Quando o Imperador Dom Pedro II retornou ao seu Império em 25 de Setembro de 1877, após mais de um ano em viagem ao redor do Mundo, tendo visitado os EUA, Canadá, Europa e Oriente Médio, passando pela Dinamarca, Suécia, Finlândia, Rússia, o Império Otomano, Grécia, Terra Santa, Egito, Itália, Áustria, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Países Baixos, Suíça e Portugal, mais popular do que nunca no exterior e em seu próprio país, grandes festejos tinham sido planejados para a sua chegada.
Contudo, a satisfação do Imperador de retornar ao lar e ao seu povo foi diminuída pelas más notícias do Ceará, onde a fome rugia após prolongada seca. Dom Pedro cancelou as celebrações oficiais, dizendo que os fundos reservados para esse fim deviam ser empregados no trabalho de alívio aos flagelados. Apesar dos grandes gastos que tivera na viagem, pagos pelo seu próprio bolso, ele destinou parte da sua dotação para a mesma finalidade, visando mitigar os efeitos da seca. Durante uma reunião do Gabinete, o Barão de Cotegipe, João Maurício Wanderley, Ministro da Fazenda informou:
— Majestade, não temos mais condições de socorrer o Ceará. Não há mais dinheiro no Tesouro.
O Imperador baixou a cabeça durante alguns instantes, e depois disse com firmeza:
— Se não há mais dinheiro, vamos vender as joias da Coroa. Não quero que um só cearense morra de fome por falta de recursos.
Com esta frase formou-se uma Comissão Imperial, da qual foram geradas muitas obras públicas de construção de ferrovias e açudes, visando atenuar futuras secas e levando progresso à região afetada. Também foram discutidos planos mais ousados, como a abertura de um canal para levar água do Rio São Francisco para o Rio Jaguaribe, ideia esta ainda hoje polêmica e não implementada por completo. Com este exemplo, se mostra mais uma vez como o Imperador Dom Pedro II demostrou o papel exercido por um monarca ao povo e aos seus ministros, colocando os interesses e as necessidades da nação antes das suas.
Baseado em texto do livro “Revivendo o Brasil-Império”
Imagem: Retrato de D. Pedro II, 1876.
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