Decorrente de projeto de lei que a própria Princesa Imperial Regente participou com vários políticos, foi aprovada em tempo recorde na Assembleia Geral, seis dias de tramitação. A Câmara dos Deputados votou a Lei Áurea em dois dias, nas sessões de 9 e 10 de Maio, no Senado somente dois senadores se opuseram, o Barão de Cotegipe e Paulino de Sousa.
A Princesa Dona Isabel confiante que o projeto passaria no Senado desceu de Petrópolis para o Paço Imperial de trem ao meio dia, acompanhada do Conde d’Eu e dos Ministros Costa Pereira e Rodrigo Silva, chegando às 14 horas no Paço.
Com uma multidão de dez mil pessoas na frente do Paço Imperial a Princesa Imperial Regente no Salão do Trono recebeu de uma comissão de senadores liderada pelo Senador Sousa Dantas o texto da Lei transformado pelo calígrafo Leopoldo Heck. A Princesa assinou a Lei Áurea utilizando uma pena de ouro, cravejada com 27 diamantes e 28 pedras vermelhas, confeccionada especialmente para a ocasião e ofertada pelo povo Brasileiro à ela, com os dizeres “A Dona Isabel, a Redentora, o povo agradecido”, tendo no lado oposto o número e a data da Lei.
No meio do Salão do Trono repleto de deputados, senadores, ministros, embaixadores e personalidades do império, como membros da nobreza e abolicionistas, a Princesa fez um curto e emocionado discurso. O Povo em delírio invadiu o Paço quando o Deputado Joaquim Nabuco anunciou a abolição da escravidão às mais de 10 mil pessoas na Praça. Entre os invasores estava o jornalista abolicionista José do Patrocínio, que sem nenhuma resistência atirou-se aos pés da Princesa Regente em prantos de gratidão.
Em meio ao repicar de sinos e do espocar de foguetes, Dona Isabel, chamada pelo povo, apareceu na sacada do Paço onde foi aclamada pela multidão. Neste tempo, o Barão de Cotegipe, grande opositor à extinção do cativeiro, pelo colapso econômico que disso sobreviria, fitou a Princesa e disse:
“Vossa Alteza redimiu uma raça, mas perdeu seu trono!”
Em 16 de Novembro de 1889, no mesmo Salão do Trono onde um ano antes era aclamada, e, agora estava aprisionada pelos militares e esperava o exílio sem retorno, a Princesa Imperial Dona Isabel, consciente do justo e de seu papel como monarca, bateu com energia na mesa em que a subscrevera, e exclamou:
“Se tudo o que está acontecendo provém do decreto que assinei, não me arrependo um só momento. Ainda hoje o assinaria!”
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