quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LITERATURA, POIS "NO IMPÉRIO NÃO HAVIA CULTURA"

Uma fotografia de 1858, mostrando os três maiores escritores romancistas brasileiros. 
Da esq: Gonçalves Dias, Manuel de Araújo Porto-alegre e Gonçalves de Magalhães

Nos primeiros anos após a independência, a literatura brasileira era ainda fortemente influenciada pela literatura portuguesa e seu predominante estilo neoclássico. Em 1837, Gonçalves de Magalhães publicou o primeiro trabalho do romantismo no Brasil, começando uma nova era no país. No ano seguinte, 1838, foi feito a primeira peça teatral encenada por brasileiros e com um tema nacional, que marcou o nascimento do teatro brasileiro. Até então, os temas eram muitas vezes baseados em obras europeias, mesmo que não fossem realizados por atores estrangeiros. O romantismo na época foi considerado como o estilo literário que melhor se ajustava à literatura brasileira, o que poderia revelar sua singularidade quando comparada à literatura estrangeira. Durante as décadas de 1830 e 1840, "uma rede de jornais, revistas, editoras e gráficas surgiram junto com a abertura de teatros em grandes cidades, o que poderia ser chamado, mesmo para a estreiteza de seu alcance, uma cultura nacional."

O romantismo teve o seu apogeu entre o final dos anos 1850 e início dos anos 1870, dividindo-se em vários ramos, incluindo o indianismo e o sentimentalismo. Por ser o estilo literário mais influente no Brasil do século XIX, muitos dos mais renomados escritores brasileiros eram expoentes do romantismo: Manuel de Araújo Porto-Alegre, Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, José de Alencar, Bernardo Guimarães, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida e Alfredo d'Escragnolle Taunay.

No teatro, o mais famoso romancista foi o dramaturgo Martins Pena, embora outros, como Joaquim Manuel de Macedo, também tenham alcançado a fama. Embora o romantismo brasileiro tenha encontrado seu lugar na literatura, não teve o mesmo sucesso no teatro, sendo que a maioria das peças executadas ou eram tragédias neoclássicas, obras românticas de Portugal ou traduções do italiano, francês ou espanhol. Como em outras áreas, o teatro era patrocinado pelo governo (após a abertura do Conservatório Dramático Brasileiro, em 1845), que tentava ajudar companhias de teatro nacionais com ajuda financeira em troca de encenarem peças em português.

As primeiras reações ao romantismo surgiram na década de 1870, mas seria só na década seguinte que novos estilos literários tomariam o seu lugar. O primeiro a aparecer foi o realismo, que tinha entre os seus mais notáveis ​​escritores nomes como o monarquista Joaquim Maria Machado de Assis e Raul Pompeia. Os estilos mais recentes que coexistiram com o realismo, como o naturalismo e o parnasianismo, eram ambos ligados à evolução do primeiro. Entre os mais conhecidos naturalistas estão Aluísio Azevedo e Adolfo Caminha. Entre os principais parnasianos estão Gonçalves Crespo, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac. O teatro brasileiro foi influenciado pelo realismo em 1855, décadas antes do impacto do estilo sobre a literatura e a poesia. Entre os dramaturgos realistas mais famosos estão José de Alencar, Quintino Bocaiúva, Joaquim Manuel de Macedo, Júlia Lopes de Almeida e Maria Angélica Ribeiro. 

Da década de 1850 até ao final do império, as peças brasileiras eram encenadas por companhias nacionais e continuaram a ser apresentadas ao público ao lado de peças estrangeiras. As artes cênicas do Brasil Imperial também abrangiam a realização de duetos musicais, danças, ginásticas e comédias. Com menos prestígio, mas mais populares entre as classes trabalhadoras eram os fantoches e os mágicos, assim como o circo, com suas companhias itinerantes que incluíam acrobatas, animais treinados, ilusionistas e outros tipos de artistas.

FONTES:

  • Vainfas, Ronaldo. In: Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial (em português). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002;
  • Barman, Roderick J.. In: Roderick J.. Brazil: The Forging of a Nation, 1798–1852 (em inglês). Stanford: Stanford University Press, 1988.

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