A Casa de Bragança sempre teve um especial apreço pela música, porém se destaca entre seus membros o nosso Imperador Dom Pedro I.
Ao contrário de seu filho, Dom Pedro II, cuja paixão pelas artes e atividade como mecenas foi amplamente divulgada, é de pouco conhecimento o gosto pelas artes do nosso primeiro Imperador, que era exímio poeta, clarinetista e compositor, além de tocar muito bem flauta, fagote, trombone, cravo, rabeca e violoncelo e cantar modinhas, enquanto tocava pianoforte ou guitarra acústica. Como disse sua esposa a Imperatriz Dona Leopoldina, “Como meu esposo toca quase todos os instrumentos bem, eu o acompanho ao piano”.
Ainda em Lisboa, antes da transferência da Corte para o Brasil, Dom Pedro já era educado musicalmente pelo castrato italiano Giuseppe di Foiano Totti. No Brasil, teve como professores o Mestre de Capela da Sé, o Padre José Maurício Nunes Garcia, e a partir de 1811, o Compositor da Corte, Marcos António da Fonseca Simão, conhecido como Marcos Portugal, o mais célebre compositor lusitano, que o iniciou na composição musical e já era seu professor de música em Lisboa juntamente com Totti.
Em 1816, recebeu os ensinamentos do renomado compositor austríaco Sigismund von Neukomm, aprendendo harmonia, contraponto e aprimorando seus conhecimentos de composição. Neukomm havia sido tutorado por um dos pilares da música da virada do século XVIII para o XIX, o austríaco Joseph Haydn.
Em 1817, o Príncipe Real Dom Pedro compôs um hino, intitulado “Hino à Dom João VI”, como presente ao seu pai pela ascensão ao trono, tendo sido utilizado, possivelmente, como música patriótica contra os revoltosos na Revolução Pernambucana.
De tão bom clarinetista, tornou-se primeiro clarinete nas óperas de seu professor, Marcos Portugal, e na Orquestra da Corte. Dom Pedro em 27 de Março de 1821 teve um de seus Te Deum regido por Marcos Portugal e executado pelos músicos da Real Câmara. No mesmo ano, a então Princesa Real Dona Leopoldina enviou ao seu pai, o Imperador Francisco I da Áustria uma “Sinfonia e Te Deum”, possivelmente o mesmo regido por Marcos Portugal. Dona Leopoldina notou que seu marido havia escrito ele mesmo e sem ajuda, porém ressaltou o grande caráter teatral do Te Deum.
Já Imperador do Brasil, em 1822, Dom Pedro I, apaixonado por música, fundou na Real Fazenda de Santa Cruz uma escola de música para negros, única de seu tipo no Brasil, para através da música educar escravos e escravos libertos, que chegaram à maturidade musical executando óperas completas.
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