quarta-feira, 25 de novembro de 2015

AS ARTES NO IMPÉRIO

A primeira missa no Brasil (1861), de Victor Meirelles (1832-1903). 
Museu Nacional de Belas Artes.

Segundo o historiador Ronald Raminelli, as "artes visuais passaram por grandes inovações no império, em comparação com o período colonial." Com a independência em 1822, a pintura, a escultura e a arquitetura foram influenciadas por símbolos nacionais e da monarquia, já que ambos ultrapassaram os temas religiosos em importância. O antigo estilo barroco anteriormente dominante foi substituído pelo neoclassicismo. Novos desenvolvimentos apareceram, como o uso do ferro na arquitetura e o aparecimento da litografia e da fotografia, o que revitalizou as artes visuais.

A criação da Academia Imperial de Belas Artes pelo governo em 1820 desempenhou um papel fundamental na influência e na expansão das artes visuais no Brasil, principalmente, ao educar gerações de artistas, mas também por servir como uma orientação estilística. As origens da Academia de Belas Artes estão na fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios em 1816, pelo português D. João VI. Seus membros — dos quais o mais famoso foi Jean-Baptiste Debret — eram emigrantes franceses que trabalhavam como pintores, escultores, músicos e engenheiros. O principal objetivo da escola era incentivar a estética francesa e o estilo neoclássico para que substituíssem o estilo barroco predominante. Atormentada pela falta de recursos desde a sua criação, a escola foi mais tarde renomeada "Academia de Belas Artes" em 1820 e, em 1824, recebeu o nome definitivo sob o império: Academia Imperial das Belas Artes.

Foi só depois da maioridade de Pedro II, em 1840, no entanto, que a Academia se tornou uma potência, parte do grande esquema de fomentar uma cultura nacional e, consequentemente, unir todos os brasileiros em um sentido comum de nacionalidade. Pedro II iria patrocinar o cultura brasileira através de diversas instituições públicas financiadas pelo governo (não restritas à Academia de Belas Artes), tais como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e Academia Imperial de Música e Ópera Nacional. Esse patrocínio estatal abriria o caminho não apenas para as carreiras dos artistas, mas também para aqueles envolvidos em outros campos, incluindo historiadores como Francisco Adolfo de Varnhagen, e músicos, como o compositor operístico Antônio Carlos Gomes. 

Na década de 1840, o romantismo tinha largamente suplantado o neoclassicismo, não só na pintura, mas também na escultura e na arquitetura. A Academia não resumia seu papel em simplesmente fornecer educação: prêmios, medalhas, bolsas de estudo em países estrangeiros, fundos eram usados ​​como incentivos culturais. Alguns dos seus funcionários e alunos foram alguns dos mais renomados artistas brasileiros, como Simplício Rodrigues de Sá, Félix Taunay, Manuel de Araújo Porto-Alegre, Pedro Américo, Victor Meirelles, Rodolfo Amoedo, Almeida Júnior, Rodolfo Bernardelli e João Zeferino da Costa. 

Na década de 1880, depois de ter sido considerado como o estilo oficial da Academia, o romantismo diminuiu e outros estilos foram explorados por uma nova geração de artistas. Entre os novos gêneros estavam a pintura de paisagem, cujos mais famosos expoentes eram Georg Grimm, Giovanni Battista Castagneto, França Júnior e Antônio Parreiras. Outro estilo que ganhou popularidade nos campos da pintura e da arquitetura foi o ecletismo.

O Grito do Ipiranga (1888), Pedro Américo (1843-1905). 
Museu Paulista

FONTES:
  • Schwarcz, Lilia Moritz. In: Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos (em português). 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998;
  • Vainfas, Ronaldo. In: Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial (em português). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

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