Assim, a prática da escravidão nos quilombos tinha dupla finalidade:
- Aculturar os escravos recém-libertos às práticas do quilombos, que consistiam em trabalho árduo para a subsistência da comunidade, já que muitos dos escravos libertos achavam que não teriam mais que trabalhar;
- a segunda, que visava a diferenciar os ex-escravos que chegavam aos quilombos pelos próprios meios (escravos fugidos, que se arriscavam até encontrar um quilombo. Sendo, neste trajeto, perseguidos por animais selvagens e pelos antigos senhores, e ainda, correndo o risco de serem capturados por outros escravistas) daqueles trazidos por incursões de resgates (escravos libertados por quilombolas que iam às fazendas e vilas para libertar escravos).
Zumbi dos Palmares é o ícone de resistência e liberdade mais reverberado na história do Brasil. Os livros tradicionais, utilizados na escola e até mesmo a cultura passada de pai para filho, colocam Zumbi como um revolucionário que lutava pelo fim da escravidão... Porém essa pode ser uma visão "purista". Uma corrente de pesquisadores que inclui Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do “Dicionário do Brasil Colonial”, e Leandro Narloch, jornalista e autor do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” contestam esta versão
Zumbi era um chefe e tinha seus escravos, além da história de ele ter sido criado por um padre e saber latim não ter nenhum documento histórico de comprovação. Fora isso, Zumbi teria rompido um acordo com Portugal e antecipado a destruição de Palmares. De acordo com Ronaldo Vainfas, "É uma mistificação dizer que havia igualdade em Palmares", afirma o historiador. Ele ainda diz que Zumbi e os grandes generais do quilombo lutavam contra a escravidão de si próprios, mas também possuíam escravos. No século XVII, época em que os ideais de liberdade e igualdade ainda não haviam sido consolidados na Europa, não seria possível que, entre os negros, tais conceitos fossem a força e ideal da formação dos quilombos e das atividades de Zumbi.
FONTES:
- Cornwell, Bernard. O Último Reino. Record, 2006;
- Libby, Douglas Cole e Furtado, Júnia Ferreira. Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e Europa, séculos XVIII e XIX. págs. 321-322. Annablume, 2006;
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