três cartas que V. Ex. me dirigiu hoje.
Quanto ao soldado Hoelz, penso como V. Ex. que à vista da alta da inspeção, deve ser reformado.
Quanto ao Srs. Lassance e Cunha e Melo, vejo que não está, infelizmente, na alçada de V. Ex. fazer-lhes justiça.
Quanto, por fim, ao Alferes A. M., do paracer da Repatição Fiscal (que óra devolvo), vê-se que o Conselheiro Diretor da mesma inclina-se a que o Alferes seja solto para que os cofres públicos não venham a ficar por mais tempo sobrecarregados com o pegamento dos soldos dêle.
Isto parece razoável, deixando-se então de pagar a êle os vencimentos a que tiver direito, até a quantia necessária para indenizar o espólio extraviado.
Se V. Ex. porém julgar esperar até que venha resposta do Paraguai ao ofício de V. Ex. de 16 do mês próximo passado, julgo que pelo menos deverá ser solto logo que vier tal resposta.
Gastão de Orléans"
CONTINUA...
Deus Salve o Brasil!
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