quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A RELIGIÃO NO IMPÉRIO

Três frades brasileiros em 1875

O artigo 5º da constituição declarou o catolicismo como a religião do Estado. 

Como o catolicismo era a religião oficial, o imperador exercia um grande controle sobre assuntos da Igreja e pagava os salários clericais, nomeava os párocos e bispos, ratificava bulas pontifícias e supervisionava seminários. No prosseguimento da reforma, o governo selecionou bispos cuja aptidão moral, postura em relação a educação e apoio à reforma encontrava seus interesses. No entanto, conforme homens mais capazes começaram a chegar aos cargos clericais, o ressentimento do controle do governo sobre a Igreja aumentou. Os clérigos católicos aproximaram-se do Papa e de suas doutrinas. Isso resultou na "questão religiosa", uma série de confrontos durante a década de 1870 entre o clero e o governo, já que o primeiro queria uma relação mais direta com Roma, enquanto o segundo procurava manter a sua supervisão dos assuntos da Igreja.

A constituição permitia que os seguidores de outras religiões não-católicas praticassem suas crenças religiosas, embora apenas em privado. Era proibida a construção de edifícios religiosos não-católicos porém, desde o início, estas restrições eram ignoradas por cidadãos e autoridades, tanto que houve a construção da linda e bem grande igreja luterana, em Petrópolis, poucos metros atrás da Catedral onde a Princesa Dona Isabel frequentava assiduamente, inclusive para varrer a igreja com espírito de penitência. Em Belém, a capital da província do Pará, a primeira sinagoga foi construída em 1824. Os judeus migraram para o Brasil logo após a sua independência e e estabeleceram-se principalmente nas províncias do nordeste, como Bahia e Pernambuco, e nas províncias do norte, como Amazonas e Pará. Outros grupos judaicos vieram da região da Alsácia-Lorena e da Rússia. Por volta de 1880, havia várias comunidades judaicas e sinagogas espalhadas por todo o Brasil. 

Os protestantes foram outro grupo que começou a estabelecer-se no Brasil no início do século XIX. Os primeiros protestantes eram ingleses e uma igreja anglicana foi inaugurada no Rio de Janeiro em 1820. Outros foram se estabelecendo posteriormente nas províncias de São Paulo, Pernambuco e Bahia. Estes foram seguidos por luteranos alemães e suíços que se estabeleceram nas regiões sul e sudoeste e construíram seus próprios centros de culto. Após a Guerra de Secessão nos Estados Unidos em 1860, imigrantes do sul dos Estados Unidos que tentavam escapar da Reconstrução, estabeleceram-se em São Paulo. Várias igrejas norte-americanas patrocinaram atividades missionárias, incluindo batistas, luteranos, congregacionais e metodistas. 

Entre os escravos africanos, o catolicismo era a religião da maioria. A maior parte dos escravos veio originalmente das partes do meio-oeste e do sudoeste da costa africana. Por mais de quatro séculos, essa região tinha sido alvo de atividades missionárias cristãs. Alguns africanos e seus descendentes, no entanto, sustentaram elementos das tradições religiosas politeístas, fundindo-os com os do catolicismo. Isso resultou na criação de credos sincréticos, como o candomblé. Os islamismo também era praticado entre uma pequena minoria de escravos africanos, apesar de ter sido duramente reprimido até ser completamente extinto no final do século XIX. Até o início do século XIX, os índios, na maioria dos leste do Brasil, haviam sido assimilados ou dizimados. Algumas tribos resistiram à assimilação e fugiram mais para oeste, onde eram capazes de manter as suas diversas crenças politeístas ou se restringiam a aldeamentos (reservas), onde eventualmente eram convertidos ao catolicismo.

DEUS SALVE O BRASIL!

FONTES:
  • Vainfas, Ronaldo. In: Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial (em português). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002;
  • Barman, Roderick J.. In: Roderick J.. Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891 (em inglês). Stanford: Stanford University Press, 1999;
  • Carvalho, José Murilo de. In: José Murilo de. D. Pedro II: ser ou não ser (em português). São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

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